Conceito de Fobia específica
A fobia específica é uma perturbação de ansiedade fóbica (perturbação clínica, Eixo I no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais) caracterizada pelo medo persistente e intenso na presença ou antecipação de um objeto/situação específica.
Pode desenvolver-se em resposta a diferentes estímulos, tais como estímulo fóbico animal (e.g. fobia de aranhas), ambiente natural (e.g. alturas), situacional (e.g. espaços fechados), ferimentos/sangue (e.g. agulhas; sangue) e outros (e.g. pessoas mascaradas; sons). Manifesta-se de forma episódica e circunstancial, isto é, perante o confronto real ou imaginado com o estímulo.
É comum o desenvolvimento de fobias durante a infância e adolescência, podendo estender-se também à idade adulta.
Sintomas
Usualmente, a reação fóbica é caracterizada pela presença de sensações corporais típicas das respostas ansiosas tais como sudação excessiva, aceleramento da respiração e batimento cardíaco, alterações da temperatura corporal sob a forma de calafrios e náuseas, entre outros.
Ao nível cognitivo, verifica-se sobretudo pensamento confuso, associado ao medo e preocupação. Ao nível comportamental, é comum a reação de bloqueio/”congelamento” (“freeze”) seguido do comportamento de evitamento do estímulo no contexto da antecipação de futuros confrontos.
Conceptualização
A resposta do indivíduo, no desenvolvimento da fobia, é pautada pelo evitamento do estímulo ansiogénico e por ativação emocional intensa, desencadeada pela interpretação que constrói sobre o objecto/situação. Esta última é percebida como altamente ameaçadora, não obstante esta interpretação ser desproporcional e, por isso, concebida como irracional, em relação ao real perigo do estímulo. Regra geral, o indivíduo realiza uma sobrestimação da probabilidade de perigo ou das suas consequências e/ou subestima a sua capacidade de lidar com a situação/objecto específico.
O comportamento de evitamento funciona então como um reforço, que aumenta a probabilidade da ocorrência de novo evitamento no futuro, já que a sua concretização permite a redução da ansiedade a curto prazo. Este comportamento torna-se desde modo persistente, contribuindo para a manutenção da ansiedade a média/longo prazo em resposta a novos confrontos com o estímulo.
O desenvolvimento da fobia pode acontecer através de condicionamento direto aquando da experiência (e.g. ficar fechado no elevador), de condicionamento vicariante/por observação de outros ou ainda por conhecimento/informação sobre o objeto/situação e potenciais perigos.
Comorbilidade
Verifica-se que uma mesma pessoa pode apresentar mais do que uma fobia específica (e.g. de diferentes grupos como animal e situacional), mas também outras perturbações clínicas.
É frequente a comorbilidade com outras perturbações de ansiedade, como perturbação de pânico, agorafobia, perturbação de ansiedade generalizada e fobia social.
Palavras-chave: Fobia específica, perturbação de ansiedade
References:
Barlow, D. H. (2002). Ansiety and its disorders. The nature and treatment of anxiety and panic. New York: The Guilford Press.
Dias Cordeiro, J.C. (2009). Manual de Psiquiatria Clínica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian