Distanásia

A distanásia é um processo que procura prolongar o tempo de vida do paciente, submetendo-o a tratamentos invasivos.

Distanásia

A distanásia é um processo que procura prolongar o tempo de vida do paciente, submetendo-o a tratamentos invasivos. Contudo, estes tratamentos não são sempre adequados pelo que é preciso compreender em que situação os mesmos devem parar.

Segundo Romano, Watanabe e Troppmair (2006) e Diniz (2006, cit in Emanuel Jr, 2013) diz a literatura que a distanásia é um processo de submissão ao sofrimento no doente, por parte do médico, que, em vez de prolongar a vida, prolonga o processo de morrer, de forma agressiva em termos de tratamento.

A distanásia provoca não só um grande sofrimento físico ao paciente, como também psicológico, o que remete para a responsabilidade, do ponto de vista ético, de ter respeito pelo doente terminal, passando para os cuidados paliativos (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006).

De acordo com o Conselho Federal de Medicina, no Brasil, a resolução nº1.805 de 9 de novembro de 2006 propõe que “na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal”. (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006, p 6).

Deve dar-se ao paciente o conhecimento do seu estado e o direito de decidir se quer fazer um tratamento inútil ou se prefere não se submeter ao sofrimento provocado pela distanásia (Emanuel Jr, 2013).

De igual modo a Carta dos Direitos dos Usuários de Saúde defende que o paciente pode recusar os tratamentos terapêuticos, incluindo exames não autorizados, além de ter o direito de decidir onde quer morrer (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006).

Sabemos também que estamos perante a morte oficial quando se dá a morte cerebral, ou seja, quando não existe qualquer atividade cerebral no indivíduo, após realização de exames (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006).

A revisão da literatura realizada por Romano, Watanabe e Troppmair (2006) demonstra que a distanásia leva à contradição de investir num doente cujas hipóteses de cura são nulas.

A distanásia e os cuidados paliativos

Quando falamos de distanásia, temos de falar de cuidados paliativos, uma vez que ambas são diferentes formas de entender o paciente, já que os cuidados paliativos pretendem proporcionar qualidade no estágio final da vida, pelo alívio dos sintomas e o maior conforto possível tanto físico, como psicológico ou espiritual (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006).

Um dos cuidados paliativos a ter é o de permitir que o paciente passe os seus últimos dias em casa, junto dos seus familiares, desde a fase final da doença até ao luto propriamente dito (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006).

Algo que é importante compreender é a dor crónica que o paciente sofre na fase final e que o prejudica em todos os sentidos, tanto do ponto de vista psicológico como social, o que ainda lhe provoca mais sofrimento (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006).

Distanásia, ortotanásia e eutanásia, do ponto de vista médico

A distanásia prolonga a vida do paciente através de medicamentos ou de máquinas, numa fase em que já não há nada a fazer para evitar a morte; a ortotanásia visa permitir a morte natural do paciente, sem qualquer tipo de processo terapêutico além do acompanhamento, para que a morte seja o menos dolorosa possível; a eutanásia é o ato de diminuir o tempo de vida do paciente, provocando a morte de forma voluntária (Emanuel Jr, 2013).

No que concerne à distanásia, há que compreender que o sofrimento acarreta angústia, vulnerabilidade e ausência de controlo quando a distanásia leva a tratamentos que procuram atenuar a dor física, o que nem sempre acontece, muitas vezes porque, mesmo com medicação, fica presente o medo da separação dos entes queridos, que a morte trará (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006).

Romano, Watanabe e Troppmair (2006) analisando os estudos compreenderam que a distanásia, por não estar devidamente explorada, ainda se mantém em mais casos do que devia, uma vez que a ciência, com a sua procura exaustiva por tratamentos que permitam prolongar a vida e manter a juventude, deixa de parte a questão da morte que é certa e comum a todos os seres vivos.

De acordo com Emanuel Jr (2013) é comum também que, para aumentar o número de receitas, muitos médicos mantêm os pacientes vivos e internados, por uma questão de lucro para a clínica ou o hospital onde está.

O tratamento médico invasivo que traz dor e sofrimento indesejados para todos os envolvidos, principalmente o paciente, não alcança os seus objetivos e, muitas vezes, por mais difícil que a morte seja difícil, é preciso aceita-la (Romano, Watanabe, & Troppmair, 2006).

Esta situação acontece, por vezes, em situações em que a distanásia vem de um desconhecimento ou medo de retaliações, por parte da própria equipa médica (Emanuel Jr, 2013).

Conclusão

Trata-se de um processo delicado, já que a morte é um acontecimento certo e comum a todos os seres vivos, contudo, difícil de aceitar para a maior parte de nós. É por esse motivo que nos vemos, muitas vezes, perante situações de distanásia, nas quais há dificuldade em aceitar que não se pode evitar o fim do ciclo de vida do indivíduo, acabando por provocar mais sofrimento para prolongar a sua vida. Por esse motivo, é necessário explorar mais este campo, já que todo o ser humano deve ser tratado com dignidade em fase terminal.

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References:

  • Emanuel Jr (2013). Ortotanásia, distanásia e eutanásia na consciência médica. [em linha] PORTAL DA EDUCAÇÃOportaleducacao.com.
  • Romano, B.W., Watanabe, C., & Troppmair, S. (2006). Distanásia: vale a pena? [em linha] PEPSIC – Periódicos Eletrônicos em Psicologiapepsic.bvsalud.org/scielo. Rev da SBPH, v.9 n.2. Acedido a 11 de maio de 2016 em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582006000200005.
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