A motricidade diz respeito à forma como cada ser humano se relaciona com o mundo e depende de indivíduo para indivíduo. Ela está associada a diferentes fatores internos, como o desenvolvimento físico do ser humano, mas também a diferentes fatores externos como a herança genética, a cultura, a escolarização/educação, a sociedade até mesmo a herança histórica.
Segundo os estudos de Filho em 2010, a motricidade diz respeito à capacidade de relacionamento do ser humano com o mundo, a qual, vem carregada de diferentes tipos de significados e intenções, de caris evolutivo. Como qualquer tipo de relacionamento entre o ser humano e um estímulo, ela é influenciada por diferentes coisas como a natureza e a cultura (Filho, 2010).
Para Neto (2004) a compreensão da motricidade implica a capacidade de análise do desenvolvimento motor de acordo com a capacidade de adaptação e de aprendizagem do indivíduo.
Desta forma assume-se que a motricidade tem diferentes contornos tais como:
- Percepção;
- Memória;
- Projeção;
- Afetividade;
- Emoção;
- Raciocínio.
(Filho, 2010).
“Nesta perspectiva, o desenvolvimento da motricidade é o conjunto das transformações de resposta, entendidas numa base diacrónica, e constatáveis ao nível dos movimentos, das qualidades físicas e motoras e das atividades humanas na adaptação às variações do meio físico e social. É um processo decididamente dependente da maturação, do crescimento e da aprendizagem” (Neto, 2004, p.5).
Podemos observar a motricidade do indivíduo de várias formas, também, sendo elas a expressão gestual, verbal cénica, plástica, entre outras (Filho, 2010).
É importante compreender que ela faz parte do ser humano e que se desenvolve com cada um, fazendo parte da sua construção quer como espécie quer a título individual (Filho, 2010).
Trata-se assim de uma simbiose entre a herança biológica e a herança sócio-histórica do indivíduo, o que nos permite deduzir que ela resulta da interação entre o genoma, o ambiente, a sociedade e a história (Filho, 2010).
Na mesma ordem de ideias, os estudos de Neto (2004) demonstram como a sociedade, a cultura e as alterações mais significativas a que assistimos ao longo da evolução humana, estão totalmente ligadas à motricidade desenvolvida por cada um. Falamos aqui no que concerne ao contexto familiar, escolar e social, adaptando-se, continuamente, à modernização da sociedade (Neto, 2004).
No que concerne ao início da existência de motricidade na vida de um ser humano, Filho (2010) remete para a fecundação do óvulo pelo espermatozoide em que começa a existir herança biológica, isto é, genótipo. Daqui em diante, dá-se todo o processo de desenvolvimento do ser humano, como os músculos, as articulações, o sistema nervoso, entre outras partes do corpo humano (Filho, 2010). Além deste desenvolvimento do feto, agrega-se-lhe o tipo de vida que a mãe tem, as suas condições de existência, o meio sócio cultural, os hábitos alimentares, a higiene, a saúde, as atividades no trabalho e no lazer, as possibilidades de acesso a serviços de saúde, os relacionamentos, entre outras variáveis (Filho, 2010).
Mais tarde, durante o parto, junta-se a todo o processo, mais um conjunto de elementos que vão condicionar, sendo eles as circunstâncias em que acontece e o processo de se tornar um organismo independente da mãe (Filho, 2010).
Logo após o parto, aparecem os primeiros relacionamentos d bebé com o mundo, primeiro de forma involuntária, mais tarde, com a maturação, através d respostas voluntárias a diferentes estímulos (Filho, 2010).
Conclusão
Podemos compreender que a motricidade é um processo vital de desenvolvimento contínuo e que depende de fatores internos ao indivíduo mas também de fatores externos. Ela diz respeito à forma como o mesmo se relaciona com o mundo, tendo em conta, muito significativamente, a cultura, a sociedade, a educação e a questão histórica.
Tendo em conta que não existem dois indivíduos iguais, a motricidade não se processa da mesma forma de sujeito para sujeito.
References:
- Kolyniak Filho, Carol. (2010). Motricidade e aprendizagem: algumas implicações para a educação escolar. Construção psicopedagógica, 18(17), 53-66. Recuperado em 5 de abril de 2018 de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542010000200005;
- Neto, C. (2004). DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE E AS “CULTURAS DE INFÂNCIA”.