No dia 7 de setembro de 1822, às margens do riacho do Ipiranga ( em São Paulo), o então Príncipe Regente do Brasil, Dom Pedro de Alcântara de Bragança proclamou a Independência do Brasil e bradou ” Independência ou Morte”, com a intenção de separar o Brasil de Portugal. O texto épico que a história oficial contou e que a pintura de Pedro Américo eternizou, não retrata a realidade do processo emancipatório do Brasil. A história da Independência do Brasil seria mais simples, se não fosse o contexto social e político que opôs o Reino de Portugal ao Reino do Brasil e que tornou a Independência um processo político mais complexo.
Em 1820, as Cortes Portuguesas enfrentaram a Revolução Liberal do Porto, que exigia o regresso da família real portuguesa ao país e a adoção de uma Constituição liberal. Dom João VI se viu obrigado a voltar para Portugal com sua família em 1821, para assumir o trono em Portugal. Tal retorno ocorreu após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815, e as decisões tomadas na Áustria, pelo Congresso de Viena, de restauração das monarquias europeias.
Em 7 de março de 1821 Dom Pedro permaneceu no Brasil, com o consentimento do pai Dom João VI, com o intuito de liderar o processo de Independência do Brasil, promovendo a autonomia do Brasil, mas sob o controle português. Dom Pedro havia permanecido no Brasil, com a intenção de manter o Reino do Brasil unido à Portugal, garantindo assim a possessão portuguesa do reino e o projeto político de Dom João VI, de manter-se imperador do Brasil.
Com a finalidade de recolonizar o Brasil, as Cortes portuguesas passaram a pressionar Dom Pedro para retornar à Portugal , rebaixando o Brasil novamente à condição de colônia. Contudo, a popularidade de Dom Pedro no Brasil, representado principalmente pelos panfletos que circulavam no Brasil, dão conta de que a população ansiava pela permanência de Dom Pedro; pela separação definitiva do Brasil de Portugal e pelo juramento de uma Constituição.
Com a expansão das ideias liberais na América, sobretudo após a Independência dos Estados Unidos, os países da América, sobretudo da América Hispânica e Portuguesa iniciaram seu processo de emancipação. O Brasil já havia no século XVIII, com a Inconfidência Mineira e Baiana, questionado o poder da metrópole portuguesa sobre a colônia brasileira, reafirmando a existência de um pensamento antilusitano.
Em 9 de Janeiro de 1822, apoiado pelas elites coloniais, contando com um abaixo-assinado que contou com milhares de assinaturas ( de diferentes grupos sociais) e sob a orientação ideológica de José Bonifácio ( O patrono da Independência) e com o apoio de D. Leopoldina – Dom Pedro I declarou que permaneceria no Brasil , rompendo definitivamente com Portugal. A partir de então, o projeto de uma identidade brasileira deveria ser construída.
Em 12 de Outubro de 1822 Dom Pedro foi aclamado imperador . Contudo, somente no dia primeiro de dezembro de 1822, Dom Pedro comunicou a seu pai a Independência do Brasil. Conflitos no Pará, Maranhão Bahia e Montevidéu, dão conta de que a Independência não foi pacífica, como afirmava a historiografia oficial.
Os Estados Unidos e o México foram os primeiros países que reconheceram o Brasil como país independente. Apenas em 1825, sob o pagamento de uma quantia de 2 milhões de libras esterlinas tomada emprestada da Inglaterra, que Portugal reconheceu a independência do Brasil ( TRATADO DE PAZ E ALIANÇA)
. Após a definitiva separação política de Portugal, o Brasil tornou-se o único país da América a tornar-se uma monarquia, após o seu processo de Independência. Dava-se início ao Primeiro Reinado ( 1822-1831).
References:
HOLANDA, Sérgio Buarque de. O Brasil Monárquico: o processo de emancipação. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1976.
LIMA, Manuel de Oliveira. O movimento da independência. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997.
LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SCHWARZ, Lilia M e STARLING, Heloisa M. Quem foi para Portugal perdeu o lugar:Vai o pai , fica o filho IN: Brasil: Uma biografia . São Paulo: Companhia das Letras, 2015