Johann Alois Senefelder

A história de Johann Alois Senefelder, é o exemplo perfeito de como, as dificuldades surgidas na vida de um homem, podem por vezes, levá-lo a fazer descobertas incríveis e fundamentais para a história da humanidade.

Nasceu: Praga, a 6 de Novembro de 1771

Morreu: Munique, a 26 de Fevereiro de 1834

Conhecido: como actor e dramaturgo, mas principalmente por ser o inventor da técnica de impressão litográfica em 1798.

Alois Senefelder (1771-1834), Hanfstaengl, Lithographie 1834

Alois Senefelder (1771-1834), Hanfstaengl, Lithographie 1834

Biografia:

Johann Aloys Senefelder, nasceu em Praga, a 6 de Novembro de 1771. Filho mais velho de um actor que trabalhava no Teatro da Corte, em Munique, habituou-se a amar a vida artística e não foi sem relutância que, aos 15 anos, se encaminhou para a Universidade de Ingolstadt, para estudar Direito. Mas com a morte do pai, depressa deixa a universidade para abraçar a vida artística tanto desejada.

Em vez da gloria por ele sonhada, só encontrou humilhações e renuncias na vida de actor. Resolveu abandonar o teatro e dedicar-se apenas à escrita. Para isso era preciso tornar-se conhecido, e para isso, necessitava um editor que aceita-se publicar e imprimir as suas peças.

Mediante a dificuldade e uma vez que não encontrava entusiasmo por parte dos editores, Senefelder a conclusão que poderia editar suas próprias obras se possuísse uma tipografia própria. E assim começa a sua procura de meios de impressão, poder imprimir e reproduzir os seus próprios textos e partituras.

Em 1796, Senefelder tem o mérito de ter conseguido equacionar e sistematizar os princípios básicos da impressão a partir da pedra, descobrindo as possibilidades da pedra calcária para fazer impressões e, após dois anos de experimentações, inventou e desenvolveu a técnica da litografia.

A litografia utiliza como matriz uma pedra calcária que pelas suas características (grão naturalmente certo e facilidade de polimento), permite desenhar livremente com uma tinta gorda, a tinta litográfica, ou com o lápis litográfico, que pode apresentar vários graus de dureza. Completado o desenho, este é fixado à pedra com um mordente e a tinta é retirada com aguarrás e depois lavada com água. Para se efectuar a tintagem, passa-se um rolo com tinta sobre a pedra humedecida. As superfícies desenhadas secam rapidamente e recebem a tinta, enquanto as superfícies livres repelem a tinta.

Ao contrário das outras técnicas da gravura, a litografia é planográfica, ou seja, o desenho é feito através da gordura aplicada sobre a superfície da matriz, e não através de fendas e sulcos na matriz, como na xilogravura e na gravura em metal.

Em 1818, publica o tratado Vollstandiges Lehrbuch der Steindruckery (“Um curso completo em litografia”), onde relata em duas partes a sua invenção, sendo que na primeira conta história da invenção e seus diferentes processos, enquanto na segunda parte, descreve as instruções práticas para a sua aplicação.

No livro Senfelder revela que após vários experimentos descobriu uma pedra composta por calcário poroso e quebradiço, encontrada em grandes depósitos naturais na Baviera, sobre a qual era feito o desenho com um lápis gorduroso que marcava a pedra. “Depois de feito o desenho, a pedra passa por um processo de gravação química, que tem o objectivo de fazer com que a gordura do material utilizado para desenhar penetre na pedra, criando uma ‘mancha química’, e dessensibilizar as áreas sem imagem, tornando-as insensíveis à recepção de gordura”. 

Em seguida a pedra era humedecida com água e as partes não protegidas pelas marcações do lápis oleoso absorviam a água. Após isso uma tinta a óleo era espalhada pela pedra, sendo que só as partes oleosas captavam tintas, que mais tarde através de pressão eram transferidas para o papel.

Essa simplicidade da técnica, comparada a outros métodos utilizados na época, como a tipografia, provou mudanças importantes na produção da imagem.

Primeiro, acabou com a divisão entre o desenhista e o gravador, considerado um técnico responsável pela execução do desenho. Com a litografia, o artista pôde ele mesmo ocupar-se da gravação da imagem por ele concebida, interrompendo um ciclo de ‘informação de segunda mão’. A segunda mudança foi provocada pela rapidez com que uma imagem passou a ser produzida, ampliando suas possibilidades de representação. A terceira diz respeito ao aumento da tiragem, dada a maior resistência da pedra litográfica em relação às outras chapas. (SANTOS, 2008, p. 50.)

A rápida disseminação da técnica litográfica, possível principalmente graças às obras publicadas pelo próprio inventor, que se propôs divulgá-la e explicá-la didacticamente, abriram novos caminhos para a produção artística e foi também um enorme passo na evolução da impressão de carácter comercial.

Esta invenção abriu novos caminhos para a produção artística, significando também um enorme passo na evolução da impressão de carácter comercial.

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References:

CURLEY, Robert. The 100 Most Influential Inventors of All Time. The Rosen Publishing Group, 2010

HIND, Arthur M. A History of Engraving and Etching. Courier Corporation, 2011

HOLLIS, Richard. Design gráfico: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2000

MCNEIL, Ian. An Encyclopedia of the History of Technology – Routledge Companion Encyclopedias. Routledge, 2002

OLIVEIRA, Marina. Produção gráfica: para designers. Rio de Janeiro: 2AB, 2000

SANTOS, Renata. A Imagem Gravada: A Gravura no Rio de Janeiro Entre 1808 e 1853. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008

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