Comportamento infantil e envolvimento parental

O comportamento infantil é fortemente influenciado pelo envolvimento parental devido às estratégias educativas recorrentes.

Comportamento infantil e envolvimento parental

O comportamento infantil é fortemente influenciado pelo envolvimento parental devido às estratégias educativas recorrentes. Podemos assim dizer que um dos maiores indicadores no que diz respeito às características das crianças, é o ambiente familiar em que se inserem.

Para falar do comportamento infantil associado ao envolvimento parental, temos de levar alguns factos em consideração tais como, por exemplo, as relações familiares nas famílias ocidentais em que se observou, durante muito tempo, maior interação por parte da mãe do que por parte do pai na educação das crianças (Borsa, & Nunes, 2008).

Mais tarde, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, o envolvimento parental no comportamento infantil, alterou-se pelo que o pai passou a ter muito mais participação do que anteriormente (Borsa, & Nunes, 2008).

Os estudos levados a cabo por Ferreira e Marturano (2002) indicam, acerca do envolvimento de ambos os membros do casal, que comportamentos infantis inadequados ou marcados por perturbação de hiperatividade, ansiedade, medo, insegurança, etc, provenientes das práticas parentais, influenciam, não só a criança como também todo o ambiente envolvente. Falamos dos pais, familiares e professores, pelo que estes problemas chegam a ser crónicos tanto na dinâmica familiar como na sociedade em geral (Ferreira, & Marturano, 2002). Em situações desta natureza, as crianças ficam em risco de exclusão social, que se traduz, posteriormente em fraco rendimento escolar, dificuldade em encontrar meios ocupacionais e propensão a comportamento desviante (Ferreira, & Marturano, 2002).

Alguns indicadores verificados nos estudos realizados acerca do comportamento infantil e envolvimento parental, sugerem que as características inerentes às atitudes sociais das crianças estão diretamente relacionadas tanto com as práticas dos cuidadores como do ambiente social e ecológico (Ferreira, & Marturano, 2002).

Isto explica que ambientes hostis, falta de afeto materno e relação disfuncional parental, no ambiente familiar, se traduzem em stresse gerado em toda a família, principalmente nos casos de nível sócio económico (NSE) baixo (Ferreira, & Marturano, 2002).

De acordo com estes factos podemos deduzir que o envolvimento parental está diretamente associado a problemas ao longo de todo o percurso infantil do indivíduo até ao final da adolescência, pelo que, mesmo que os indivíduos se envolvam em grupos disruptivos, é no contexto familiar, com o envolvimento dos pais que começa o percurso disfuncional (Ferreira, & Marturano, 2002). Falamos, por exemplo, de estratégias educativas inadequadas tais como punições exageradas e hostilidade recorrente que levam à escolha de grupos cujo envolvimento parental é semelhante (Ferreira, & Marturano, 2002).

No que diz respeito às diferenças de responsabilidade baseadas no género, Borges e Nunes (2008) evidenciam que o facto de os pais serem afastados, em muitos casos, do cuidado com os filhos que é delegado para a responsabilidade das mães, acaba por influenciar o comportamento dos mesmos e todo o seu desenvolvimento.

Não é, portanto, incomum, que o percurso escolar fraco, se traduza em comportamentos menos adequados e sintomas de hiperatividade e impulsividade (Ferreira, & Marturano, 2002).

Algumas das consequências relacionadas com a ligação entre o comportamento infantil e o envolvimento parental são a inadaptação geral da criança, problemas no seu desenvolvimento, alterações significativas no foro da saúde mental, etc (Ferreira, & Marturano, 2002).

De acordo com os estudos levados a cabo por Borsa e Nunes (2008) observa-se que, ao contrário do que acontecia em outros tempos, o envolvimento do pai na educação e criação das crianças, influencia significativamente todo o seu desenvolvimento, muito embora ainda haja tendência para associar mais a estrutura de comportamento das crianças, às práticas adotadas pela mãe. Este fenómeno acontece devido à crença de que o cuidado com a educação dos filhos e com a gestão do lar, é da total responsabilidade da mulher, muito mais do que do homem, que ainda hoje se mantem em muitos contextos (Borsa, & Nunes, 2008). Nestes casos, atribuem-se as responsabilidades financeiras da gestão dos gastos familiares, para os homens (Borsa, & Nunes, 2008).

Apesar de já se verificarem bastantes mudanças gerais em bastantes sociedades, acredita-se ainda que os homens têm menos capacidade para gerir as tarefas do lar, o que faz com que os mesmos negligenciem essa responsabilidade, delegando-a, na sua totalidade, para as mulheres, ao mesmo tempo que se valoriza com muito mais enfoque, o seu trabalho fora de casa, afastado das relações familiares (Borsa, & Nunes, 2008).

Conclusão

A relação entre o comportamento infantil e o envolvimento parental, além de ser muito significativa, atribui-se, em grande parte, às diferenças de responsabilidade face ao género de algumas culturas, isto é, ao facto de a mãe ainda ser vista como maior detentora de responsabilidade quanto à educação das crianças do que o pai. Estas questões acerca do envolvimento dos pais, acabam por se traduzir não só no comportamento das crianças em todos os contextos como ainda no seu rendimento escolar.

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References:

  • Borsa, JC., & Nunes, MLT. (2008). Concordância parental sore problemas de comportamento infantil através do CBCL. Paidéia, 2008, 18(40), 317-330;
  • Ferreira, M C T., & Marturano, E M. (2002). Ambiente familiar e problemas de comportamento apresentados por crianças com baixo desempenho escolar. Psicologia: reflexão e crítica, 2002, 15(1), pp.35-44.
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