A vitamina C, também conhecida como ácido ascórbico, é uma vitamina hidrossolúvel que apresenta atividade antioxidante. Na década de 30 do século passado, este composto foi identificado como um fator anti-escorbuto e, daí, deriva o termo ascórbico. A partir desta época, o ácido ascórbico passou a ser usado para a prevenção e tratamento do escorbuto, uma doença que resulta da carência da vitamina C e provoca ferimentos nas gengivas.
O ácido ascórbico é sintetizado pelas plantas e, por isso, está naturalmente presente na grande maioria das frutas e vegetais. Vários animais também são capazes de produzir a vitamina C mas ela não pode ser sintetizada ou armazenada pelos seres humanos pelo que tem de ser obtida pela dieta. Os humanos e outros primatas carecem a enzima gulonolactona oxidase que catalisa o último passo enzimático na síntese do ácido ascórbico.
A vitamina C refere-se a todos os compostos que exibem a atividade biológica equivalente do ácido L-ascórbico, inclusive os seus produtos de oxidação (como o ácido desidroascórbico), os seus isómeros (como o ácido isoascórbico), a sua forma derivada de éster (como o palmitato de ascorbilo) e as formas sintéticas (como o 6-desoxi-L-ascorbato ou o 2-fosfato-L-ascorbato).
A vitamina C aparece nos alimentos sob duas formas principais:
- o ácido L-ascórbico (L-AA) – a forma reduzida;
- e o ácido desidroascórbico (DHAA) – a forma oxidada.
A forma maioritária encontrada nos produtos hortícolas frescos está na forma reduzida, sendo que o DHAA representa menos de 10% do ácido ascórbico total mas o seu conteúdo tende a aumentar durante o armazenamento dos alimentos. Efetivamente, o ácido L-ascórbico é rapidamente oxidado a DHAA e esta oxidação pode ser induzida pela exposição a temperaturas e pH elevados, à luz, à presença de oxigénio ou de metais (como Fe3+, Ag+, Cu2+) e por ação enzimática.
Funções no organismo
A forma reduzida do ácido ascórbico é de longe a mais predominante encontrada no plasma e tecidos. No corpo humano adulto, o ácido ascórbico apresenta uma semivida de cerca 10 a 20 dias. A sua principal via de excreção é através da urina predominantemente sob a forma de metabolitos como o DHAA, o ácido 2,3-cetogulónico e o ácido oxálico.
O ácido ascórbico é um potente antioxidante ou agente redutor que é capaz de eliminar radicais livres das espécies reativas de oxigénio (ROS) e de azoto (RNS) que têm o potencial para danificar os ácidos nucleicos e promover a carcinogénese. O ácido ascórbico reage com os ROS, neutraliza-os e converte-se no radical semi-hidroascorbato que é pouco reativo.
A vitamina C desempenha um papel crucial na produção de colagénio, uma proteína fibrosa importante que compõe o tecido conjuntivo.
A vitamina C está envolvida em muitos outros processos metabólicos como a absorção de ferro, síntese de carnitina, síntese de alguns hormonas e neurotransmissores e função imunitária, etc.
Dose diária recomendada e fontes alimentares
Esta é uma das vitaminas mais abundantes nos alimento mas está entre as mais sensíveis ao processamento dos alimentos. Boas fontes de vitamina C incluem batatas, citrinos, tomate, sumos de fruta enriquecidos, kiwis, morangos, brócolos, couves, espinafres, etc.
O ácido ascórbico é produzido industrialmente a partir de D-sorbitol para ser usado na indústria alimentar, na produção da ração animal e no sector farmacêutico e também é vendido ao público como suplemento alimentar.
Os aditivos alimentares encontrados nos alimentos são identificados como:
- E 300 – ácido ascórbico;
- E 301 – ascorbato de sódio;
- E 302 – ascorbato de cálcio.
A dose diária recomendada é:
- 90 mg para homens adultos;
- 75 mg para mulheres adultas;
- 85 mg para mulheres grávidas;
- 120 mg para mulheres em lactação.
Carência
A carência de vitamina C compromete síntese de colagénio que pode levar ao desenvolvimento do escorbuto. Apesar dos grandes avanços no tratamento desta doença, continuam a ocorrer alguns casos, sobretudo indivíduos alcoólicos com alimentação desequilibrada.
References:
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