Enquadramento da Quinta Cruzada:
A Quinta Cruzada (1217-1221) tinha por objectivo conquistar Jerusalém a partir do Egipto, mantendo a estratégia da Quarta Cruzada. Foi a segunda expedição militar convocado pelo Papa Inocência III, seguindo-se ao fracasso da Quarta Cruzada. Embora Inocêncio tivesse sido o principal mentor, a cruzada decorreu durante o papado do seu sucessor, Honório III.
De forma a compreender o contexto da Quinta Cruzada, é necessário entender o enquadramento histórico que originou este movimento militar. As Cruzadas iniciaram-se no final do século XI, com o objectivo de recuperar a soberania cristã sobre os territórios na Terra Santa, na época controlados pelos muçulmanos. Os cruzados (combatentes cristãos) rapidamente submeteram faixas territoriais no Médio Oriente, fundando o Reino de Jerusalém. Mas ao longo das décadas os muçulmanos foram recuperando alguns dos territórios perdidos.
Os principais, lideres e protagonistas da Quinta Cruzada foram André II da Hungria; Leopoldo VI, duque da Áustria; João I, rei em título de Jerusalém, Frederico II, imperador do Sacro Império Romano e o Cardeal Pelágio, comandante das forças do Vaticano.
Em Maio de 1218 as forças de Frederico II partem para o Egipto, rapidamente conseguiram controlar importantes praças. A chegada das forças comandadas por Pelágio fez aumentar o número de combatentes cristãos. As divisões no seio da elite governativa egípcia muçulmana favoreceram, os avanços cristãos no território.
Em 1219 os muçulmanos oferecem um acordo de paz aos cristãos. Entregariam a cidade de Jerusalém e outras influentes cidades na Terra Santa, em troca os cristãos teriam que abandonar o Egipto. Surpreendentemente, Pelágio e vários influentes líderes do exército cruzado, rejeitaram a oferta, pois acreditavam na superioridade dos seus exércitos para subjugar os muçulmanos.
A rejeição do objectivo central das Cruzadas, anexação de Jerusalém, a partir de um acordo de paz, colocou em evidência a clara fragilidade e fragmentação da liderança cristã.
Os conflitos entre os cruzados permitiram a reorganização das forças muçulmanas. Em 1221, Pelágio inicia uma ofensiva com o fito de conquistar a capital egípcia, Cairo. Para o sucesso desta campanha, o Cardeal contava com a chegava de reforços por parte de Frederico II.
As forças muçulmanas foram retirando-se sucessivamente, esticando até ao ponto de ruptura as linhas de abastecimento cristãs, envenenando fontes de água e eliminando qualquer fonte de alimento. Sem os reforços prometidos por Frederico, o exército cruzado caiu numa armadilha.
De forma a salvarem as próprias vidas, os Cruzados negociaram com os muçulmanos uma rendição, prometendo oito anos de tréguas em troca do regresso em segurança à Europa. Frederico II pela falha no reforço militar foi excomungado pelo Papa Gregório IX.
Assim como boa parte das expedições militares cristãs em territórios muçulmanos, a Quinta Cruzada resultou num falhanço militar, essencialmente pela recusa do acordo oferecido pelos egípcios. Com este acordo tinha sido cumprido o grande objectivo, recuperação de Jerusalém e o custo em vidas teria sido muito menor.
References:
ÁLVAREZ PALENZUELA, Vicente (Coord.); Historia Universal de la Edad Media, Ariel, 2002
BALARD, Michel (et alii); A Idade Média no Ocidente: dos Bárbaros ao Renascimento, D.Quixote, 1994