Fala-se de educação social quando se refere às oportunidades obtidas pelo indivíduo, em termos educacionais, de acordo com o meio onde se insere. Devido às diferenças claramente observadas, é notório como diferentes classes sociais têm diferentes oportunidades educacionais, o que acaba por desencadear o processo da exclusão.
Segundo Ribeiro (2006) é importante compreender a educação social do ponto de vista da exclusão, uma vez que, de entre o que se tem feito no que concerne aos projetos sociais e educacionais, os trabalhos e os estudos entram em contradição devido à exclusão que isso acarreta. Isto significa que é necessário, quando se trabalha no âmbito da educação social, promover a inclusão e extinguir a exclusão (Ribeiro, 2006).
Gatti (2004) já se referia, nos seus estudos acerca da educação social, a discrepância existente entre a modernização e o crescimento da economia e o estado da educação dos jovens no Brasil. Nestes estudos, o que se verificou foi uma relação direta entre a entrada no mercado de trabalho e a permanência na escola, ou seja, os jovens trabalhadores foram os que mais evoluíram (Gatti, 2004).
É importante referir que estas pesquisas foram levadas a cabo tendo em conta variáveis como o sexo, o ramo ocupacional, o rendimento mensal, as horas laborais, as condições habitacionais e a situação económica da família (Gatti, 2004).
Esta necessidade de compreensão acerca das questões de educação social nasce, portanto, da observação feita junto de crianças e jovens que se encontram em situação de vulnerabilidade em relação a este assunto (Ribeiro, 2006).
No que diz respeito à questão da exclusão, para compreendermos melhor a importância de estudar esta temática, e recuando um pouco no tempo, algumas das situações que podem servir como exemplo são o facto de as mulheres nem sempre terem tido as mesmas oportunidades dos homens, ou os indígenas serem excluídos das suas próprias terras (Ribeiro, 2006).
Desta forma, Ribeiro demonstra que a educação social, quando associada à exclusão, pretende compreender processos discriminatórios, opressão e dominação, que se verificam ainda nos dias de hoje, tendo em conta que as oportunidades não são todas distribuídas da mesma forma, sendo que, ainda hoje existem as categorias do rico e do pobre (Ribeiro, 2006).
É por esse motivo que precisamos de compreender em que medida o mundo está a implementar socialmente a educação das suas crianças, adolescentes e até mesmo adultos e de que forma todos têm acesso ao meio escolar, ao emprego, ou à terra (Ribeiro, 2006).
Corroborando estes estudos, outras pesquisas analisam a forma como a origem social influencia a educação das crianças, sendo que, na maioria dos casos, crianças provenientes de extratos sociais mais baixos, tendem a obter resultados mais deficitários no seu rendimento escolar (Gatti, 2004).
Verifica-se, se viajarmos no tempo, que já no pós-guerra europeu, foi criada a Associação Internacional de Educadores Sociais que pretendia educar jovens órfãos, cujas famílias teriam morrido durante a guerra (Ribeiro, 2006).
Mais tarde, nos anos 90, a educação social passou a ter como foco crianças e jovens em risco de vulnerabilidade social, devido ao desemprego, o que levava, consequentemente, a famílias desajustadas e até mesmo a situações de violência social (Iname, 2003, cit in Ribeiro, 2006).
Contudo, é já no final dos anos 70 e início dos anos 80 que a educação social ganha, realmente, terreno, quando começa a ser estudada de vários pontos de vista: origem social, escolaridade e ocupação (Gatti, 2004).
Deste ponto de vista, a origem familiar do indivíduo, pode influenciar o seu percurso escolar, o que pode predizer o seu futuro ocupacional em termos profissionais (Gatti, 2004).
Conclusão
O estudo da educação social, nasce, principalmente, de questões ligadas à exclusão, uma vez que se observam grandes discrepâncias, ainda hoje, em relação as oportunidades tidas por diferentes população no que diz respeito ao acesso à educação. É, ainda hoje, notória, a forma como a classe social, o sexo, a cultura, entre outras variáveis, afetam as possibilidades de prosseguir nos estudos.
References:
- Gatti, B. (2004). Estudos quantitativos em educação. Educação e Pesquisa, São Pulo, v.30, n.1, p.11-30, jan/abr. 2004;
- .Ribeiro, M. (2006). EXCLUSÃO E EDUCAÇÃO SOCIAL: CONCEITOS EM SUPERFÍCIE E FUNDO. Educação Social., Campinas, vol.27, n.94, p. 155-178, jan/abr. 2006. Recuperado em 1 de dezembro de 2017 de http://www.redalyc.org/html/873/87313712008/