O termo ciberjornalismo é correspondente ao jornalismo praticado no meio online. Ao completar 20 anos em 2017, o ciberjornalismo está cada vez mais presente no nosso dia a dia. Ao contrário do jornalismo tradicional, ele pode ser atualizado minuto a minuto, mantendo-nos constantemente informados.
Facilmente acessível, o ciberjornalismo não foi sempre o mesmo. No início, era apenas a transição ou transcrição do conteúdo presente no jornalismo impresso para as plataformas digitais. No início dos anos 2000, as plataformas ainda eram muito limitadas e o acesso à internet muito reduzido.
Com a amplificação da rede mundial e a baixa de preço dos computadores, o ciberjornalismo passou a atingir cada vez mais pessoas, até que ultrapassou o jornalismo tradicional em números. Atualmente, é possível ter acesso a diversos tipos de jornais online.
Quando surgiram os telemóveis e tablets, o ciberjornalismo sofreu novamente uma adaptação, passando a se diferenciar mais do jornalismo tradicional. Os textos ganharam mais hiperligações, vídeos, fotos e conteúdos interativos. Os conteúdos inclusive passaram a diferenciar-se.
Com o ciberjornalismo, é mais fácil criar jornalismo direcionado para um público específico (Bastos, 2010), por exemplo. Além disso, tudo passou a ser em tempo real, pois os espaços virtuais não têm limites. As fontes, antes muitas vezes inacessíveis, estão ao alcance de um clique.
Em 2001, com os acontecimentos do 11 de setembro, foi a primeira vez que um atentado foi transmitido em direto tanto na televisão como na internet. Isso mudou a forma de fazer jornalismo como um todo.
Sustento da actividade do ciberjornalismo
No ciberjornalismo, o meio de sustento dos jornais também é diferente. A publicidade já não é suficiente, pois com o invento dos bloqueadores nos navegadores, muitos consumidores não clicam nas publicidades. Alguns jornais já dispõem de versões pagas online.
É possível assinar por um período de tempo o conteúdo produzido por um jornal online. Há jornais que inclusive incluem ambas as versões nas suas assinaturas: online e impresso.
A combinação da informação escrita com a visual também é uma grande mudança que o ciberjornalismo trouxe para a sociedade. É o que muitos teóricos chamam de hipertexto. Ainda mais agora com a possibilidade da realidade virtual.
O que muda com o novo fenómeno?
Já são diversos os géneros jornalísticos disponíveis online. Isso fez também que a literacia se modificasse (Zamith, 2008), principalmente por causa da interatividade. Entretanto algumas questões e pilares do anteriores do jornalismo tradicional deixaram de ser tão importantes.
Como destaca Bastos (2010), o rigor na verificação dos factos e o compromisso com a verdade perderam importância na transição para o ciberjornalismo. Como a produção de notícias tornou-se industrial, a necessidade de manter a qualidade diminuiu.
Zamith (2008) também destaca as mudanças enfrentadas pelos jornalistas na chegada do ciberjornalismo. Pois os jornalistas que passaram pela transição tiveram de adaptar-se ao uso de novas tecnologias e plataformas. A multimedialidade exige dos jornalistas um conhecimento que até o início do ciberjornalismo não estava disponível na academia.
O ciberjornalismo então obriga mais saber do jornalista. Requer experiência com algumas linguagens de programação, com edição de fotos e vídeos e com os sistemas de softwares utilizados pelos jornais. As escolas de jornalismo de agora inclusive já ensinam o jornalismo voltado para as plataformas digitais.
A nova narrativa hipermediática destacada por Bastos (2010) é embasada naquilo que o público quer ver. As exigências do público também são maiores no ciberjornalismo, porque as opções de leitura são maiores e gratuitas em geral. Os leitores podem interromper a leitura de uma notícia a qualquer momento em um sítio e passar logo a outro.
A personalização do jornalismo também acaba por organizar melhor os conteúdos de forma a agradar o leitor. Agora, as pessoas podem buscar ler e informar-se apenas naquilo que realmente têm interesse.
References:
Bastos, H. (2010). Origens e Evolução do Ciberjornalismo em Portugal: Os Primeiros Quinze Anos (1995-2010). Porto: Edições Afrontamento.
Zamith, F. (2008). Ciberjornalismo: As potencialidades da Internet nos sites noticiosos portugueses. Porto: Edições Afrontamento.