As fibras alimentares, também chamadas fibras dietéticas, são materiais presentes em alimentos predominantemente de origem vegetal que são indigeríveis, isto é, não são digeridas (degradadas) nem absorvidas no intestino delgado.
Todos os alimentos de origem vegetal contêm algum tipo de fibra. Já os produtos alimentares de origem animal não possuem qualquer tipo de fibra (exceto a quitina encontrada na casca (exosqueleto) dos crustáceos que normalmente não é consumida)
As fibras alimentares são compostas por uma diversidade de materiais:
a) a maioria das fibras alimentares é constituída por polissacáridos complexos não amídicos e indigeríveis como, por exemplo, a celulose, a hemicelulose, as pectinas, gomas e os frutanos
b) também existem algumas fibras na forma de oligossacáridos.
c) a lenhina é a única fibra alimentar de origem vegetal que não é um glúcido;
d) existe ainda fibras de origem não vegetal como a quitina e o quitosano.
As fibras alimentares não são degradadas no intestino delgado porque o corpo humano são produz enzimas digestivas que sejam capazes de degradá-las. Todavia quando as fibras alcançam o intestino grosso (cólon) são parcialmente fermentadas por bactérias que constituem a microbiota intestinal.
As fibras alimentares são classificadas como fibras solúveis ou insolúveis e desempenham funções distintas:
a) as fibras solúveis como, por exemplo, a pectina são viscosas e facilmente fermentáveis no cólon;
b) as fibras insolúveis apresentam uma fermentação limitada no cólon e contribuem para o aumento do volume do bolo fecal.
O consumo de fibras está associado a um menor risco para o desenvolvimento de doença coronariana, hipertensão, obesidade, diabetes e cancro de cólon.
Tipos de fibra
As fibras podem ser divididas em:
a) Polissacáridos não amídicos que incluem:
- A celulose que é o componente mais comum das paredes celulares das plantas. Encontrado em cereais integrais e farelo;
- A hemicelulose forma uma matriz na qual estão as fibras de celulose estão intercaladas. Estes polissacáridos incluem arabinogalactanos, β-glicanos, arabinoxilanos, glicuronoxilanos, xiloglicanos e galactomananos;
- As gomas e mucilagens são fibras que formam géis encontram-se em algumas sementes e algas e são usadas pela indústria alimentar para engrossar, estabilizar e conferir textura a molhos, sobremesas e recheios;
- As pectinas são polissacáridos ramificados comuns em frutas como a maçã. Conferem consistem às frutas e vão se degradando em monossacáridos à medida que a fruta amadurece. Formam géis e também são usadas na indústria alimentar para conferir firmeza às compotas, às geleias e aos molhos;
- Os frutanos que incluem a inulina e a levana. São extraídos da raiz da chicória e promovem o crescimento de bifidobactérias.
b) Fibras vegetais que não pertencem ao grupo dos hidratos de carbono como é o caso da lenhina e que, pelo contrário, é um polímero de fenilpropano. É uma substância que constitui os materiais lenhosos (e daí o seu nome) das plantas.
c) Fibras de origem não vegetal que incluem a quitina e o quitosano. Encontrados nos cogumelos, leveduras e na casca dos camarões. São sobretudo consumidos na forma de suplementos.
Fibras solúveis e insolúveis
As fibras solúveis dissolvem-se em água o que leva à formação de géis viscosos. Incluem as pectinas, as gomas, as mucilagens e algumas hemiceluloses, que formam um gel quando misturadas com água. Elas são encontradas especialmente em frutos, hortícolas, leguminosas e alguns cereais como a aveia, a cevada ou o centeio.
As fibras solúveis contribuem para o aumento do tempo de digestão no estômago e no intestino delgado e para a diminuição da quantidade de colesterol absorvido.
As fibras solúveis são fermentadas pela microbiota do intestino grosso, permitindo a proliferação de bactérias benéficas.
As fibras insolúveis incluem a celulose, a maioria das hemiceluloses e lenhina, que conferem rigidez às plantas e captam pouca água o que leva à formação de misturas de baixa viscosidade. Elas são encontradas especialmente em cereais integrais e produtos hortícolas.
As fibras insolúveis contribuem para o aumento do volume e fluidez das fezes e da mobilidade intestinal.
O consumo excessivo de fibras insolúveis limita a absorção de ferro, cálcio e outros nutrientes, podendo originar carências nutricionais.
References:
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