A agricultura é uma atividade económica que permanece importante em Portugal; porém, mais pelo emprego, pela ocupação do espaço e pela multifuncionalidade, da produção de bens à conservação das paisagens e do ambiente e à preservação de valores culturais, do que propriamente pelo valor relativo do produto, expresso, por exemplo, no PIB (Produto Interno Bruto).
Quando abordamos a agricultura portuguesa, importa aliás alargar a sua fronteira, para além da silvicultura, às indústrias agroalimentares e às da madeira, da cortiça, da celulose e da pasta de papel.
A modernização da agricultura a nível nacional tem sido lenta e/ou desigual (ao nível: dos ramos, das unidades de produção e das regiões), com os inerentes custos de dependência de importações alimentares e défices na balança comercial, de mediocridade de rendimentos e condições de vida dos que dela dependem diretamente, de abandono, de despovoamento de territórios e da degradação desordenada de largos espaços.
A agricultura portuguesa apresenta condições ambientais e/ou históricas que favoreceram o desenvolvimento de algumas produções de cariz mediterrâneo, como por exemplo, o vinho, o azeite, as hortícolas e as hortoindustriais e algumas leguminosas, como o milho e o arroz nos regadios e em terrenos facilmente alagados, os ovinos e os caprinos (até os suínos) em sistemas pastoris. Por outro lado, a agricultura portuguesa marginalizou para níveis inferiores culturas como o trigo (principal cereal de pão e que fora beneficiário de medidas de política específica), o leite, a manteiga, a carne de bovino, bem mais importantes na Europa Atlântica e na Europa Continental do que na Europa Mediterrânea.
Na atualidade, o setor agrícola português ainda persistem grandes debilidades, problemas e/ou desafios que ainda não se conseguiram solucionar, nomeadamente, a insuficiente produtividade de muitos ramos de produção (insuficiências de produção nacional são particularmente sentidas nos cereais, nas carnes e nos frutos) com claras desvantagens concorrenciais relativamente a congéneres comunitários e também mundiais; o baixo grau de auto abastecimento alimentar do país, que se reflete num importante défice comercial, sendo ramos de exceção, pela aproximação entre oferta e procura, o arroz e os ovos, e pelos excedentes, do leite e da manteiga (mas não o queijo), dos produtos hortícolas (sem a batata), dos frutos de casca rija e sobretudo do vinho.
A evolução da agricultura portuguesa nas últimas décadas foi, todavia, muito mais condicionada por determinantes e/ou normas externas, sobretudo comunitárias, designadamente, pela Política Agrícola Comum (PAC), do que por determinantes e/ou normas internas (Política Agrícola Nacional). As manifestações dessas novas influências são de facto numerosas, nos cultivos e nas rotações, nos métodos e nas técnicas, nos arranjos dos campos e aldeias, nas paisagens, nos efetivos animais, nas estruturas familiares, económicas e sociais, nos sistemas de venda, nas qualidades e nas formas de apresentação das ofertas finais.
As condicionantes externas na agricultura portuguesa também são visíveis nas diferenças de modernização, a que não são estranhos os referenciais de produção reconhecidos pela União Europeia (Bruxelas), nomeadamente, a banalização e a rigidez das quotas; a valorização desigual dos diversos ramos, acompanhada por diferentes tipos de constrangimentos e sobretudo de apoios, extensíveis a algumas zonas de cultivo e até a certas amenidades; as facilidades de acesso e de distribuição.
Apesar do atraso da agricultura portuguesa importa salientar que as principais culturas em Portugal por hectares ocupados são a uva para o vinho, a azeitona para o azeite e a laranja (especialmente na região NUTS II do Algarve).
References:
Referências Bibliográficas:
- Comissão Europeia Direcção-Geral de Agricultura (2003). Situação da Agricultura em Portugal, pp. 1-75.
- INE (2011). Estatísticas Agrícolas 2010, pp. 10-116.