A Época moderna, assim como as restantes épocas históricas, são enquadramentos temporais que, segundo os historiadores provocaram grandes alterações na estrutura política, económica, social, territorial em determinado momento, e que permitem avaliar, interpretar e demarcar épocas históricas.
A Época moderna iniciou-se, com a Conquista de Constantinopla e consequente queda do Império Bizantino, pelo Império Otomano em 1453. Embora esta seja a data mais aceite pela historiografia, outros historiadores consideram outras datas para o início desta época. A conquista de Ceuta em 1412 pelos portugueses, dando inicio à expansão europeia para territórios muçulmanos, era elucidativa da capacidade que os europeus demonstravam, em impor-se perante os árabes. A Descoberta de novos territórios e rotas marítimas, como a chegada de Cristóvão Colombo às Américas em 1492, ou a Chegada de Vasco da Gama à Índia em 1498. Consensual é a data de término desta época, 1789, com a Revolução Francesa.
A Idade moderna, tempos modernos, são outras formas de designar a época moderna, caracterizou-se por uma transformação total dos paradigmas, culturais, religiosos, científicos, políticos, económicos, geográficos e quotidianos das populações. Marcou uma profunda transição dos padrões da época medieval, e estabeleceu as bases a praticamente todos os níveis do mundo que vivemos e conhecemos actualmente.
A modelo económico da época medieval centrava-se no sistema feudal, com a época moderna esse sistema rompeu-se por completo com a implementação do capitalismo e da globalização. A maior estabilidade interna e externa dos estados, o surgimento de sistema bancário, que possibilitava a pessoas comuns empreenderam projectos, a descoberta de novos territórios e rotas de navegação que permitiam contornar as rotas existentes e aumentar assim, a concorrência, eliminado intermediários como o Império Otomano no comércio com o Oriente, o homem no centro da vida das populações, não Deus como ocorria na época medieval foram factores que contribuíram para a ascensão e consolidação de um novo modelo económico, assenta na obtenção de o maior proveito possível e numa escala universal. O mundo deixou de ter barreiras e possibilitou a emergência de uma nova classe social assente no comércio – a burguesia.
Descobertas e expansão na época moderna:
Para este globalizar económico, foram essenciais as Descobertas, a expansão marítima e posteriormente colonização de novos espaços, O reino de Portugal foi pioneiro neste processo, primeiro com a conquista de novos territórios aos muçulmanos no Norte de África, e posteriormente, com a contínua exploração da costa africana no decorrer no século XV, que permitiria a descoberta do caminho marítimo para a Índia em 1498 por Vasco da Gama.
Numa tentativa de rivalizar com Portugal na chegada à Índia, os Reis Católicos de Espanha, concordaram em patrocinar o empreendimento de Cristóvão Colombo, que pretendia chegar à Índia navegando para Ocidente, mas acabaria por descobrir um Novo Mundo (1492) – as Américas. Inicialmente Colombo sugeriu patrocínio ao Reino de Portugal, mas foi rejeitado, alguns historiadores defendem que esta rejeição deveu-se ao facto de que, Portugal já teria conhecimento destes territórios.
Com estas descobertas estavam reunidas as condições para a Europa imergir como centro politico, cultural e económico do mundo. Com as Descobertas, surgiu também a colonização dos novos territórios, na maioria das vezes violenta, e que conduziu muitas vezes, à quase total aniquilação dos indígenas como sucedeu na América colonizada pelos espanhóis. A exploração económica das colónias requeria uma força de trabalho gigantesca, desta necessidade emerge a escravatura e comércio de escravos de África para as Américas.
Os holandeses e os ingleses surgiram posteriormente, mas foram fundamentais para o estabelecimento de uma rede global de comércio – globalização.
Religião:
Juntamente com a escravatura foi iniciado um processo de evangelização forçada por parte da Igreja católica, dos novos espaços. A igreja perdeu gradualmente influência na Europa, o Vaticano viu a sua influência sobre os reinos cair gradualmente sobre o peso da expansão territorial e económica, a Reforma Protestante, que originou novos movimentos cristãos como o Luteranismo, Calvinismo e o Anglicanismo, foi outro golpe na hegemonia intelectual cristã controlada pelo papado. Em resposta a Igreja católica criou a contra-reforma, assente na Inquisição – sistema jurídico da Igreja para combater a heresia, e que condenou à morte um número infindável de pessoas.
A perda de influência da Igreja em termos políticos é, bem visível na ascensão de um novo género político, o absolutismo. Nesta nova forma de exercer poder, o monarca tinha poder absoluto, não estava restringido pelas normas e influência que anteriormente o papado exercia sobre os reinos.
Cultura:
Na época moderna ressurgiu um interesse pela época clássica (greco-romana), com o despertar cultural assente na centralização do homem relativamente ao universo em detrimento da visão cultural medieval de centralização divina, foram verificados grandes progressos em todas as áreas, na pintura, na escultura, na arquitectura, no teatro, na escrita com grandes mestres como Luís de Camões (poeta), Gil Vicente (teatro), Leonardo da Vinci (inventor, matemático, escultor, pintor) ou Donatello (escultor), entre muitos outros. A este ressurgimento cultural e cientifico, é chamado Renascimento.
As grandes navegações e Descobertas, as evoluções a nível cultural, económico, ao nível científico e criação de condições para a globalização e rede mundial que temos actualmente, foram estabelecidas na época moderna. Existiram de igual forma aspectos negativos, a escravatura, a evangelização e colonização forçadas, provocaram a morte de milhões de pessoas um pouco por todo o mundo. A violência tal como a economia e conhecimento, também se globalizou.
References:
BRAUDEL, Fernand ; Civilização Material, Economia e Capitalismo, Dom Quixote, Nem Martins 1990
GODINHO, V. Magalhães; Os descobrimentos e a economia mundial, Presença, 1983