Clóvis

Clóvis foi responsável pela unificação das tribos francas, fundador do Reino Franco e consequentemente da actual França, é um dos maiores símbolos do nacionalismo francês.

Biografia de Clóvis:

 

Clóvis nasceu no ano de 466 d.C., naquilo que actualmente corresponde à Bélgica, filho de Childerico I Rei dos francos sálios e Basina da Turíngia. Morreu a vinte e sete de Novembro de 511 aos quarenta e cinco anos. A sua vida ficou marcada pela unificação dos francos, e constituição do Reino Franco, antecessor da França moderna.

Contrariamente ao Império Romano que registava e narrava todos os acontecimentos, os registos sobre os primórdios dos primeiros reinos bárbaros que sucederam a esta entidade politica são escassos, assim sendo não existem muitos registos da época sobre o reinado de Clóvis.

Quando Clóvis nasceu, o Império Romano do Ocidente estava a uma década de ruir, mas em 466 ainda exercia uma forte influência na Gália, muita à custa da romanização levada a cabo em muitas tribos germânicas. Essa romanização foi feita a partir de alianças com os bárbaros, o avanço Huno desde o Leste da Europa, provocou a migração de imensas tribos, que procuravam estabelecer-se no interior do Império, de forma a aumentar os efectivos no exército, mão-de-obra disponível, valor colectado em impostos e actividade comercial, Roma estabeleceu acordos com certos povos bárbaros, entre eles estavam os Francos que fixaram-se na Gália.

Com a queda do Império Romano do Ocidente em 476, Siágrio manteve a autoridade romana no norte da Gália. Após a morte do pai, Clóvis sucedeu-o no comando da tribo franca dos sálios. Rapidamente Clóvis começou o processo de unificação dos francos, até então divididos em diversas tribos, cada uma delas com uma autoridade governativa própria, o que dificultava entendimentos.

De forma a expandir o território e influência franca, Clóvis eliminou a ameaça romana na Gália, mesmo com o colapso da autoridade central, os séculos de domínio romano continuavam a ensombrar a memória dos bárbaros. Em 486 Clóvis derrotou Siágrio, passando a dominar o norte da Gália.

O passo seguinte de Clóvis foi assegurar uma aliança com os Ostrogodos, promoveu o casamento da sua irmã Audofleda, com Teodorico, o Grande, rei dos Ostrogodos. Na Batalha de Tolbiac eliminou a ameaça alamana na Gália. Na Batalha de Vouillé, derrota os Visigodos que controlavam a parte sul da Gália, graças a esta vitória, os francos estenderam o seu domínio ao sul da Gália, e controlavam um território que assemelhava-se à actual França, os Visigodos acabariam por ficar circunscritos à Península Ibérica.

A acção de Clóvis não ficou limitada ao aspecto militar, reformou o sistema político franco, ao unificar as diversas tribos sob um único Rei, transmitindo o poder aos seus descendentes, formou o Reino Franco e a dinastia merovíngia. Assim chegou ao fim o anterior sistema governativo franco de diversos reis, e foi fundado um Reino que perdura até os nossos dias, agora na forma de República.

Clóvis conquistou a Gália, mas esta era uma das regiões mais romanizadas e cristianizadas do antigo Império. O soberano franco continuava a seguir a sua fé pagã germânica até 508, ano em que converteu-se ao cristianismo. Esta conversão permitiu aproximar-se da generalidade da população gaulesa, romana e cristã, mas enfraqueceu a sua posição relativamente à elite militar franca, daí os últimos anos do reinado de Clóvis, não tenham visto grande actividade bélica. A conversão ao cristianismo permitiu também a aproximação ao Império Romano do Oriente – Império Bizantino.

Representação baptismo de Clóvis.

Representação baptismo de Clóvis.

A sua sucessão foi feita ao modo germânico, dividido pelos seus quatro filhos. Este tipo de sucessão fragmentava o reino e provocava conflitos internos. Esta situação iria manter-se por mais dois séculos, até a ascensão dos Carolíngios ao poder.

O legado de Clóvis é bem visível actualmente, e tem por seu nome França, ao unificar os francos, eliminando a autoridade tribal e centrando o poder em si, e conquistando a Gália, lançou as bases identitárias e territoriais deste país, a sua conversão ao catolicismo, permitiu ao reino tornar-se o defensor do papado e da cristandade no Ocidente.

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References:

ÁLVAREZ PALENZUELA, Vicente (Coord.); Historia Universal de la Edad Media, Ariel, 2002
BALARD, Michel (et alii); A Idade Média no Ocidente: dos Bárbaros ao Renascimento, D.Quixote, 1994

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