Comportamento consciente
O comportamento consciente associa-se às ações racionais e possíveis de descrever pelo indivíduo. É essencialmente descritivo, o que lhe dá, automaticamente, uma conotação verbal.
Para Machado (1997) o comportamento consciente diz respeito à capacidade que o ser humano tem de descrever aquilo que faz, é verbal e tem a participação passiva do ouvinte.
Segundo Sério, Micheletto, Gioia e Benvenuti (2009) este tipo de comportamento pode ser entendido segundo a lógica do behaviorismo radical de Skinner que defende a possibilidade de autocontrolo e de autoconhecimento, inerentes a esta questão.
“(…) comportamento é sempre uma relação; entretanto, quando falamos em “tatear” o nosso próprio comportamento, nem sempre o estímulo discriminativo que exerceu controle sobre a resposta verbal é uma relação entre resposta e ambiente (…)”
(Sério, Micheletto, Gioia, & Benveniuti, 2009, p.13).
A respeito do autoconhecimento, diretamente associado ao comportamento consciente, os estudos referem o termo “auto-tato”, para explicar como o indivíduo controla o seu próprio comportamento quando responde, através de palavras ao mesmo (Sério, Micheletto, Gioia, & Benveniuti, 2009).
Temos, portanto, a possibilidade de analisar o nosso comportamento através da descrição do mesmo, tendo em conta o momento em que um episódio ocorreu enquanto resposta a um determinado estímulo (Sério, Micheletto, Gioia, & Benveniuti, 2009).
Devido a esta capacidade de descrição do comportamento, é possível, tanto para quem o executa como para o seu interlocutor, obter uma forma de comunicação pelo que, o primeiro tem a capacidade de informar e o segundo tem a capacidade de agir de acordo com a informação obtida, como é o caso de uma mãe que providencia alimento para o seu filho quando este diz que tem fome (Machado, 1997).
O comportamento consciente é, por estas razões, fundamentalmente verbal, porque é descrito pelo indivíduo que o executa (Machado, 1997).
De acordo com os trabalhos levados a cabo por Skinner (1969, p.44, cit in Sério, Micheletto, Gioia, & Benveniuti, 2009) a capacidade que temos de descrever, conscientemente, o nosso comportamento, é possível quando, além de descrever o comportamento em si, também descrevemos as razões pelas quais o adotamos.
O que o autor pretende explicar é que, mais do que apenas descrever determinado tipo de comportamento, a consciência associada ao mesmo diz respeito à nossa capacidade para descrever e explicar as variáveis envolvidas no momento em que nos comportamos de determinado modo, além dos pormenores mais importantes do episódio descrito (Skinner, 1969, p. 244, cit in Sério, Micheletto, Gioia, & Benveniuti, 2009).
Esta conotação obrigatoriamente verbal associada ao comportamento consciente é a forma que o ser humano tem de controlar e interpretar as respostas que dá aos estímulos do ambiente onde se insere (Sério, Micheletto, Gioia, & Benveniuti, 2009).
É através deste comportamento que temos ainda a capacidade de aprender a seguir regras, uma vez que, qualquer tipo de tarefa que exija uma determinada sequência (Machado, 1997). Essa aprendizagem só é possível através da aquisição de conhecimento acerca da mesma, com a plena noção, por parte do indivíduo, das regras e da sequência de ações que deve seguir (Machado, 1997).
Por outras palavras, a aprendizagem acerca do seguimento de regras, vem de uma conotação racional, traduzida no comportamento consciente executado pelo indivíduo (Machado, 1997).
Para além do seguimento de regras, temos ainda a aprendizagem de determinado comportamento através de experiências passadas que influenciam diretamente no comportamento presente e, por consequência, na consciência do mesmo (Sério, Micheletto, Gioia, & Benveniuti, 2009). Para aceder a este tipo de comportamento, mais uma vez, o indivíduo faz, na maioria das vezes, a descrição do mesmo, com o objetivo de obter consciência acerca daquilo que fez e da razão porque o fez (Sério, Micheletto, Gioia, & Benveniuti, 2009).
Conclusão
No que diz respeito ao comportamento consciente, a literatura, principalmente os estudos levados a cabo por Skinner nas suas teorias acerca do behaviorismo, permite-nos compreender que o mesmo diz respeito a todo o comportamento racional que adotamos. Este tipo de comportamento, é essencialmente descritivo, o que significa que tem, associado a ele, uma conotação verbal.
References:
- Machado, Lígia Maria de Castro Marcondes. (1997). Consciência e comportamento verbal. Psicologia USP, 8(2), 101-108. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65641997000200005;
- S´rio, T.M., Micheletto, N., Gioia, P.S., envenuti, M. (ORG). Consciência e análise do comportamento: questões introdutórias (2007).