Vitor Manuel Afonso Damas de Oliveira nasceu a 8 de Outubro de 1947, e foi guarda-redes de Futebol e também treinador de Guarda-Redes e Treinador adjunto, conhecido como o Eusébio do Sporting. É natural de Lisboa, e foi nessa cidade que fez grande parte do seu trajeto como futebolista.
Começou a jogar futebol aos 14 anos, através de um vizinho que jogava ténis de mesa no clube, e na formação do Sporting Clube de Portugal, o seu primeiro grande momento foi num dérbi dos principiantes contra o eterno rival Sport Lisboa e Benfica. O Sporting perdeu o jogo e o jogo correu bastante mal ao guarda-redes, que acabou a partida lavado em lágrimas. Cerca de um ano depois, aos 15 anos já estava na equipa de juniores, tendo sido Campeão Nacional de Juniores nessa época. Era também nessa altura o Guarda Redes dos Juniores da Seleção Nacional de Portugal.
Um relato do próprio sobre essa época:
“Nos dias anteriores todo eu era uma pilha! Quando entrei no rectângulo o estádio parecia um mundo. Veio o primeiro remate e saltei à gato para recolher o esférico, mas passou-me por baixo da barriga. Felizmente que a bola embateu no poste e ressaltou para fora. Todavia, o meu nervosismo originou dois golos para os encarnados e, ao segundo, não pude mais. Saí debulhado em lágrimas, sentindo o peso do fracasso, para mim de dimensões imensuráveis. Porém, no ano seguinte, em 1962, já tinha vencido essas debilidades psicológicas, tudo nos correu bem e o Sporting alcançou o título nacional, vencendo, em Leiria, a Académica de forma concludente, por 5-1. Era o meu primeiro título nacional”.
Dessa época, houve algo que o marcou. Pelas palavras do próprio algo que acontecia quando ele entrava na mítica Porta 10A. “O Carlos Gomes era o guarda-redes a que era suposto eu vir a suceder. Havia uma fotografia dele, de boné, a fazer uma defesa em grande estilo e sempre que eu passava – o balneário dos juvenis era para o lado direito – ficava a olhar e pensava ‘vou ver se um dia consigo fazer uma coisa destas’.”
Aos 17 anos, assinou o primeiro contrato profissional (20 contos e prémios) mas apenas estreou-se pelo Sporting aos 19 anos, num jogo que ficou empatado a dois golos, frente ao Futebol Clube do Porto, em 12 de Fevereiro de 1967. Contudo, apenas viria a fixar-se na Equipa Principal posteriormente, e sucedeu a Carvalho. No ano de 1969, recebeu o Prémio Stromp de Atleta Profissional do Ano. Foi também nesse ano que se estreou na Seleção Nacional de Futebol. Durante as próximas oito épocas foi o guarda redes titular, e chegou a capitanear a Equipa. Foi também durante esta época que teve imensos duelos com Eusébio, e ficou conhecido como o Eusébio do Sporting (alcunha dada pelo jornalista Carlos Pinhão, fervoroso benfiquista, escrito uma vez em manchete). Ganhou pelo Sporting Clube de Portugal nestes oito anos dois Campeonatos Nacionais e três taças de Portugal. A nível Europeu alcançou por uma vez a meia final da Taça das Taças. A sua estreia na Europa aconteceu em 1968, a 18 de Setembro contra o Valência, numa vitória por 4-0.
Durante esse período ele faz aquela que é uma das suas melhores defesas, mostrada em anexo:
Este jogo, foi no ano de 1969/1970 e o Sporting venceu por 1-0. Conforme o relato do próprio mostrado no vídeo foi a defesa mais difícil que fez.
Outro momento épico acontece num jogo em 1971, a 3 de Novembro na qual o Sporting viria a ser eliminado. O Sporting venceria o jogo por 3-2, mas seria eliminado por golos fora. No entanto, devido a um erro, foram marcados os penalties, onde Vitor Damas viria a defender todos.
