Axiomas da comunicação humana

Conceito de Axiomas da comunicação humana

Os axiomas da comunicação, segundo Watzlawick, são proposições que caracterizam a comunicação, sendo essenciais na interação que o indivíduo estabelece com os outros, manifesta pelo seu comportamento.

Axiomas

Destacam-se assim os seguintes axiomas:

  • A impossibilidade de não comunicar – Este axioma decorre de uma propriedade básica do comportamento que consiste na impossibilidade do não-comportamento. Quer a atividade, quer a inatividade são comportamentos e, por conseguinte, mensagens (e.g. Quando um indivíduo não responde verbalmente a outro está a comunicar). O ser humano encontra-se em constante comunicação, podendo esta ser verbal ou não verbal (e.g. gestos ou silêncios). Neste sentido, a comunicação pode ou não ser intencional.
  • Toda a comunicação apresenta um nível de conteúdo e um nível de relação, tal que o segundo classifica o primeiro, sendo uma metacomunicação – O nível de conteúdo diz respeito à informação veiculada na mensagem (e.g. factos, opiniões). O nível de relação, por sua vez, refere-se ao que é comunicado sobre a relação entre os comunicantes. Neste sentido, pode falar-se em metacomunicação, isto é, o comunicar sobre a comunicação, sobre o nível de relação, na medida em que a relação pode ajudar a esclarecer o conteúdo veiculado, assim como o conteúdo redefine a cada momento a relação (e.g. “Estás sempre a olhar para o telemóvel enquanto falo contigo!” – o nível de conteúdo respeita ao facto de utilizar o telemóvel durante a conversa, o nível de relação respeita ao que este ato diz sobre a relação).
  • A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências comunicacionais entre os comunicantes – Este axioma postula que a comunicação assenta numa sequência de trocas comunicacionais, ocorrendo uma mensagem em resposta à mensagem do outro. A interpretação que cada comunicante realiza sobre a troca comunicacional gera um comportamento, por sua vez gerador de um comportamento no outro comunicante. Muitas vezes, as pontuações e interpretações dos comunicantes são divergentes (e.g. O indivíduo A não inicia conversa com o indivíduo B porque o indivíduo B não fala consigo; O indivíduo B não inicia conversa com o indivíduo A porque o indivíduo A não fala consigo).
  • A comunicação é analógica ou digital – O ser humano pode comunicar analogicamente, isto é, através de qualquer comunicação não-verbal (e.g. movimentos corporais, gestos, expressões faciais, ritmo das palavras) ou digitalmente, através de comunicação verbal. Deste modo, pode dizer-se que o nível de conteúdo é fundamentalmente transmitido através de comunicação digital e o nível de relação é predominantemente analógico (e.g. Quando um indivíduo fala com outro, está a comunicar algo verbalmente, mas também não verbalmente através das expressões faciais, podendo estes dois níveis ser ou não congruentes).
  • Todas as trocas comunicacionais são ou simétricas ou complementares, segundo se baseiem na igualdade ou na diferença, respetivamente – Este axioma refere-se à reação de um comunicante em resposta ao comportamento do outro, ditando a minimização das diferenças e maximização das semelhanças, ou seja, a simetria, ou a maximização das diferenças e a minimização das semelhanças, ou seja, a complementaridade (e.g. Numa discussão, dois indivíduos podem escalar a argumentação, gerando competitividade ou, por outro lado, adotar posições distintas em que um figura numa posição submissa enquanto o outro figura numa posição percebida como superior ou de controlo). Numa interação funcional, existem ambas as trocas de forma alternada, contribuindo para estabilizar desequilíbrios. Neste sentido, quer a simetria quer a complementaridade não são necessariamente positivas ou negativas, dependem do contexto e significado atribuídos pelos comunicantes.

Palavras-chave: Axiomas da comunicação humana; estilos de comunicação; psicologia sistémica

Referências bibliográficas

Alarcão. M. (2006). Desequilíbrios familiares: Uma visão sistémica. Coimbra: Quarteto.

Watzlawick, P., Beavin, J., & Jackson, D. (1967). Pragmática da Comunicação Humana. Um estudo dos padrões, patologias e paradoxos da interacção. São Paulo: Cultrix.

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