Adrenalina, também conhecida como epinefrina, é principalmente um medicamento e uma hormona.
Formação
A adrenalina é formada no corpo a partir do aminoácido tirosina por meio de um processo de quatro passos descritos a seguir: 1) a tirosina é hidroxilada a L-DOPA pela enzima tirosina-hidroxilase; 2) de seguida a L-DOPA é descarboxilada a dopamina; 3) uma hidroxilação secundária produz a norepinefrina; 4) por fim a metilação do grupo amina da norepinefrina leva á produção da epinefrina. Esta hormona pertence á família das catecolaminas.
Hormona
É segregada principalmente pelas glândulas adrenais e certos neurónios, e funciona principalmente para aumentar o débito cardíaco e os níveis de glicose no sangue. A adrenalina normalmente é libertada durante o stress agudo, e os seus efeitos estimulantes fortalecem e preparam um indivíduo para uma resposta de “lutar ou fugir”, aumentando o fluxo sanguíneo para os músculos e dilatação da pupila. A epinefrina está intimamente relacionada com a estrutura da norepinefrina (noradrenalina), diferindo apenas na presença de um grupo metilo na cadeia lateral de azoto. Em ambas as substâncias, o grupo amina (contendo azoto) está ligado a um grupo catecol (um anel de benzeno com dois grupos hidroxilo).
Efeitos no fígado
A síntese e degradação do glicogénio ocorre nas células do fígado. É aqui que a hormona insulina (principal hormona responsável pela conversão de glicose em glicogénio) actua para diminuir a concentração de glicose no sangue. A insulina estimula a síntese de glicogénio; inibindo assim a degradação de glicogénio. A epinefrina, por outro lado, é uma das duas principais hormonas (a outra é o glucagon) que degrada o glicogénio. A epinefrina liga-se ao receptor das células do fígado permitindo a activação da proteína G. Esta activação da proteína G provoca a quebra do ATP em AMP cíclico, que por sua vez activa a proteína cinase, a qual ativa a enzima fosforilase catalisando a degradação do glicogénio em glicose.
Efeitos no músculo liso
O relaxamento e a contracção das células musculares lisas (por exemplo, coração, artérias e veias) são controlados através de receptores de adrenalina. A contracção ocorre através da ligação da calmodulina aos iões de cálcio quando a concentração é dez vezes maior do que o normal na célula. De seguida este complexo activa a cadeia leve da miosina-quinase (MLCK) causando a contracção. A ligação da epinefrina aos receptores de adrenalina leva á produção de AMP cíclico de ATP, que por sua vez leva á fosforilação do MLCK. Isto tem menor afinidade para o complexo cálcio-calmodulina tornando-se inactivo, relaxando assim o tecido muscular liso. Por esta razão, a epinefrina é utilizada em pacientes com paragens cardíacas, asma e choque anafilático.
Medicamento
Jokichi Takamine isolou pela primeira vez a adrenalina em 1901, esta encontra-se na Lista de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial de Saúde, o medicamento necessário mais importante num sistema básico de saúde, estando disponível como um medicamento genérico. Como um medicamento é utilizada para um número de situações tais como, choque anafilático, estimulante em paragens cardíacas, vasoconstritor em estado de choque, como um broncodilatador e em hemorragia superficial. Pode ser também usada como antiespasmódico para tratar sintomas de asma brônquica quando outros tratamentos não são eficazes. É administrado por via intravenosa, por injecção intramuscular, por inalação, ou por injecção sob a pele. Os efeitos secundários mais comuns incluem tremores, ansiedade, e transpiração. Pode também ocorrer frequência cardíaca rápida e uma pressão sanguínea elevada. Ocasionalmente, pode resultar num ritmo cardíaco anormal.
Exemplos da aplicação da adrenalina
Durante a paragem cardíaca a prioridade é maximizar a quantidade de fluxo sanguíneo através da artéria coronária. A epinefrina, quando injectada num fluido de solução intravenosa, irá aumentar a pressão da artéria coronária promovendo assim o aumento do fluxo sanguíneo coronário. O aumento das doses de epinefrina aceleram a resposta, mas alguns estudos têm mostrado que lesões no cérebro e no coração são alguns dos efeitos colaterais.
O choque anafilático é causado quando o coração é incapaz de bombear sangue suficiente para todo o corpo, devido a uma reacção alérgica, enfraquecimento do músculo do coração, ou encolhimento das veias. A injecção de adrenalina na corrente sanguínea irá causar um aumento do fluxo de sangue ao longo do corpo. O alívio é apenas temporário, devido ao tempo de meia-vida curta da adrenalina; portanto, uma hospitalização imediata é necessário para garantir a segurança do indivíduo.
Pessoas que tenham tendência a ataques de asma têm passagens pulmonares que são mais susceptíveis à inflamação e ao inchaço. O inchaço provoca constrição dos músculos ao redor das vias aéreas e um aumento do muco. A combinação destes factores leva à falta de ar e tosse, para aqueles que sofrem de asma. Quando inalada em pequenas doses, a epinefrina provoca um alívio a curto prazo dos sintomas, dilatando os brônquios, permitindo a passagem do ar. Mais uma vez, a epinefrina não é o melhor remédio, mas resulta num alívio temporário quando um inalador para asma não está presente.
A epinefrina é encontrada em pequenas quantidades no corpo e é essencial para a manutenção da homeostasia cardiovascular devido à sua capacidade para levar o sangue aos tecidos sob tensão.