A associação entre raça e saúde demonstra diferenças preocupantes quando comparamos maiorias e minorias populacionais.
De acordo com os estudos de Faro e Pereira (2011) parece comum a teoria de que, quando falamos de saúde, as classes minoritárias são as mais desfavorecidas, tendo como característica mais sobressaída, a raça, no que concerne às diferenças verificadas.
Quando os autores falam em classes desfavorecidas e em acesso à saúde condicionado pelo facto de pertencer à minoria, referem-se mesmo a situações que podem gerar a morte destes indivíduos por falta de acesso aos recursos da mesma forma que os restantes (Faro, & Pereira, 2011).
Da mesma forma, Tavares, Oliveira e Lages (2013) analisam o racismo como algo institucional, já que, em relação à saúde, ainda se assiste à estigmatização das raças e das etnias, principalmente, no caso da comunidade negra. O flagelo é de tal forma impactante que a qualidade de acesso à saúde de indivíduos de raça negra, é pobre e traz consequências fatais para as populações afrodescendentes (Tavares, Oliveira, & Lages, 2013).
Os vários estudos acerca do tema, compreendem uma relação direta entre a raça com que se nasce e as condições de saúde a que se tem acesso, como indicam Chor e Lima (2005, cit in Faro, & Pereira, 2011; Laguardia, 2004, cit in Faro, & Pereira, 2011) em cujos trabalhos se percebe a tendência das minorias raciais para experimentar maiores situações stressantes, tanto do foro social, como biológico ou psicológico. Esta situação é de tal forma clara, que se pode verificar um forte impacto discrepante quando se compara o acesso a saúde das classes raciais minoritárias em relação às classes maioritárias (Faro, & Pereira, 2011).
Nos seus estudos, Faro e Pereira (2011) para compreender a relação existente entre a raça e a saúde, referenciaram Lineu, que, em 1738, foi o primeiro a estudar esta questão, tendo em conta a cor da pele e a posição geográfica das populações.
Estes estudos revelam a divisão das populações em quatro grupos, sendo eles os americanos, os africanos, os asiáticos e os europeus, sendo que se evidenciaram algumas características importantes em relação a cada um deles. A saber:
- Africanos: espertos e negligentes;
- Americanos: embirrantes e educados;
- Asiáticos: rigorosos e mesquinhos;
- Europeus: inventivos e descuidados.
(Faro, & Pereira, 2011).
Em alguns pontos do globo, podemos observar diferenças na saúde, mediante a raça, no que concerne ao acesso à educação, à saúde e à habitação, pelo que, devido a estas diferenças, assiste-se a uma segregação das minorias raciais, mais do que a uma inclusão e, consequentemente, ao privilegio de acesso por parte de uns, em detrimento de outros (Faro, & Pereira, 2011).
Estudos sobre raça e saúde já realizados nos anos 2000 evidenciam ainda uma maior taxa de mortalidade de crianças de raça negra do que de crianças de raça branca (Faro, & Pereira, 2011).
Para Tavares, Oliveira e Lage (2013) este problema estende-se a crianças e a mães, devido às pobres condições de saúde a que as mesmas têm acesso, o que é notório quando se assiste à proliferação de doenças infeciosas e crónicas, aumento da violência nas cidades, drogas e álcool.
“As experiências desiguais ao nascer, viver e morrer são analisadas por Lopes (2005), que argumenta que a pobreza tem cor…” (Tavares, Oliveira, & Lages, 2013, p. 581).
Conclusão
Verifica-se que, no que concerne ao tema raça e saúde, é evidente a discrepância que existe entre as maiorias e as minorias, sendo que esta diferença é mais impactante em indivíduos de raça negra. Na maioria dos estudos, podemos observar mesmo que, por dificuldades de acesso a condições de saúde, em certos pontos geográficos, a taxa de mortalidade no que concerne a crianças, é maior em populações de raça negra do que de raça branca, o que se estende não só aos filhos mas também às mães. Por esse motivo, podemos compreender que existe ainda muito trabalho pela frente na luta contra a segregação e na promoção da inclusão.
References:
- Faro, A., & Pereira, M.E. (2011). Raça, racismo e saúde: a desigualdade social da distribuição do estresse. Estudos de Psicologia, 16(3), setembro-dezembro/211, 271-278. Recuperado em 28 de novembro de 2017 de scielo.br/pdf/epsic/v16n3/09.pdf;
- Tavares, N.O., Oliveira, L.V., & Lages, S.R.C. (2013). A percepção dos psicólogos sobre o racismo institucional na saúde pública. Saúde em Debate. Rio de Janeiro, v.37, n.99, p.580-587, out/dez 2013. Recuperado em 28 de novembro de 2017 de www.scielo.br/pdf/sdeb/v37n99/a05v37n99.pdf.