Conceito de Turismo de Massas
O Turismo de Massas caracteriza-se por uma procura turística crescente que associou uma oferta também crescente e cada vez mais diversificada, quer em produtos turísticos quer de destinos turísticos.
Considerações sobre o Turismo de Massas
O turismo, após a 2ª Guerra Mundial, perdeu o seu carácter elitista face ao desenvolvimento económico e social verificado, ou seja, as economias europeias atingiram patamares de crescimento elevado, possibilitando-lhes ultrapassar a destruição deixada pelas duas grandes Guerras Mundiais e os Estados Unidos da América começaram a vivenciar uma fase de apogeu político, militar e económico, esta realidade encaminhou o aparecimento do conceito de Turismo de Massas.
O Turismo de Massas conduziu ao aparecimento de um “novo” turismo, cuja importância económica e sociocultural lhe atribui o estatuto de massificado, sobretudo a partir do final da década de 50, isto porque, analisar o turismo é, sobretudo, refletir sobre um fenómeno de massas, tanto em termos do número de pessoas que o praticam (os turistas), dos agentes que a ele se associam (setores: público e privado), como dos espaços onde ele se desenvolve (destinos turísticos).
Por detrás ou como cenário deste processo de massificação do turismo estão presentes várias premissas, designadamente:
- a “nova” realidade económica, política e sociocultural como resultado das alterações ocorridas no séc. XX oriunda dos violentos conflitos mundiais;
- a bipolarização do mundo e construção de novas formas de relacionamento económico internacional;
- a consagração da hegemonia norte-americana;
- o avanço nos processos de descolonização; a inovação tecnológica (informática; biotecnologia; aeronáutica; nuclear);
- o reforço das migrações para os países desenvolvidos; a intensificação da intervenção dos estados nas economias (até anos 80);
- as novas formas de organizar o trabalho e a produção;
- os novos modos de relacionamento e interdependência entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento;
- o aumento do tempo livre (sobretudo a conquista da semana inglesa, a generalização das férias pagas e a redução do tempo de vida de trabalho);
- a maior disponibilidade psicológica e económica para ocupar o tempo livre com atividades turísticas (sobretudo nos países desenvolvidos).
Os progressos científicos e tecnológicos contribuíram para uma difusão dos espaços turísticos à escala mundial, verificando-se uma redução das distâncias relativas entre as principais áreas emissoras de turistas. O surgimento da oferta em massa baseada em pacotes completos e standardizados (viagem, alojamento, animações e outros serviços) para consumidores de variados estratos sociais e seduzidos por férias cada vez mais económicas. A “nova” mobilidade espacial, assente no tempo e no custo das deslocações permitiu deslocações rápidas, confortáveis e mais acessíveis até destinos cada vez mais longínquos.
O conceito de Turismo de Massas relaciona-se com a estruturação de um território com uma vocação predominantemente turística, que pode ocorrer em áreas balneares bem como em áreas rurais, entre outras. O desenvolvimento do produto sol e mar nas áreas costeiras foi durante muito tempo apontado na literatura académica como o exemplo marcante da existência de impactes negativos do turismo resultantes da massificação. Porém, a diversificação da oferta turística e o crescente afluxo de visitantes, tem alterado a estruturação dos espaços turísticos acabando por ser algo inerente a vários produtos turísticos provocando impactes negativos de dimensão significativa.
Num contexto de globalização e de internacionalização do turismo, a massificação poderá ser uma inevitabilidade de diversos destinos turísticos. Contudo, se existir uma política de ordenamento do território e uma gestão adequada, com os mecanismos condizentes de planeamento e de gestão ambiental (turismo sustentável), os eventuais impactes negativos poderão ser mitigados ou mesmo suprimidos, mantendo-se quer o interesse turístico, quer a sustentabilidade daqueles destinos.
O Turismo de Massas de uma maneira geral caracteriza-se pelo seu desenvolvimento rápido e descontrolado, com uma visão de curto prazo e setorial. Os turistas geralmente viajam em grandes grupos, consumindo programas organizados e apresentam uma postura acomodada e passiva. O Turismo de Massas apresenta por norma uma forte sazonalidade e uma oferta standartizada onde as estratégias de desenvolvimento não são planeadas, mas sim orientadas por projetos (expansão das construções) e o financiamento é oriundo de investidores/operadores externos.
Conclusão
Em suma, o Turismo de Massas apresentou como elementos facilitadores vários progressos (económicos, tecnológicos e sociais) e beneficiou das seguintes manifestações: democratização, globalização, desconcentração e diversificação dos destinos, flexibilização dos processos, competitividade acrescida e da singularidade (tradição e inovação).
References:
Referências Bibliográficas:
- Boniface, B., Cooper, C. (2001). Worldwide Destinations: The geography of travel and tourism, Butterworth-Heinemann, Kent.
- Confederação do Turismo Português, (2005). Reinventando o Turismo em Portugal, CTP, Lisboa.
- Williams, A., Show, G. (1994). Critical Issues in Tourism: A Geographical Perspective, Oxford: Blackwell Publishers.