Estilos de Vinculação

O estilo de vinculação diz respeito ao padrão relacional, constituído por representações mentais, expetativas, emoções e respostas comportamentais, desenvolvido na interação com outro indivíduo emocionalmente significativo.

Conceito de Estilos de Vinculação

O estilo de vinculação diz respeito ao padrão relacional, constituído por representações mentais, expetativas, emoções e respostas comportamentais, desenvolvido na interação com outro indivíduo emocionalmente significativo.

As primeiras experiências de vinculação iniciam-se assim na infância aquando do estabelecimento da relação com os cuidadores principais ou figuras de vinculação (e.g. os pais, ou outros que cumpram as funções parentais), modelando o modo como a criança aprende a relacionar-se com os outros.

Crenças sobre o Self e os outros

Estas experiências de socialização são fundamentais no desenvolvimento psicológico do indivíduo, quer no domínio interpessoal (o modo como perspetiva os outros – e.g. os outros como cuidadores ou rejeitantes), quer intrapessoal (o modo como se perspetiva – e.g. o Eu percebido como merecedor ou não merecedor de afeto, através do modo como se sente olhado e cuidado pelo outro – e que assume uma importante contribuição para a autoestima).

São vários os autores que se dedicaram ao estudo da vinculação, podendo destacar-se, de acordo com Bowlby (e.g. 1984) e Ainsworth (e.g. 1982), diferentes estilos de vinculação, consoante a confiança e segurança percebidas pelo indivíduo na figura cuidadora (ou outro significativo), sendo estes:

a) A vinculação segura, caracterizada pela expetativa de confiança e segurança no outro, promovendo a experiência e expressão emocional adaptativas bem como a concretização de comportamentos de exploração e autonomia;

b) a vinculação insegura, caracterizada pela inconsistência na disponibilidade e segurança prestada pelo outro, dividindo-se em dois estilos:

b1) o estilo ambivalente, pautado pela inconsistência do comportamento da figura de vinculação, desencadeando uma resposta hiperativada por parte do indivíduo. Significa isto a presença de ansiedade tendencialmente mais elevada aquando da ausência da figura cuidadora, bem como resistência aquando da sua presença, a par da dificuldade de exploração e autonomia;

b2) e o estilo evitante, relacionado com experiências de rejeição, crítica ou desaprovação face às quais o indivíduo aprende a evitar a proximidade com o outro, a experiência emocional adaptativa, prevalecendo a exploração do meio, que contudo tende a ser pouco orientada pela figura cuidadora.

Estabilidade dos estilos de vinculação

O estilo de vinculação afigura-se central na compreensão das dinâmicas relacionais não só em estádios precoces do desenvolvimento, mas também em estádios ulteriores (e.g. relacionamentos estabelecidos na idade adulta) no que respeita às expetativas e tendências de ação que o indivíduo manifesta no relacionamento consigo e com os outros.

Apesar de se verificar uma tendência de estabilidade dos estilos de vinculação ao longo dos diferentes estádios de desenvolvimento, as experiências significativas de vinculação ao longo do ciclo de vida (e.g. relacionamento de amizade ou romântico) vão também elas proporcionando ao indivíduo experiências de confirmação ou infirmação (e.g. desenvolvimento de uma vinculação segura, contrariamente ao que aconteceu numa relação anterior) destes estilos de vinculação, já que é no contexto da relação específica que o vínculo é construído.

Assim, as experiências significativas ao longo do ciclo de vida podem constituir-se como experiências emocionalmente reparadoras, na medida em que proporcionam ao indivíduo a possibilidade de experienciar diferentes e novas formas de se relacionar com os outros.

Neste âmbito, também o processo psicoterapêutico poderá ser importante no sentido de facilitar a tomada de consciência dos padrões relacionais por parte do indivíduo, ajudando-o a notar as expetativas relativamente aos outros e ainda a questionar-se sobre a sua adequação, isto é, se estas se afiguram ou não adaptativas num momento ou relação específica e de que forma contribuem ou não para o seu bem-estar psicológico.

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References:

Canavarro, C., Dias, P., & Lima, V (2006). A avaliação da vinculação no adulto: Um revisão crítica a propósito da aplicação da Adult Attachment Scale-R (AAS-R) na população portuguesa. Psicologia, 20(1), 154-186.

Castilho, P., Pinto Gouveia, J., & Amaral, V. (2010). Recordação do efeito de ameaça e subordinação na infância e psicopatologia: O efeito mediador do auto-criticismo. Psychologica, 52(2),475-498.

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