Pela Seleção de Portugal estreia-se a 6 de Novembro de 1969 num jogo contra o México. Alternou a titularidade com José Henrique e Manuel Bento do Sport Lisboa e Benfica, jogando apenas 29 vezes pela Selecção Nacional durante os cerca de 20 anos de carreira. Pela Seleção realiza também algumas defesas extraordinárias, como aquela em 1975 em Wembley num jogo que terminou empatado a zero.
Após o 25 de Abril de 1975, o Futebol Clube do Porto lançou um raide e conseguiu desviar Alhinho e Dinis de Alvalade, e os rumores indicam que tentaram também atraír Damas por um ordenado de 100 contos. Para evitar essa tragédia, o então presidente do Sporting João Rocha, que não conseguiu renovar com o atleta, vendeu-o ao Racing de Santader de Espanha. O então Seleccionador Nacional, acumulava funções como treinador do Futebol Clube do Porto, Pedroto, deixou de o chamar à Seleção. Foi assim que Bento assumiu-se como titular da Seleção Nacional.
Desterrado em Espanha, num clube de pequena dimensão, foi titular durante os 4 anos que permaneceu em Espanha. Teve convites para ir para equipas de maior nomeada, como o Atlético de Madrid, mas a limitação de estrangeiros, e a recusa do presidente do Santander em vendê-lo fizeram que fosse permanecendo no clube.
Em 1980, findo o contrato com o Racing de Santander, Vitor Damas Retorna a Portugal para jogar pelo Vitória de Guimarães de José Maria Pedroto. Duas épocas depois assina pelo Sporting Clube de Portimonense onde joga mais dois anos. Em 1984 retorna ao Sporting, aos 36 anos, para vencer apenas uma Supertaça. Iria a tempo porém de participar em fases finais do Europeu. É suplente de Manuel Bento na fase final do Europeu de 84, onde Portugal é semifinalista, e foi o Guarda Redes que jogou, devido a infortúnio de Manuel Bento, no Mundial do México em 1986. É aí que se retira da Seleção Nacional de Portugal.
Os últimos anos, começa a perder a titularidade. O jovem Rui Correia, rouba-lhe o lugar em 1987/1988. No final de um jogo da Taça das Taças em Novembro de 1987 Vitor Damas lança esta farpa contra o seu técnico: “Não estou ao serviço do senhor Burkinshaw nem me estou a servir a mim próprio, sirvo apenas o Sporting Clube de Portugal. Suplente? Nem sempre fui suplente, cheguei até a ser terceiro guarda-redes”.
O seu último jogo como profissional de futebol acontece em 27 de Novembro de 1988 aos 41 anos, frente ao Académico de Viseu, no Estádio do Fontelo, uma partida para o Campeonato. Assim como a sua estréia, o seu último jogo terminou com um empate a duas bolas.
Foi convidado, pelo então presidente Jorge Gonçalves para adjunto de Pedro Rocha. Passaria ainda por treinador interino, antes de regressar a treinador adjunto. A partir de daí, os clubes passam a ter um treinador exclusivo para os guarda redes, e Vitor Damas, assume-se como o treinador de Guarda Redes do Sporting, até o ano de 1999. Nessa época passou a ser o treinador principal do Lourinhanense, clube satélite do Sporting Clube de Portugal que funcionava como uma espécie de equipa B. Passou para a equipa B quando ela foi formada e treinou-a em 2001.
Ao todo, vestiu 743 vezes a camisa do Sporting como guarda redes, sendo um dos recordistas do Clube de Alvalade. Faleceu em 13 de Setembro de 2003, vítima de cancro do pulmão, causada pelos excessos e irreverência que sempre caracterizaram o seu comportamento. Contudo, diz-se que morreu feliz, pois pouco tempo antes tinha declarado ao jornal Sporting que morreria feliz se puder “estar presente na inauguração do novo Estádio”.
A partir de Julho de 2009 o nome da baliza do topo sul do Estádio José de Alvalade passou a chamar-se Vitor Damas, em homenagem a este símbolo do clube.