Conceito de Alvéolo
O termo Alvéolo designa um pequeno saco de paredes finas cheio de ar e rodeado de vasos sanguíneos, que se encontra nos pulmões dos vertebrados. É o local de troca de oxigénio e dióxido de carbono entre o ar e o sangue durante a respiração.
Os alvéolos localizam-se nos bronquíolos e constituem as porções terminais da árvore brônquica. Formam pequenos sacos cuja abertura encontra-se na continuidade do lúmen das vias respiratórias. O número de alvéolos vai aumentando ao longo do ducto alveolar, agrupando-se, na porção terminal, em cachos constituídos unicamente por alvéolos.
A parede do alvéolo é constituída por uma fina camada de células epiteliais que se apoia numa rede frouxa de tecido conjuntivo na qual existe uma vasta rede de capilares sanguíneos. Dois alvéolos adjacentes estão separados por uma única parede alveolar, chamada septo interalveolar. O septo interalveolar encontra-se revestido por células de dois tipos:
– Os pneumócitos do tipo I: Células achatadas dispostas em duas camadas, separadas pelo tecido conjuntivo, que permitem a troca de gases e revestem mais de 95% da superfície alveolar. Os pneumócitos do tipo I ligam-se uns aos outros através de desmossomas e formam junções de oclusão, criando desta forma uma barreira que impede a entrada de líquido extracelular para o interior dos alvéolos;
– Os pneumócitos do tipo II: Células cuboides que se localizam entre os pneumócitos do tipo I e formam apenas 5% da superfície alveolar. Estas células produzem uma substância tensioativa, chamada surfatante pulmonar, rica em fosfolípidos, que reveste toda a superfície alveolar e cuja principal função é a redução da tensão superficial permitindo a fácil dilatação do alvéolo, não sendo assim necessário exercer demasiada força na inspiração.
No feto humano, a produção de surfatante inicia-se por volta da 24ª semana de gravidez e é proporcional ao tempo de gestação, atingindo o seu pico máximo por volta da 37ª semana. Os recém-nascidos prematuros, com pulmões imaturos deficientes em surfatante (quer em termos de quantidade quer na sua composição) desenvolvem frequentemente o síndrome da angústia respiratória do recém-nascido (SAR), uma patologia potencialmente letal.
A camada de surfatante é renovada de forma contínua, sendo reabsorvida pelos dois tipos de pneumócitos por pinocitose e pelos macrófagos alveolares.
Os macrófagos alveolares, também chamados células de poeira, estão presentes no lúmen do alvéolo. Garantem não só a fagocitose do surfatante, permitindo assim a sua constante renovação, como também a de partículas e microrganismos que penetraram no alvéolo com o ar inalado. Os macrófagos carregados de material fagocitados abandonam os pulmões passando para os vasos linfáticos ou migrando para a árvore brônquica para serem expelidos com o muco na deglutição e na expetoração.
A presença de poros nalgumas paredes alveolares permite a circulação do ar de um alvéolo para outro. Esta característica é muito importante pois permite que em caso de obstrução de um bronquíolo ou de um alvéolo (devido a uma doença por exemplo) o ar possa circular entre alvéolos adjacentes.
A troca do oxigénio (O2) presente no ar dos alvéolos pelo dióxido de carbono (CO2) nos capilares alveolares faz-se por difusão através de uma barreira muito fina, a barreira hematoaérea, com cerca de 1,5 µm e constituída pelo surfatante, pelo pneumócito do tipo I, pelas lâminas basais do pneumócito do tipo I e do capilar (que formam geralmente uma única estrutura chamada membrana basal) e pelo endotélio do capilar.
Estima-se que os dois pulmões contenham cerca de 300 milhões de alvéolos, cada um com uma superfície de aproximadamente 0,002 mm2, fornecendo assim uma superfície total dedicada à troca de gases de cerca de 140 m2.
Outros tipos de alvéolos
Em biologia, o termo alvéolo também designa outras estruturas. Por exemplo, cada uma das células hexagonais nos favos das abelhas. Estruturas construídas com a cera secretada pelas glândulas ceríferas das abelhas operárias; A cavidade onde se aloja a raiz do dente, ou ainda, a porção terminal do ducto de algumas glândulas exócrinas.
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