Biografia de Chalana
Chalana foi um dos melhores futebolistas nacionais de todos os tempos, sendo uma referência no Benfica e na Selecção Nacional da década de 70 e 80.
Nasceu a 10 de Fevereiro de 1959, na cidade do Barreiro no seio de uma família humilde e desde muito novo já se fazia notar o seu talento e técnica com a bola nos pés. Ainda foi tentado a seguir para o atletismo, mas Chalana era muito bom a correr… com a bola nos pés. Quando tinha 14 anos foi às captações do Grupo Desportivo da CUF e após ter sido recusada a sua integração, conseguiu lugar no Barreirense, onde fez pouco mais de seis jogos e é contratado pelo Sport Lisboa e Benfica que se antecipara ao Sporting. Ao contrário do que seria de esperar, os pais não ficaram muito felizes com essa mudança porque nem Chalana nem os pais tinham sido consultados nesta decisão e nem lhes era dada nenhum valor pela transferência. Ainda assim, os pais deram-lhes a autorização necessária para a mudança, isto porque Chalana, ainda, era menor de idade. Tinha uma habilidade fora do comum para um rapaz tão jovem, uma técnica com os dois pés, mas sobretudo com o pé esquerdo que o fazia inventar jogadas, criar espaços e no drible deixar os seus adversários para trás. Os adeptos benfiquistas sabiam que podiam contar com Chalana para os levar às vitórias.
Em Março de 1976, estreia-se pela equipa principal das águias depois de ter estado nos dois anos anteriores nos juniores do Benfica. Contudo, só na época seguinte, 76/77 é que fez parte em definitivo do principal plantel encarnado, pela mão do treinador John Mortimore, sendo decisivo na conquista do título de campeão nacional com alguns golos que ditaram a vitória do clube da Luz. Sempre peça importante nos desequilíbrios e no sistema ofensivo do Benfica, Chalana foi sempre um dos indiscutíveis do clube ao longo dos anos, interrompido apenas na época de 79/80 em que sofreu uma grave lesão. Mas voltou mais forte e na época seguinte (80/81) levou os encarnados a mais um título, assim como em 82/83 e 83/84. Tornara-se uma coqueluche e um símbolo dos adeptos do clube e na selecção alargava a sua influência, junto de outros elementos de carácter forte que conseguiram passar a fase de qualificação para o Campeonato Europeu, em 1984. E o Europeu foi sensacional para as cores lusas e, em especial, para Chalana. Tinha a confiança e os índices físicos ideais para enfrentar essa fase, depois de ultrapassada a questão de renovação do contrato com o clube encarnado. A sua capacidade técnica, de corrida veloz e de desequilibrar num curto espaço do terreno de jogo fizeram-se evidenciar nos jogos que decorreram em França e isso chamou à atenção de muitas equipas estrangeiras. Os franceses ficaram encantados com as qualidades de Chalana e como tinha a aparência similar à de Astérix criou, ainda, mais empatia junto dos francófonos. E o que aconteceu foi que o Bordeús, equipa que na altura foi a base da selecção francesa campeã europeia que contava com Platini, Tigana e Giresse, por exemplo, contratou o extremo português e assim ficava uma equipa de sonho. Mas, o português não conseguiu destilar o mesmo perfume futebolístico como tinha feito no Benfica. As sucessivas lesões e os tratamentos deficientes do corpo clínico do clube fizeram com que o português pouco conseguisse jogar e conseguisse impor em França, o que gerou alguns conflitos com os dirigentes do Bordéus. Com isso, voltava ao Benfica em 87/88, ainda que a começasse debilitado. No dia 17 de Outubro de 1987 viveu um dos momentos inesquecíveis pelo clube, isto porque entrou a pouco mais de 10 minutos para o fim, mas desde que começou o jogo, os adeptos pediam a entrada do pequeno grande jogador e quando entrou, o Estádio aplaudiu em uníssono, colegas e adversários incluídos, e Chalana entrava no recinto de jogo em lágrimas para o que restava da partida. Na época seguinte, voltava a grande nível sendo um dos indiscutíveis de Toni e de Jesualdo Ferreira no inicio de época, mas voltou a baquear fisicamente, embora nesse ano, os benfiquistas tenham chegado a mais um título. Em 89/90 fez poucos jogos num Benfica que se tornou, novamente, campeão. No final dessa época, foi dispensado do clube encarnado e Chalana foi para o Belenenses, onde fez catorze golos mas não evitou a descida do clube da Cruz de Cristo. Terminou a carreira, em 91/92, no Estrela da Amadora na II Divisão, onde já fez muito poucos jogos. Desde que terminou a carreira, integrou a estrutura do futebol do Benfica, sendo campeão de juniores, em 99/00 e treinador interino da equipa principal nos anos de 2002/2003 e 2007/2008.