Contextualização da Ordem dos Templários:
A Ordem dos Templários, também conhecida como Ordem do Templo, Cavaleiros Templários ou Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, foi uma Ordem militar criada após o fim da primeira cruzada, com o fito de proteger os peregrinos cristãos no caminho até a Terra Santa.
A História da Ordem dos Templários está intimamente ligada, à História das Cruzadas. Em 1096 no Concílio de Clermont-Ferrand, o Papa Urbano II, convocada toda a Cristandade para uma Cruzada que visava a recuperação da Cidade Santa, Jerusalém. Após a conquista deste território aos muçulmanos, era necessário proteger os fiéis que deslocavam-se da Europa até o Médio Oriente. Era uma jornada perigosa até a Terra Santa, não só pelos ataques muçulmanos no Médio Oriente, mas essencialmente, pelos ataques de ladrões ao longo do percurso.
É neste contexto que em 1118 é fundada a Ordem dos Templários, por Hugo de Payens e mais oito cavaleiros, com o apoio do Rei Cristão de Jerusalém, Balduíno II. Em 1128, o Papa Honório II, aprovou oficialmente esta ordem. As Cruzadas e defesa da Terra Santa, rapidamente potenciaram a Ordem dos Templários, que cresceu tanto em número de membros como em poder. Construíram uma vasta infra-estrutura na Europa e Terra Santa, com castelos e fortificações.
De forma a alimentar, esta massiva infra-estrutura humana e edificada, a ordem tinha um segundo ramo, paralelo ao militar, responsável pelo desenvolvimento de uma rede de financiamento económico na Europa. Esta rede assemelhava-se ao sistema financeiro actual, e estava na base do poder templário. Existiam outras ordens militares, mas não possuem a mestria económica dos Templários, o que dificultava e limitava a sua acção do Médio Oriente.
Graças à prosperidade financeira, a Ordem dos Templários conseguia manter uma máquina de guerra, que crescia de ano para ano. Tornaram-se rapidamente a Ordem mais popular e influente junto do Papa e monarcas europeus. Durante o século XIII, a sua riqueza ultrapassada a da Santa Sé, e provavelmente dos reinos cristãos europeus, não raras vezes, os templários, concediam empréstimos aos diversos soberanos. O carácter transnacional da Ordem dos Templários favoreceu o seu enriquecimento, com posses um pouco por toda a Europa, numa espécie de ‘polvo’, cujos tentáculos expandiam-se pelo continente.
A popularidade desta Ordem é, perfeitamente justificada pela preponderância que tinha na defesa dos territórios no Médio Oriente, sem os templários, muito dificilmente os cristãos teriam mantido concessões no Médio Oriente durante boa parte da Plena Idade Média. Justamente por isto, a Ordem dos Templários, foi protegida, no decurso dos séculos XII e XIII, tanto pelo papado como pelas monarquias europeias, com privilégios, que nenhuma outra instituição na Época Medieval teve.
A Ordem atingiu um poder económico, militar e político, inimaginável na época, desvirtuando-se da sua missão inicial, ao aceitar membros sem uma, forte devoção cristã, que não levavam uma vida austera e que não defendiam, os cristãos e cristandade até a morte.
Quando os muçulmanos tomaram o último bastião cristão na Terra Santa, a cidade de Acre em 1291 aos Templários, levantou-se uma aura de desconfiança generalizada contra esta Ordem. Esta desconfiança acentuou-se, quando a Ordem dos Templários, rejeitou a entrada de Filipe, O Belo, monarca francês na instituição, por rejeitar abdicar do seu poder e riqueza. A partir deste momento a Ordem começou a ser perseguida em França. A 13 de Outubro de 1307, Filipe ordena a prisão de todos os templários, baseando esta acção com acusações de heresia, apoderou-se de todas as propriedades e bens da instituição, numa manobra que provavelmente pouco teve a ver com questões religiosas, mas sim de influência e enriquecimento da coroa franca.
Em 1312 foi infligido o golpe final na Ordem, o Papa Clemente V, dissolveu a Ordem. Em Março de 1314, o último Grão-Mestre da Ordem, Jacques de Molay, foi queimado na fogueira, acusado de heresia, tal como sucedera com milhares de membros da Ordem.
A Ordem dos Templários chegou ao Condado Portucalense, futuro reino de Portugal, em 1126 pela mão de Teresa de Leão, mãe de Afonso Henriques. Rapidamente a sua influência cresceu na região, auxiliando o Condado e posteriormente o reino português no processo de Reconquista.
A Ordem manteve-se em Portugal até a ordem de dissolução papal, respeitada parcialmente por D. Dinis, que extinguiu a Ordem em Portugal, mas pediu autorização ao Papa para criar uma nova ordem – Ordem de Cristo, com as propriedades e bens dos Templários. A nova Ordem foi estabelecida em 1319, vários antigos membros dos templários, que haviam sobrevivido à purga na Europa, refugiaram-se no Reino de Portugal.
Através de diversas lendas e mitos sobre a Ordem dos Templários, a instituição e membros, ficaram para sempre no imaginário e misticismo popular, essencialmente sobre aquilo que possam ter descoberto, durante as suas escavações em Jerusalém. Actualmente este misticismo templário é, recorrente em obras de ficção, tanto literário como cinematográfica.
References:
BERLIOZ, Jacques; Monges e Religiosos na Idade Média, Terramar, 1999
LEBRUN, François; As grandes datas do cristianismo, Editorial Notícias, 1992