Haeckel, Ernest

Biografia de Ernest Haeckel, um cientista alemão cujo trabalho se centrou no estudo da evolução, durante o século XIX…

Biografia de Ernest Haeckel

Ernest Haeckel foi um cientista alemão cujo trabalho se centrou no estudo da evolução. Ernst Heinrich Philipp August Haeckel nasceu em 1834 vindo a falecer com cerca de 85 anos em 1919. Haeckel, a par de outros cientistas da sua época, notabilizou-se em diversas áreas, entre elas, na biologia, filosofia e ainda na pintura.

A sua vida

Ernest Haeckel nasceu na Prússia (atual Alemanha) a 16 de Fevereiro de 1834. Filho de um funcionário do governo viveu a sua juventude em Merseburg, na Alemanha. A sua educação teve por base os ensinamentos evangélicos, no entanto, no fim da sua vida afastou-se dessas crenças.

Os seus estudos de correram em “Domgymnasium”, uma escola de Merseburg, tendo sido concluídos em 1852. Os seus estudos superiores centraram-se na área da medicina, tendo frequentado a Universidades de Würzburg, de Viena e de Berlim, onde foi aluno do fisiologista e anatomista Johannes Müller. Posteriormente retomou à Universidade de Jena onde estudou anatomia comparada e embriologia, tornando-se doutorado em Zoologia.

Haeckel formou-se em medicina na Universidade de Berlim em 1858, no entanto, a sua carreira nessa área não durou muito tempo. Tendo viajado para Itália, onde desenvolveu o seu interesse pela arte em geral e a pintura em particular.

Em 1864, Haeckel tomou conhecimento do trabalho de Charles Darwin. A leitura dessa obra foi um dos principais contributos para o percurso que Haeckel empreendeu ao longo da sua vida, uma vez que usou a obra “A origem das espécies” como base para a construção das suas teorias, além de ter propagado os ideais defendido por Darwin.

Após terminar os seus estudos em anatomia comparativa, torna-se professor nessa área em 1862, na Faculdade de Medicina da Universidade de Jena. Um ano mais tarde foi nomeado professor de zoologia na Faculdade de filosofia dessa mesma Universidade. Na mesma altura foi nomeado diretor do Instituto de Zoologia, onde permaneceu, durante cerca de 46 anos, até 1909, altura em que se reformou.

Haeckel casou de segundas núpcias (após o falecimento da suas primeira esposa Anna em 1864) com Agnes Huschke com quem viveu até à morte desta em 1915. Poucos anos depois Ernest Haeckel já bastante fragilizado vem a falecer na cidade de Jena, a 9 de Agosto de 1919. Com a sua esposa Agnes, Haeckel teve um filho e duas filhas.

Como muitos dos cientistas da sua época também Haeckel desenvolveu interesse por outras áreas do conhecimento como a antropologia, a psicologia e cosmologia, usando os conhecimentos que aprendeu para expandir a visão da biologia.

O seu trabalho

Os seus estudos debruçaram-se sobre os grupos de invertebrados, como os anelídeos e as esponjas (Porífera), devido a simplicidade dos seus organismos. Ao longo do seu trabalho nomeou uma grande quantidade de espécies, assim como criou diversos termos ainda usados hoje na biologia.

O estudo dos trabalhos de Darwin, tornaram Haeckel num dos defensores mais acérrimos da teoria da evolução, tendo encontrado na argumentação de Darwin as respostas às dúvidas que possuía. Numa das suas obras Darwin elogiou Haeckel admitindo que a sua teoria da evolução não teria sido necessária se Haeckel tivesse publicado as suas teorias em primeiro lugar, pois achava que os conhecimentos deste eram mais completos do que os seus.

A sua crença na teoria da evolução postulada por Darwin impeliu-o a propagar a mensagem de todas as formas que conseguiu encontrar, não só para académicos mas também a todos os que quisessem ouvir. Publicou diversos livros sobre o tema para a classe trabalhadora, de forma a fazer chegar a teoria da evolução ao Homem comum. Apesar de ser um defensor das ideias de Darwin, Haeckel não concordava completamente com as ideias de Darwin, tendo adaptados as descobertas de Darwin à sua forma de ver o mundo (misturou a seleção natural com um pouco do Lamarkismo).

