A Casa de Borgonha governava o Ducado da Borgonha, uma das mais influentes e ricas subdivisões administrativas do reino francês. A sua importância, económica e militar permitiu ao ducado vassalo do monarca franco, gozar de uma relativa independência.
A dinastia inicial da Casa de Borgonha foi extinta em 1026 com a morte sem descendentes do duque Otão-Guilherme. Em 1036 o monarca franco Henrique I cede o ducado ao irmão Roberto, Roberto I Duque de Borgonha, fundando assim o ramo capetiano da Casa de Borgonha, que viria a mostrar-se fundamental para a fundação do reino de Portugal.
Paralelamente a estas movimentações políticas de Henrique I em França, na Península Ibérica continuava o processo de Reconquista Cristã após a invasão árabe de 711. Roberto I teve diversos filhos entre eles, Henrique de Borgonha, como era o filho mais novo do duque não tinha qualquer hipótese de herdar o ducado, Henrique acede ao pedido de auxílio de Afonso VI, monarca do Reino de Leão, para combater os muçulmanos na Península Ibérica.
Pelo bom desempenho de Henrique na luta contra os mouros, Afonso VI cede-lhe o Condado Portucalense e a mão da sua filha ilegítima Teresa de Leão. Desta união nasce Afonso Henriques que iria fundar o Reino de Portugal a partir do Condado e uma dinastia directamente relacionada com a Casa de Borgonha, que reinaria em Portugal até 1383.
O Ducado e Casa de Borgonha eram uma entidade separada da Condado de Borgonha, convém fazer esta diferenciação. Tradicionalmente o Condado de Borgonha era vassalo do Sacro-Império Romano e não detinha o poder do Ducado. Assim como Henrique que acatou o apelo de Afonso Vi, Raimundo proveniente da dinastia condal de Borgonha fixou-se em Leão, tendo os seus descendentes formado uma dinastia monárquica na Galiza, Leão e Castela. Assim tanto o ramo ducal como o condal da Casa de Borgonha ascenderam a monarcas de casas reais peninsulares.
A influência dos nobres da Casa de Borgonha é visível tanto na acção política, como na religiosa com a fixação de ritos católicos romanos em detrimento da miscigenação de credos presente até a sua chegada no final do século XI à Península Ibérica. Em França e com o desenrolar da Época Medieval e Guerra dos Cem Anos, foi verificando-se uma centralização do poder que gradualmente foi retirando poder e influência à Casa de Borgonha. Em 1477 o Ducado de Borgonha é oficialmente extinto e incorporado na França levando ao fim da Casa de Borgonha.
References:
ÁLVAREZ PALENZUELA, Vicente (Coord.); Historia de España de la Edad Media, Ariel, 2002
GARCÍA DE CORTÁZAR, José Ángel; La Época Medieval, Alianza Editorial, 1988
GODINHO, Vitorino Magalhães; Portugal: A emergência de uma Nação (das origens a 1480), Colibri, Lisboa, 2004