Guerra dos Cem Anos

O termo Guerra dos Cem Anos define, um conjunto de conflitos que opuserem o Reino da França com o de Inglaterra nos séculos XIV e XV.

A Guerra dos Cem Anos pode ser considerada o primeiro grande conflito entre os reinos que tornar-se-iam as grandes potências europeias. A Inglaterra tinha o apoio dos portugueses, flamengos e germânicos, a França era apoiada por Castela, Escócia e Boémia. Embora definida como Guerra dos Cem Anos, o conflito não teve essa duração exactamente, demorou aproximadamente 116 anos, entre 1337 e 1453. O conflito era intermitente, não uma guerra continua, e é dividido em quatro períodos.

As cisões entre o Reino de Inglaterra e França remontavam ao século XI, e á conquista de Guilherme I, o Conquistador do trono inglês. Após esta anexação por parte dos normandos do reino inglês, a coroa inglesa estendia a os seus territórios até a França. O Feudalismo esteve durante vários séculos profundamente implementado na Europa, mas com a Baixa Idade Média, os monarcas franceses conseguiram gradualmente retirar o poder aos Senhores Feudais, numa centralização do poder adversa ao sistema feudal descentralizado.

A centralização do poder franco favoreceu o desenvolvimento económico, financeiro e demográfico do Reino tornando-o o mais influente na Baixa Idade Média. A França pela centralização do poder e de produção de alimentos, deixara de ter carências alimentares.

As regiões vassalas a Inglaterra na França, muitas vezes não respeitavam as instruções do monarca inglês, recorrendo ao monarca franco, para satisfazer as suas pretensões. A região da Flandres, ligada á França em termos de vassalagem, mas economicamente associada ao comércio com a Inglaterra, tinha uma burguesia pro-inglesa. Este misto de lealdades vassalas, com interesses económicos e políticos, aliado com a intenção França de centralização do poder e soberania sobre todos os territórios francos, mesmo aqueles vassalos a Inglaterra, e o desejo desta de os manter precipitou o conflito.

Estas divisões em termos de vassalagem e interesse ficaram bem vincadas após a morte de Carlos IV, sem descendentes em 1328. Perfilaram-se dois candidatos para a sucessão, o rei inglês Eduardo III e Filipe conde de Valois. Uma assembleia optou pelo candidato franco, o que não gerou grande contestação por parte de Eduardo.

Mas esta escolha teve consequências nos feudos, a Flandres regida pelo Conde de Nevers, declara vassalagem a Filipe, o que enfureceu a burguesia flamenga pro-inglesa, resultando numa revolta, que rapidamente Filipe consegue controlar, não antes dos comerciantes flamengos terem apelado a Eduardo a ocupação do trono inglês.

A França temendo a crescendo influência Inglesa nos territórios continentais, anexa a Aquitânia, ducado cuja lealdade á Inglaterra era inquestionável, com a alegação de tentativa de expansão inglesa na França. Assim a 24 de Maio de 1337 é dado início ao conflito que iria durar mais de um século.

Períodos Guerra dos Cem Anos:

  • Primeiro período: 1337-1364;
  • Segundo período: 1364-1380;
  • Terceiro período: 1380-1422;
  • Quarto período: 1422-1453
Guerra dos Cem Anos

Guerra dos Cem Anos

Após diversos avanços e recuos territoriais durante o conflito, a partir do segundo quartel do século XV, os franceses conseguiram reclamar para si a maioria dos territórios vassalos ou perdidos para Inglaterra, limitando a influência inglesa na França a Calais e lançando as bases para o sistema absolutismo que iria implementar-se no país, e colocando um ponto final no feudalismo. A morte de numerosos elementos da nobreza francesa, fez com que as suas terras passassem para o rei, embora devastador, este conflito favoreceu a centralização do poder régio franco. A França ficou com um território completamente devastado e o outrora sistema agrícola eficiente, completamente desfeito.

Este conflito permitiu à França criar uma identidade nacional, anteriormente fragmentada por quezílias internas ou interesses regionais ou de potências externas. Para o Reino de Inglaterra significou o fim das concessões em território franco.

De certa forma este conflito poderá ter atrasado uma tentativa de expansão franca e inglesa ultramarina, beneficiando os reinos ibéricos que graças a uma estabilidade económica e política iniciaram o processo de expansão décadas antes das duas grandes potências europeias.

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References:

ÁLVAREZ PALENZUELA, Vicente (Coord.); Historia Universal de la Edad Media, Ariel, 2002

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