Nos seus estudos Haeckel defendia que os organismos mais simples teriam surgido de forma espontânea a partir de matéria inorgânica, utilizando uma técnica de cristalização. A utilização de embriões para desenvolver os seus estudos sobre o desenvolvimento foram uma constante nos trabalhos de Haeckel, que via estas estruturas mais simples do desenvolvimento como a chave para a sua compreensão.

Apesar da sua investigação e dos conhecimentos que obteve nos seus estudos e em viajem, foi muitas vezes confrontado com a falta de provas empíricas para o seu trabalho, sendo este posto em causa diversas vezes.

Em 1866 publicou Generelle morphologie, uma morfologia geral apoiada nos princípios da selecção natural. Posteriormente em 1899 publicou Lei biogenética fundamental onde defende a ontogenia como a recapitulação da filogenia, nesta obra defende a sua teoria da recapitulação que teve grande sucesso no século XIX, apesar de posteriormente ter sido desacreditada.

Ernest Haeckel defendia que os seres humanos repetiam os estágios da sua evolução ao longo do seu desenvolvimento embrionário. Apoio esta premissa no facto de o ser humano aparentar possuir guelras durante uma das fases do seu desenvolvimento embrionário para afirmar que o ser humano já teria sido um peixe.

Os seus desenhos sobre as fases do desenvolvimento embrionário foram considerados falsos em 1874, tendo Haeckel confessado que alguns realmente eram falsificações. A dúvida em relação às falsificações permanece até aos dias de hoje, existindo artigos que defendem que as falsificações confessadas não foram as únicas, defendendo que haveria muitas mais. Enquanto outros cientistas defendem que essas afirmações são apenas uma tentativa para descredibilizar Haeckel.

Além do seu percurso como académico, Haeckel também se dedicou a trabalhos artísticos. Esses trabalhos têm vindo a influenciar inúmeras gerações de artistas, assim como de cientistas. Este tentou retratar a natureza como uma forma de arte, unindo nos seus quadros espécies da forma que lhe parecia mais harmoniosa.

Associação com o Nazismo e os ideais de superioridade

Haeckel dividiu o ser humano em 10 espécies diferentes atribuindo-lhes diferentes valores consoante seriam mais ou menos evolutivamente desenvolvidas. A espécie que se encontrava no topo da tabela era o Homem branco europeu (caucasiano) como o Homem mais evoluído ao mesmo tempo a firmou que as raças menos evoluídas estavam em condenados a extinguirem-se.

A evidência de que os embriões de espécies próximas possuíam semelhanças ao longo do seu desenvolvimento, serviu a Haeckel para afirmar que os brancos europeus seriam superiores aos elementos de outras raças, sendo que essas raças corresponderiam a uma fase anterior da evolução do ser humano.

Ao longo dos seus estudos e trabalhos Ernest Haeckel tentou unir a religião e a ciência, ao mesmo tempo que defendia que a politica, a economia e a ética nada mais eram do que biologia aplicada.

Apesar de não ter sido contemporâneo do terceiro Reich, uma vez que morreu em 1919, as suas descobertas e conclusões foram utilizadas por estes para fundamentar a perseguição desenvolvida contra outras raças. O partido Nazi utilizou muitas das suas teorias para justificar os comportamentos racistas e nacionalistas, assim como os ideais de superioridade racial. Houve quem afirma-se que os seus ideais de pureza, a defesa de que os seres mais evoluídos deveriam dominar os menos evoluídos e o seu racismo evolutivo contribuíram para o surgimento do Nazismo.

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References:

Ernst Haeckel. (2016). Encyclopædia Britannica. Consultado em: Fevereiro 29, 2016, em http://www.britannica.com/biography/Ernst-Haeckel

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