Enquadramento da Unificação da Alemanha:
O Unificação da Alemanha foi o processo económico, social e politico que levou à formação da Alemanha enquanto estado-nação no decorrer do século XIX.
Após a desfragmentação do grande Império Carolíngio, através do Tratado de Verdun assinado pelos netos de Carlos Magno, é formado o Sacro Império Romano com as concessões germânicas do antigo regime imperial Carolíngio. Boa parte dos territórios actualmente alemães permaneceu na esfera de influência ou domínio territorial do Sacro Império até o início do século XIX.
A unidade alemã foi quebrada durante as guerras napoleónicas. Algumas províncias germânicas apoiaram as forças francesas de Napoleão contra o Sacro Império Romano. Após a derrota germânica o último Imperador Francisco IV abdicou do direito ao trono a 6 de Agosto de 1806, levando à fragmentação da nação germânica.
Embora cada cidade ou região emergente desta fragmentação possuísse uma estruturação social, legislativa, económica e política própria, partilhavam uma origem identitária comum assente essencialmente na História e língua (alemão).
A queda do Sacro Império provocou a formação de mais de trinta entidades governativas independentes. Rapidamente começaram a surgir alianças entre os estados germânicos, assentes em pressupostos económicos ou religiosos (protestantes ou católicos). Dos diversos estados germânicos destacaram-se a Prússia e a Áustria.
A Prússia baseava o seu poder nos novos paradigmas financeiros de desenvolvimento económico assente na Burguesia, a Áustria defendia um modelo económico agrícola tradicionalista de protecção de bens e propriedades da aristocracia.
Nos anos trinta do século XIX, a Prússia lançou um acordo económico de livre circulação entre os estados germânicos aliados, conhecido como Zollverein. Este novo paradigma comercial prussiano alicerçado na Liga Hanseática provocou, uma forte recessão económica na coligação Austríaca cujo incremento económico era impulsionado pelo proteccionismo. O fim das barreiras e taxas alfandegárias, promovido pela Prússia, causou a falha do sistema proteccionista austríaco.
Gradualmente no seio da sociedade prussiana e mais concretamente na Burguesia emergia o sentimento de unidade germânica. Este sentimento burguês era motivado pelo desejo de plena implementação do capitalismo. Pela clara diferença dogmática e ideológica entre a Prússia e a Áustria, a última não fazia parte do movimento de unificação germânico-prussiano. Este separatismo pretendia segregar as forças aristocráticas e tradicionalistas, que poderiam colocar entraves ao modelo capitalista prussiano.
Mediante a evolução económica vários estados germânicos aliaram-se à Prússia, dando assim início ao processo de reunificação. Em 1864 o Chanceler prussiano Otto von Bismarck declarou guerra à Dinamarca, recuperando alguns territórios perdidos pelos estados germânicos aquando da Conferência de Viena – realizada após a derrota de Napoleão, pretendia reorganizar o mapa politico europeu.
Seguidamente a Prússia derrota militarmente a Áustria, reafirmando no espectro bélico a sua prevalência no mundo germânico. O sistemático incremento de poder prussiano levou a um conflito com a França. Bismarck tinha preparado o exército para este choque, o que potenciou a rápida resolução da guerra em favor dos prussianos.
Os estados germânicos ‘não aliados’ com a Prússia ou que aliaram-se com a França rapidamente proclamaram o monarca prussiano Guilherme I com Kaiser – Imperador da Alemanha. A Unificação da Alemanha levada a cabo pela dupla Guilherme i/Bismarck levou à formação do II Reich em 1871.
A Áustria manteve-se excluída deste processo de Unificação da Alemanha, seria apenas no decurso da regência nazi da Alemanha, que todo o mundo germânico estaria sobre a mesma bandeira. A derrota nazi e fim da Segunda Guerra Mundial restituíram a independência austríaca.
References:
BAYCROFT, Timothy; O Nacionalismo na Europa 1789/1945, Lisboa, Temas e Debates, 2000
BAYLY, C.A. ; The Birth of the Modern Worl, 1780-1914, Oxford, Blackwell, 2004