Cornelius Castoriadis

Nascimento

Constantinopla, 11 de Março de 1922

Morte

Paris, 26 de Dezembro de 1997

Ocupação

Filósofo, Crítico Social, Economista e Psicanalista

Obra Principal

“A Instituição Imaginária da Sociedade” (L’Institution Imaginaire de la Société, 1975)

Vida e Pensamento

Cornelius Castoriadis

Cornelius Castoriadis

 

Cornelius Castoriadis (1922-27) foi um filósofo, economista, psicanalista, teórico social e revolucionário pós-marxista francês de origem grega. Nascido em Constantinopla (Istambul) em 1922, Castoriadis cresceu na Grécia durante um período conturbado, uma vez que o regime era ditatorial, e considerando que o país atravessava a crise da guerra civil.

A educação de Castoriadis consistiu na filosofia, direito e política, na Universidade de Atenas, e posteriormente, enquanto membro da resistência comunista e trotskista, lutou contra os nazis. Em 1945, parte para estudar em Paris, onde viria a fundar em 1948 o jornal Socialisme ou Barbarie (1949-67), cujas ideias se repercutiram tremendamente entre os estudantes e trabalhadores, contribuindo mesmo para os tumultos de Maio de 1968.

Até 1970, Castoriadis encontrou-se impedido de obter a cidadania francesa, levando uma vida dupla, uma vez que contrapunha à sua atividade revolucionária o papel de economista no Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Enquanto teórico proeminente do jornal ao qual deu luz, Castoriadis iniciou uma série de críticas à tradição marxista. Contra as definições estatistas do socialista, ou seja, as políticas de nacionalização, Cornelius Castoriadis advogou por um projeto que concedesse ao trabalhador uma autonomia humana inalienável. Depois de 1970, requalificou-se como psicanalista, e tornou-se no diretor da École de Hautes Études.

O trabalho produzido por Cornelius Castoriadis na sua maturidade enquanto pensador, exemplificado na obra The Imaginary Institution of Society (1975), entre numerosos ensaios, apresenta uma crítica original e interdisciplinar das sociedades capitalistas contemporâneas, sendo proposta uma alternativa ao clima de relativismo pós-estruturalista. O carácter interdisciplinar de grande parte dos escritos de Castoriadis contribuíram para a recepção lenta do mesmo na sociologia, apesar dos elogios tecidos por figuras como Jurgen Habermas, Agnes Heller e Zygmunt Bauman. No entanto, o trabalho de Castoriadis é rico nas perspetivas que tem a oferecer à teoria crítica, e como as últimas figuras referidas, entende a teoria como necessária, mas acima de tudo, como um momento parcial no gesto socio-histórico. Especificamente, as suas ideias sociológicas encontram-se inextricavelmente ligadas ao repensamento dos modos como a ação social pode culminar na liberdade humana e justiça.

Filosoficamente, Cornelius Castoriadis edifica a sua teoria social em termos ontológicos. Contra a tradição dominante do pensamento ocidental, argumenta que é a indeterminação que caracteriza a realidade social e natural, desafiando as declarações pertencentes ao objetivismo determinista, nomeadamente a ideia de que a realidade consiste meramente num conjunto determinado de objetos racional e empiricamente circunscritos. Para Castoriadis, os objetos relacionados por cadeias de causas e efeitos inevitáveis representam apenas uma camada determinada do ser. A par desta permanece uma camada indeterminada, que no mundo social se revela na capacidade humana para a imaginação criativa, tanto no nível individual como coletivo, dimensões estas respetivamente denominadas como imaginário radical e imaginário social.

A imaginação não consiste somente no ilusório, mas sim na capacidade de ver as coisas sob uma outra luz, que auxilia o humano a conceber novas respostas para as mesmas situações, ou mesmo a criar novas situações. Consequentemente, Castoriadis concebe as instituições sociais como criações de um imaginário social em ação, que nas palavras do próprio, é um magma instável de significados culturais, que transcendem a razão ou a realidade empírica. Portanto, a sociedade é uma ordem dialética aberta entre as instituições já concebidas e a conceção de novas instituições. À luz destes dados, as instituições não podem ser explicadas por referência a causas e funções, posto que requerem a elucidação da significação que as dinamiza e transforma.

Ao atestar o poder da imaginação na vida social, o trabalho de Cornelius Castoriadis revela-se como uma abordagem robusta ao pronunciamento do fim da história com o triunfo do capitalismo global. Por outro lado, é também um convite à imaginação de uma sociedade nova e mais justa

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