Face ao bem armado e disciplinado exército britânico, as milícias dos revoltosos americanos não estavam à altura de travar uma guerra de independência no seu país. Assim, George Washington foi escolhido para comandante-chefe do futuro exército americano, ao mesmo tempo que se encetou uma forte ação diplomática na Europa, a fim de angariar apoios. Benjamin Franklin, jornalista, cientista e filantropo, que interviera já na redação da Declaração de Independência, distinguiu-se em França com o seu talento diplomático e simpatia.
Mas os franceses, apesar de não esquecerem a derrota que a Inglaterra lhes infligira anos antes, não se quiseram comprometer de imediato com os revoltosos. Só após a batalha de Saratoga, em outubro de 1777, na qual os americanos fizeram capitular um pequeno exército britânico, a França se inclinou para uma aliança oficial. Celebrada em 1778, saldou-se no envio de homens, barcos, armas e dinheiro. Ao apoio da França somou-se o da sua aliada, a Espanha, que também contribuiu com dinheiro e uma esquadra para a causa americana. Estas ajudas vir-se-iam a revelar decisivas no desfecho da guerra. Em 1781, o principal exército inglês capitulou em Yorktown.
Atacada por franceses e espanhóis no Mediterrâneo e com derrotas navais na costa da Índia, infligidas também pelos franceses, a Inglaterra decidiu-se pelas negociações de paz. Pelo Tratado de Versalhes, assinado em 1783, reconheceu a independência das 13 colónias, entregando-lhes o território compreendido entre os Grandes Lagos, o Oaio, o Mississípi, e os Montes Apalaches. A França recuperou algumas das pequenas Antilhas e as feitorias de Senegal, territórios perdidos em 1763. À Espanha foi restituída a Florida.
O modelo político a adotar pelo jovem Estado não se afigurou, de momento, claro. Os pequenos Estados, como Nova Jérsia, Delaware ou Geórgia, pretendiam uma federação bastante descentralizada em que cada Estado seria praticamente autónomo. Esta posição nacionalista tinha em Thomas Jefferson, um bom defensor. Já os Estados de maior dimensão, como a Virgínia, Nova Iorque ou Pensilvânia, desejavam um governo central forte. George Washington era o advogado desta via.
Após longas discussões, os representantes de 12 dos 13 Estados que haviam assinado a Declaração de Independência chegaram a um acordo em 1787. A Constituição assinada instituiu a República dos Estados Unidos da América sob a forma de uma república federal, na qual um Estado central poderoso, ocupando-se da defesa e das relações internacionais, coexistia com vários Estados federados, soberanos em matéria de justiça e administração, autoridade policial e sistema de ensino.
No que se refere à organização do Estado central, a Constituição adotou o principio da divisão dos poderes e do seu equilíbrio através de uma fiscalização mútua.
O poder legislativo foi confiado a um Congresso, formado por duas câmaras, que votava as leis e o orçamento. A Câmara dos Representantes reunia os deputados de cada Estado, em número proporcional à respetiva população. No Senado, por sua vez, tinham assento dois representantes por Estado.
Eleito por quatro anos, por sufrágio universal indireto, o presidente detinha o poder executivo. Comandava os exércitos e escolhia o governo. A George Washington coube a honra de ser, em 1789, o primeiro presidente dos Estados Unidos.
Finalmente, um Tribunal Supremo, que reunia nove membros inamovíveis nomeados pelo presidente, regulava os conflitos entre os Estados, superintendendo no poder judicial.
À semelhança do verificado na Declaração de Independência, mais uma vez as ideias dos filósofos das Luzes se tornavam realidade. As emendas, entretanto, acrescentadas à Constituição, reforçaram a salvaguarda dos direitos do Homem, nomeadamente as liberdades individuais e a igualdade de raças e sexos.
Processado sob égide das luzes, o nascimento da nação americana criou o primeiro país descolonizado do Mundo e a primeira república democrática que fundamentava no voto dos seus cidadãos a escolha dos órgãos máximos da soberania (Congresso e Presidente da Republica). Por isso, a revolução americana serviu de exemplo e de estímulo à Revolução Francesa, desencadeada em 1789, bem como às emancipações coloniais da América Latina.
Com um sentido premonitório notável, o francês Turgot chamou, em 1778, ao povo americano “esperança do género humano”.