Cividade de Terroso

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A Cividade de Terroso foi um dos mais importantes povoados da cultura castreja do noroeste da Península Ibérica, localizando-se na freguesia de Terroso, no concelho de Póvoa de Varzim, no distrito do Porto.

Este sítio arqueológico, conhecido na Idade Média como Montis Teroso, foi erigida no cimo do monte da Cividade, a 153 metros de altitude,no limite nascente da cidade. A Cividade de Terroso foi ocupada desde o século IX-VIII a.C. até ao século I-II d.C. Desde 1961 que o local está classificado como Imóvel de Interesse Público.

História da Cividade de Terroso

O povoamento deste local terá decorrido na Idade do Bronze entre 900 e 800 a.C., fruto da deslocação das populações residentes na planície fértil de Beiriz e na Várzea da Póvoa de Varzim. Estes dados são comprovados por vestígios arqueológicos recolhidos em 1981, o que permite perceber que este é um dos castros mais antigos, tal como a Citânia de Santa Luzia.

O castro teve relações comerciais importantes com várias civilizações do mediterrâneo, destacando-se o domínio cartaginês do sudeste da Península Ibérica. Mais tarde, os romanos tomaram conhecimento da riqueza de ouro e estanho nesta região e o assassinato de Viriato em 138 a.C. abriu caminho para as legiões romanas. Décimo Junio Bruto liderou uma campanha para dominar a região castreja e destruiu completamente a Cividade de Terroso.

Algum tempo mais tarde a Cividade foi reerguida, romanizada e integrada no Império Romano. Na planície litoral foi criada uma vila, propriedade de uma família romana, a que se terá juntado o povo castrejo. Assim surgiu a Vila de Euracino. A atividade piscatória desenvolveu-se com a cetária, um complexo fabril romano de salga e transformação de pescado.

Rocha Peixoto realizou os primeiros trabalhos arqueológicos na Cividade entre 1906 e 1907. Após a sua morte, as escavações em Terroso apenas foram retomadas em 1980. A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim tem apoiado os trabalhos arqueológicos, assim como os trabalhos de conservação e limpeza da estação. Os resultados das pesquisas estão expostos na Sala de Arqueologia do Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim.

Cividade de Terroso

Características

A fortificação é a principal característica dos castros. Os habitantes optavam por passar a viver no monte como forma de se protegerem contra saques e pilhagens, bem como ataques de rivais. Sendo erguida a 152 metros de altitude, a cividade permitia uma posição de vigilância da região. O lado norte estava bloqueado pelo monte de São Félix, onde terá surgido o Castro de Laundos, também serviu de proteção. A passagem de Túrdulos e Célticos motivou a melhoria dos sistemas defensivos dos castros por volta de 500 a.C. Assim, a Cividade de Terroso foi um dos castros mais fortificados, uma vez que a acrópole estava circundada por três cinturas de muralhas que terão sido construídas em diferentes fases.

As muralhas eram feitas de grandes blocos sem argamassa e estavam adaptadas às características do monte. As faces de acesso mais fácil tinham muralhas altas, largas e resistentes e as que se encontravam num terreno com declives abruptos eram menos cuidadas. A entrada que interrompia a muralha tinha um lajeado de cerca de 1,70 metros de largura. No interior dos anéis de muralhas ainda é possível observar ruínas de grande diversidade, nomeadamente os recintos funerários.

Cada um dos quadrantes da Cividade está dividido em núcleos em torno de um pátio familiar e divididos por duas ruas principais que se intercruzam. Estima-se que, no seu apogeu, a cividade teria cerca de 12 hectares e várias centenas de habitantes.

A urbanização da Cividade passou por várias fases:

  • Fase 1: as habitações eram à base de elementos vegetais misturados com barro
  • Fase 2: as primeiras construções em pedra surgiram no século V a.C.
  • Fase 3: já no período romano, deu-se uma reorganização urbana, com recurso a novas técnicas construtivas

Em alguns locais da Cividade foram descobertos vestígios de esgotos ou caneiros que tinham como objetivo encaminhar as águas das chuvas.

As principais atividades da população local eram a agricultura de cereais (trigo e cevada) e leguminosas (fava), a pesca, a pastorícia e ainda trabalhos com metais, têxteis e cerâmica.

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