Pré-Socráticos, Filosofia

Os Pré-Socráticos foram filósofos que viveram na Grécia antiga por volta do século VI a.C.. A principal preocupação deles estava em compreender a natureza e por isso foram chamados mais tarde de filósofos naturalistas ou physiólogos (físicos). Entretanto, não havia neles o olhar reducionista e objetivista que hoje temos com relação a natureza. Ela não era vista como um conjunto de elementos naturais a serem manipulados e explorados por nós como forma de fruição de nossas necessidades. Com os Pré-Socráticos, a natureza é concebida como algo dinâmico, uma força em transformação, em movimento, buscando sempre uma progressiva harmonia de suas partes.

 


A maioria dos Pré-Socráticos é proveniente da Ásia menor, por essa razão muitos historiadores acreditam na influência de seus pensamentos pelas religiões e filosofias orientais. Apesar de ser uma possibilidade, se convencionou atribuir a originalidade deles à fatores históricos, culturais, econômicos e sociais do período em que viveram. Como por exemplo, temos a formação da cidade, a utilização da moeda e da escrita, a prática de viagens marítimas e a implementação da lei escrita. Tais fatores tornaram os Pré-Socráticos os filósofos que viveram o início do rompimento com o pensamento mítico no que diz respeito a explicar a realidade. A partir deles o aspecto sobrenatural e os mistérios vão deixando de satisfazer às necessidades práticas da vida e uma nova ordem vai se estabelecendo, agora mais atenta a realidade mundana.

A contribuição dos primeiros pensadores ao desenvolvimento do pensamento filosófico encontra-se em um conjunto de noções que tentam explicar a realidade e que constituirá em grande parte alguns conceitos básicos das teorias sobre a natureza que se desenvolverão a partir de então. Embora essas noções sejam ainda um tanto imprecisas podemos dizer que a filosofia e a ciência têm aí o seu início em nossa tradição cultural. Dentre tais noções podemos considerar a ideia de physis, a noção de causalidade (relação de causa e efeito), arché, cosmo e logos.

Todas as obras dos pré-socráticos foram perdidas, restando-nos apenas fragmentos que nos chegaram por diversos textos de Platão, Aristóteles, Estóicos, Sexto Empírico, Cícero e os Neoplatônicos.

Os principais Pré-socráticos foram:

Tales de Mileto afirmava que o princípio de tudo é a água. “O morto resseca, enquanto os germes são úmidos, e os alimentos cheios de seiva”.

Anaximandro não explica a gênese pelo elemento primordial (arché), mas pela separação dos contrários em consequência do movimento eterno. Portanto, segundo ele, não é a água nem qualquer outro elemento, mas alguma natureza diferente, ilimitada, e de que dela nascem os céus e os mundos neles contidos – o a-peiron.

Anaxímenes, dizia que tudo provém do Ar e retorna ao Ar. Também ele faz o eterno movimento pelo qual se dá a transformação.

Heráclito parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas umedecem – aí está o início de tudo.

Empédocles, diz que “não há nascimento para nenhuma das coisas mortais, como não há fim na morte funesta, mas somente composição e dissociação dos elementos compostos: terra, água, fogo e ar. Mas são duas forças fundamentais responsáveis pela manutenção do universo – O AMOR que unia os elementos (raízes) e o ÓDIO que os separava”.

Pitágoras considerava a essência, o princípio fundamental que forma todas as coisas no número. Cada figura geométrica e, portanto, cada corpo existente, pode ser pensado como uma quantidade finita de elementos-base unitários: os números.

Parmênides pode ser entendido através de três pontos:  a imobilidade do Ser; O mundo sensível é uma ilusão; O Ser é Uno, Eterno, Não-Gerado e Imutável.

Demócrito admite que tudo o que existe é composto por elementos indivisíveis chamados átomos (átomo em grego significa “a”, negação e “tomo”, divisível – indivisível). Não há certeza se a teoria foi concebida por ele ou por seu mestre Leucipo.

*Sobre Pré-Socráticos ver também:

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References:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 1° ed. brasileira coordenada e revista por Alfredo Bosi; revisão da tradução e tradução de novos textos Ivone Castilho Beneditti – 6°ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2012.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria helena Pires. Filosofando. 4° Ed. São Paulo: Moderna, 2009.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 2°ed. Rio de Janeiro: 2007

MEIER, Celito. Filosofia: por uma inteligência da complexidade. 1°ed. Belo Horizonte: Pax editora, 2010.

 

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