Tricotilomania

A tricotilomania define-se como uma perturbação do controlo dos impulsos que consiste no arrancar dos próprios pelos em qualquer parte do corpo.

Tricotilomania

A tricotilomania define-se como uma perturbação do controlo dos impulsos que consiste no arrancar dos próprios pelos em qualquer parte do corpo. Esta patologia traz consequências do foro social, ocupacional, entre outros, comprometendo o dia a dia do indivíduo.

Com base na definição do DSM-IV-TR a tricotilomania consiste na incapacidade de controlar a vontade de arrancar os próprios cabelos, podendo acontecer em qualquer parte do corpo que tenha uma área pilosa, inclusive as zonas íntimas (DSM-IV-TR, 2006).

Segundo os estudos de Toledo, Taragano e Cordás (2010) o termo “tricotilomania” vem, originalmente, de thrix – cabelo, tillein (arrancar) e mania, que, em conjunto, levariam a uma síndrome que consiste em arrancar anormalmente e por impulso, o cabelo.

De acordo com as pesquisas levadas a cabo pelos autores, a definição de tricotilomania no DSM-IV-TR da Associação Psiquiátrica Americana, entende a tricotilomania como uma perturbação do controlo dos impulsos manifestada em diferentes sinais tais como:

  • Comportamento repetitivo de arrancar cabelo que leva à perda capilar;
  • Tensão crescente imediatamente antes da crise ou quando o indivíduo tenta resistir à tentação;
  • Prazer, satisfação ou alívio sentido no ato cometido.

(DSM-IV-TR, 2006; Toledo, Taragano, & Cordás, 2010).

As crises podem acontecer em curtos períodos de tempo mas em várias ocasiões, ao longo do dia, ou, pelo contrário, em intervalos mais longos de tempo, mas com maior intensidade, e associa-se, normalmente, a um alto estado de ansiedade (DSM-IV-TR, 2006). No entanto, é importante referir que podem, também, acontecer, em situações de relaxamento total, por exemplo, enquanto o indivíduo está a ler um livro (DSM-IV-TR, 2006).

Trata-se de um distúrbio do foro mental decorrente de um quadro clínico que pode estar associado a problemas dermatológicos, causando sofrimento, não só físico como ao nível social e ocupacional, ou outras áreas importantes da vida do paciente (Toledo, Taragano, & Cordás, 2010).

Tal como já foi referido anteriormente, é do consenso comum, a presença de uma enorme tensão no instante imediatamente anterior à tendência para arrancar o cabelo e é a resistência a essa tentação que gera a ansiedade e a luta contra o impulso (DSM-IV-TR, 2006).

Além do DSM-IV-TR os autores encontraram ainda definições acerca desta perturbação através da Organização Mundial de Saúde (OMS), na qual, a tricotilomania é, também, reconhecida como uma perturbação do controlo dos impulsos (Toledo, Taragano, & Cordás, 2010).

Existe ainda a diferença entre a tricotilomania consciente e a inconsciente, sendo que, no caso da segunda, muitas vezes se pode associar às crianças já que, nos casos de que há relato, as mesmas não têm memória de arrancar os cabelos, ou então, quando a têm, entendem a mesma como uma forma de brincar com os mesmos (Toledo, Taragano, & Cordás, 2010). Dentro da perturbação do foro inconsciente, relaciona-se ainda com tipos de rituais, nos quais, se observam determinadas formas específicas de arrancar os cabelos (Toledo, Taragano, & Cordás, 2010).

O que realmente causa alguma falta de consenso no que diz respeito à tricotilomania, prende-se, segundo Toledo,Taragano e Cordás (2010) com não definição precisa acerca da perturbação, ou seja, não é garantida a definição de psicopatologia da impulsividade. Isto significa que, para alguns autores, a tricotilomania está diretamente associada a perturbações do foro afetivo, devido aos contornos de mania que apresente, ou seja, remete-nos para a perturbação afetivo bipolar (Toledo, Taragano, & Cordás, 2010).

Para outros autores, a tricotilomania relaciona-se com a perturbação obsessivo-compulsiva devido às suas nuances obsessivas (Toledo, Taragano, & Cordás, 2010).

No que diz respeito ao diagnóstico, é importante distinguir muito bem a tricotilomania de outras perturbações, pelo que é importante descartar a possibilidade d existirem quadros delirantes e alucinatórios, ou mesmo, distúrbios do foro dermatológico antes de assumir uma perturbação do controlo dos impulsos associada à tricotilomania (DSM-IV-TR, 2006).

“Esta perturbação deve causar mal-estar clinicamente significativo ou défice social, ocupacional ou noutras áreas de funcionamento do sujeito” (DSM-IV-TR, 2006, p. 674).

Conclusão

A tricotilomania está associada às perturbações do controlo dos impulsos e pode trazer diferentes consequências para a qualidade de vida do indivíduo como as do foro social, ocupacional, ou em outras áreas de grande foco da vida que estarão comprometidas.

Alguns do sintomas que geram maior preocupação prendem-se com a tensão e com a ansiedade que precedem a incapacidade de controlo por parte do indivíduo e que, na maior parte das vezes, só são aliviadas com o ato, o qual, gera a sensação momentânea de satisfação e gratificação, imediatamente a seguir.

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References:

  • AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. (2006). DSM-IV-TR. MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICA DAS PERTURBAÇÕES MENTAIS. 4ª Edição. Lisboa: Climepsi editores;
  • Toledo, Edson Luiz, Taragano, Rogéria Oliveira, & Cordás, Táki Althanássios. (2010). Tricotilomania. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), 37(6), 261-269. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832010000600003.
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