Contextualização da Revolução Industrial:
A Revolução industrial diz respeito à transformação e evolução dos mecanismos de produção industrial. Esteve na base da criação da sociedade de consumo e da emergência de uma nova classe social assalariada.
Embora seja leccionada nos diversos sistemas de ensino mundiais, não existe uma certeza clara na historiografia sobre a data de início e término desta revolução. Geralmente é considerado o ano de 1760 como o ponto de partida e entre 1820 e 1840 como término. Outros historiadores consideram desadequado denominar estas transformações de revolução, segunda esta visão foram meras evoluções sociais e de manufactura.
A Revolução Industrial emergiu a partir da alteração dos paradigmas de produção, de um sistema manual para um sistema auxiliado por maquinaria, no século XVIII ainda muito rudimentar. Este novo modelo foi potenciado pela maior eficiência no aproveitamento da energia da água e da introdução de combustíveis fósseis como o carvão. Graças a estas evoluções tecnológicas surgiram novos meios de locomoção mais rápidos e eficientes, como o caminho-de-ferro e os barcos a vapor.
Meios de transporte mais eficazes é sinónimo de maior proximidade entre populações e facilidade de transporte de bens e mercadorias. Maior facilidade no transporte de bens é sinónimo de crescimento industrial e incremento da classe operária, que por sua vez aumentava a dimensão das cidades com uma nova classes social – operária que originaria a actual Classe Média. A Revolução Industrial promoveu um eixo de causa-efeito que conduziu à sociedade contemporânea.
Até a Revolução Industrial a actividade produtiva era exercida em pequenos núcleos por vezes familiares. O trabalhador era o patrão e responsável pela produção, o que potenciava a fragmentação de ofícios. Esta produção industrial rudimentar por vezes utilizava algumas máquinas de cariz simplório, mas que adicionavam alguma eficiência ao sistema produtivo. Em alguns casos estes operários/artesãos aglomeravam-se formando uma pequena indústria.
A Revolução Industrial trouxe uma redefinição da escala produtiva. O operário deixou de ter controlo sobre a produção, passou a ser um trabalhador assalariado que prestava um serviço a determinado patrão. Esta alteração de paradigma marcou igualmente o triunfo da Burguesia enquanto classe dominante na Época Contemporânea, colocando um ponto final no ascendente da Nobreza no milénio anterior. Segundo a perspectiva marxista foi este triunfo da Burguesia na Era Industrial que gerou a tensão de classes.
O grande processo conhecido como Revolução Industrial teve a sua génese na Inglaterra do século XVIII. Vários factores contribuíram para que este reino fosse o berço desta revolução, era a maior potência do mundo na época; tinha acordos comerciais um pouco por todo o globo potenciando a exportação de produtos; tinha um sistema liberal implementado que favorecia a actividade económica; uma classe burguesa com capacidade financeira para adquirir matérias-primas, construir fábricas e contratar operários; por último o território inglês era rico em ferro e carvão, matérias-primas primordiais para o desenvolvimento industrial do século XVIII e XIX
Mediante o sucesso económico do sistema industrial britânico rapidamente as restantes potências aderiram a este modelo perdurando até os nossos dias através do Capitalismo.
Esta rápida industrialização da Europa durante a Revolução Industrial favoreceu o exponencial aumento demográfico do Continente, essencialmente das cidades que paulatinamente tornavam-se verdadeiras metrópoles. Esta urbanização da Europa deveu-se ao surgimento de múltiplas indústrias que requeriam mão-de-obra proveniente do sector primário (agricultura). A Revolução Industrial potenciou o abandono dos campos e deslocação das populações até as cidades.
Inicialmente as cidades europeias não estavam preparadas para acomodar os milhares de trabalhadores que albergavam causando imensos problemas de habitação, educação, saúde e saneamento público.
As grandes transformações produtivas trouxeram as modificações económicas e sociais. A classe operária era constituída por trabalhadores que recebiam um salário fixo, esta segurança monetária que não existia no sistema de produção medieval e moderno levou à formação de uma classe média. De igual modo levou ao nascimento do associativismo e movimento sindical de defesa dos direitos laborais.
A Revolução Industrial moldou o mundo que vivemos actualmente incentivando a fixação do Capitalismo, da Democracia, do estilo de vida ocidental e da formação da classe média.
References:
ASHTON, T.S. – A Revolução Industrial. Lisboa: Pub. Europa-América,1977.
BEAUCHAMP, Chantal – Revolução Industrial e Crescimento Económico no Século XIX. Lisboa: Edições 70, 1998.
BEUAD, Michel – História do Capitalismo. Lisboa: Teorema, 1981.
CAMERON, Rondo – História Económica do Mundo. Lisboa: P. Europa-América, 2000.