Biografia de Manuel I:
Manuel I de Portugal era filho do Duque de Viseu, Fernando, e Beatriz de Portugal, herdou o trono após promessa de João II, a 25 de Outubro de 1495, reinando até a sua morte, a 13 de Dezembro de 1521. Nasceu em Alcochete, a 31 de Maio de 1469, casou-se com Isabel de Aragão e Castela, Maria de Aragão e Castela e Leonor da Áustria. O príncipe herdeiro, João III, nasceu da união com Maria.
Manuel I, em condições normais não teria direito ao trono português, era neto de Duarte I de Portugal. Durante a sua juventude, presenciou o clima de instabilidade no reino, com constantes conflitos entre a aristocracia e João II, que tentava a centralização do poder. Após o assassinato do irmão mais velho, Diogo, às mãos de João II, tornou-se no quinto conde de Viseu. Em 1493, e após a morte, de Afonso, Príncipe de Portugal, e falha por parte do soberano em legitimar, o seu filho ilegítimo, Jorge, Manuel é nomeado por João II, seu sucessor.
Após a morte de João II, Manuel I sucedeu-o em 1495. Durante o seu reinado, em 1498, Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia; Pedro Álvares Cabral o Brasil em 1500; Afonso de Albuquerque, Almirante aa marinha, garantiu o controlo sobre as rotas comerciais, no Golfo Pérsico e Oceano Indico, assegurando para Portugal, o controlo e exclusividade do comércio com o Oriente. Em terra, Albuquerque conquistou Malaca, Ormuz e Goa. Estas descobertas, expansão territorial e comercial, surgiram no seguimento do trabalho desenvolvido por João II.
Manuel I criou uma política de absolutismo régio, mas contrariamente ao seu antecessor, não antagonizou as classes mais privilegiadas nesse processo, pretendia um reino coeso e focado na formação de um Império Comercial, o apoio da nobreza era fulcral, para este propósito, restituiu alguns privilégios perdidos com João II.
O foco essencial da acção governativa de Manuel I era a Índia, a sua exploração, e rentabilização económica. Para o efeito, cria o cargo de Vice-rei da Índia, nomeando inicialmente para o cargo, Francisco de Almeida.
Foram estabelecidas relações diplomáticas e económicas com a China e a Pérsia, e a conquista de mais algumas praças no Norte de África, como Agadir ou Safim. Portugal assumia-se na viragem do século XVI como a grande potência do continente europeu, atingindo uma riqueza incomparável no espectro cristão. Essa riqueza ficou bem vincada, na embaixada enviada em 1514, por Manuel I ao Papa Leão X, demonstrativa das imensas riquezas de Portugal, em jóias, tecidos, ou animais raros, como um cavalo persa, um elefante e rinoceronte.
As enormes riquezas de Portugal, durante a governação de Manuel I, ficaram igualmente demonstradas pelas diversas edificações, como o Mosteiro dos Jerónimos, e a Torre e Belém, inaugurando um novo estilo arquitectónico, o Manuelino. Lisboa como Capital de um vasto Império atraia, comerciantes, estudiosos, cientistas e artistas de toda a Europa, tornando-se o centro cultural e científico do Velho Continente.
A nível interno, Manuel I libertou o país do cariz medieval, trabalhado iniciado já com João II. Reformou a justiça, que culminaria com a criação das Ordenações Manuelinas e promoveu uma reestruturação do sistema tributário. Foram criados novos forais, que substituíam e actualização os antigos; nova uniformização de pesos e medidas; criação de novas instituições administrativas do reino e Império, como o Regimento das Ordenações da Fazenda, o Regimento dos Contadores das Comarcas, ou as Ordenações da Índia. Estas transformações modernizaram o reino, e procuravam dotá-lo dos mecanismos necessários para administrar um território em franca expansão.
De forma a agradar os Reis Católicos de Espanha, e em consequência do acordo celebrado com estes, aquando do casamento de Manuel I com Isabel de Aragão e Castela, o soberano português teve uma política de perseguição religiosa às comunidades judaicas e muçulmanas no reino. O ponto alto desta perseguição foi, o Massacre de Lisboa de 1506, resultando na morte, segundo diversas fontes, de entre centenas a milhares de judeus. Seguidamente verificou-se uma conversão forçada ao cristianismo.
Manuel I foi, dos governantes mais capazes e influentes que Portugal teve, levou o Império a atingir o seu apogeu, e reformou o país de forma, a dotá-lo dos mecanismos necessários para prosperar, e resistir às investidas de potências estrangeiras.
References:
THOMAZ, Luís Filipe R; De Ceuta a Timor,, Difel, 1994
BETHENCOURT, Francisco; CURTO, Diogo Ramada, dir.; A Expansão Marítima Portuguesa (1400-1800), Edições 70, 2010