Catatonia
A catatonia faz parte do foro das perturbações do humor e vem, grande parte das vezes, associada a outras perturbações. Na maioria dos casos, a característica mais vincada sou as crises repentinas e impossíveis de prever,
A perturbação de catatonia que se associa à perturbação, afetiva, pode também ser definida como estupor catatónico e caracteriza-se pela possibilidade de reversão, embora, em muitos casos, mesmo tendo um estilo de vida normal, os pacientes possam, repentinamente, passar ao estado de imobilidade total sem aviso prévio (Berrios, 2011).
Alguns autores chegam mesmo a definir a catatonia como uma perturbação da ação (Berrios, 2011)
Outros estudos sugerem que a catatonia é uma das maiores causas para que adolescentes e adultos comecem a ver a sua saúde a deteriorar-se cada vez mais, de forma, aparentemente, inexplicável (Ghaziuddin, Nassiri, & Miles, 2015).
As pesquisas englobadas nestes estudos demonstram que, mais frequentemente, em pacientes com Síndrome de Down, as probabilidades de desenvolver sinais de catatonia, tornam-se mais evidentes (Ghaziuddin, Nassiri, & Miles, 2015).
Além destes, outros estudos levados a cabo por Sousa (2010) já sugeriam condições de catatonia em pacientes esquizofrénicos que viam as suas funções motoras comprometidas, levando-os à rigidez, excitação ou posturas menos próprias. Estes pacientes podiam apresentar alternâncias radicalmente opostas de estados de humor (Sousa, 2010).
“A catatonia é uma síndrome neuropsiquiátrica que se apresenta tipicamente com sinais motores e que responde de uma forma muito específica às benzodiazepinas e à terapia eletroconvulsiva” (Ghaziuddin, Nassiri, & Miles, 2015).
Alguns dos sintomas mais claros são:
- Alterações na atividade motora
- Movimentos pouco usuais, como tiques motores e vocais, posturas, piscar de olhos anormalmente frequente, entre outros
- Mudanças no discurso
- Alterações no apetite
- Distorção da capacidade cognitiva
- Preocupações obsessivas
- Psicotismo
- Estereotipias
- Maneirismos
- Mutismo
- Entre outros
(Ghaziuddin, Nassiri, & Miles, 2015; Sousa, 2010).
Devido à forma repentina como os sintomas são despoletados pela crise catatónica, após o episódio de crise, alguns pacientes não se recordam da mesma, pelo que se verifica consciência turva como denominador comum em alguns indivíduos observados em alguns estudos (Berrios, 2011)
De acordo com Ghazuuddin, Nassiri e Miles (2015) não podemos deixar de procurar compreender a catatonia, sem referir que, em termos históricos, a mesma foi vista, muitas vezes, como uma complicação agravada da esquizofrenia, no entanto, estudos mais recentes demonstram que a associação entre ambas é mesmo, meramente, histórica.
Apesar de a relação exata entre ambas, defendida outrora, ter deixado de ser vista como dado adquirido, não se pode descurar totalmente que ainda se encontrem características associativas, já que alguns pacientes com esquizofrenia apresentam sinais de catatonia (Sousa, 2010). Nestas situações, quando os mesmos entram em crise catatónica, precisam mesmo de supervisão constante devido aos comportamentos agressivos com eles mesmos ou com terceiros que os sintomas podem provocar (Sousa, 2010).
Muitas vezes a crise torna-se tão agressiva que pode trazer consequências orgânicas tais como desnutrição, exaustão e autolesões (Sousa, 2010).
Acaba por se poder concluir que a catatonia, está associada, do ponto de vista psiquiátrico, a perturbações do humor (Ghaziuddin, Nassiri, & Miles, 2015). No entanto, a preocupação maior a ter em conta junto de pacientes portadores de perturbação catatónica é que a mesma é, essencialmente, uma doença que leva à regressão das capacidades do paciente aos diferentes níveis já descritos (Ghaziuddin, Nassiri, & Miles, 2015).
Nas suas pesquisas, as autoras puderam ainda perceber que a catatonia se caracteriza por ser uma doença autoimune, infeciosa, metabólica e da família das desordens do foro genético (Ghaziuddin, Nassiri, & Miles, 2015).
Alguns estudos preliminares, sugerem ainda, através de tomografias ao cérebro que o processo patosociológico da catatonia inclui ainda um hipometabolismo da região occipitotemporal e talâmica (Ghaziuddin, Nassiri, & Miles, 2015).
Conclusão
De acordo com a literatura sobre perturbação catatónica, podemos dizer que ainda há muito a descobrir sobre a mesma, já que diferentes estudos, provenientes de diferentes pesquisas e diferentes autores, ao longo dos anos têm vindo a atualizar as origens da mesma. Alguns estudos sugerem a relação evidente entre catatonia e outras perturbações do humor, outros demonstram que a mesma tem origem mais no foro orgânico. O denominador comum a todas elas é que a crise acontece de forma repentina e sem aviso prévio, o que nos leva a crer que será necessário que o paciente tenha assegurada uma supervisão constante com o intuito de controlar os episódios e minimizar os danos.
References:
- Berrios, German E. (2011). O estupor revisitado. Revista latino-americana de psicopatologia fundamental, 14 (1). 145-165 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142011000100011
- Sousa, J.S. (2010). Esquizofrenia Catatônica. PSICOLOGADO ARTIGOS. Recuperado em 28 de outubro de 2017 de https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/esquizofrenia-catatonica