Carlos Martel

Carlos Martel foi Mordomo do Palácio na Dinastia Merovíngia Franca, e um dos generais mais brilhantes da Época Medieval, impedindo a expansão muçulmana e lançando as bases para a criação da Dinastia Carolíngia.

Carlso Martel

Carlso Martel

Carlos Martel nasceu a 21 de Junho de 690, era filho do Mordomo do Palácio no Reino Franco, Pepino de Herstal. Carlos substitui o pai no cargo mais importante da administração franca, após a morte de Pepino em 714.

Apesar da autoridade de nomeação para o cargo de Mordomo do Palácio, fosse da responsabilidade do Rei, a dinastia franca merovíngia encontrava-se enfraquecido e desprovida do poder. Tanto o Mordomo como a nobreza detinham o verdadeiro poder no reino. Por ser um filho ilegítimo de Pepino, Carlos Martel foi contestado pela restante nobreza, dando origem a um conflito interno pela posição de Mordomo.

Após uma derrota inicial contra os opositores em 716, a única derrota na carreira militar de Martel, defronta e derrota os adversários próximo a Malmedy, região da Valónia actualmente Bélgica nesse mesmo ano, lançando as bases para a estratégia militar que iria caracteriza-lo. Enfrentar os adversários quando estes menos o esperavam, nunca combater o inimigo quando eram estes a escolher as condições da batalha e tácticas inovadoras como a retirada simulada, que conduzia a uma emboscada. Este tipo de planeamento militar era apenas possível, por Carlos Martel ter formado um exército leal e disciplinado, A derrota inicial deveu-se ao facto de Carlos não ter tido tempo de preparar devidamente um exército.

Em 717 derrota definitivamente os restantes opositores, consolidando o seu poder enquanto Mordomo do Palácio. Numa atitude pouca comum na Época Medieval, e numa tentativa de unificação da aristocracia franca, perdoa grande parte dos contestatários. A estabilização interna foi igualmente feita através da doação de terras, na época existia uma escassez de ouro, que impossibilitava a compra de lealdade através de riqueza monetária, assim a propriedade era a única forma de garantir a lealdade e apoio tanto de nobres como do clero.

Este tipo de política lançou as bases para o sistema feudal medieval, e lançou uma espécie de economia de guerra, na qual era necessária uma expansão territorial constante para a aquisição de novas terras, que permitissem a contínua lealdade e submissão no seio do Reino Franco. Esta política foi especialmente visível na expansão promovida pelo neto de Carlos Martel, Carlos Magno.

Em 718 iniciou uma campanha de pacificação dos Saxões conquistando alguns dos seus territórios. Em 719 conquistou a Frísia Ocidental aos Frísios, e iniciou o processo de conversão ao cristianismo deste povo.

Em 720 o Rei Merovíngio, Chilperico II morre, o seu sucessor é escolhido por Carlos Martel numa clara demonstração do poder que o Mordomo exercia. Carlos nunca teve a preocupação de ostentar o título de monarca franco, esse título ia apenas ser reclamado pelo seu filho Pepino, o Breve, após questionar o Papa de quem devia governar, quem detinha o título ou o poder? O Papa por necessitar do apoio franco contra os lombardos proclama Pepino Rei. A nomeação de um rei consoante o interesse de Carlos Martel demonstra, o tipo de poder que este detinha no Reino, um poder absoluto e incontestado após a guerra civil.

A conquista de territórios e fixação do poder pela família que daria origem à dinastia Carolíngia, foram pilares basilares da obra de Carlos Martel, mas por ventura o feito mais reconhecido durante a sua governação foi o estancar do avanço muçulmano para lá dos Pirenéus, que iniciou-se com a vitória cristã na Batalha de Toulouse em 721, as forças francas eram comandadas por Odo da Aquitânia.

Após esta primeira incursão árabe em território franco, Carlos Martel percebeu a necessidade de constituir um exército permanente, que pudesse rivalizar com as forças militares árabes. Os árabes por seu turno estavam mal informados relativamente à real força dos francos, consideravam-nos uma tribo germânica bárbara, sem organização ou força, um pouco à imagem dos relatos do Império Romano sobre estes povos, o que no século VIII já não correspondia à realidade.

De forma a constituir um exército permanente, o Mordomo do Palácio necessitava de pagar aos soldados, que assim podiam sustentar as suas famílias. A falta de divisa fez com que se voltasse para a Igreja e os seus bens monetários, como forma de garantir fundos que pagassem a suas necessidades militares.

Após as concessões dadas à Igreja, esta nova política de Carlos que iniciou-se em 722 provocou um conflito entre a Igreja e este, que quase resultava na sua excomunhão, uma invasão muçulmana em 732 provou que o Mordomo tinha tido legitimidade na política que havia implementado.

A 25 de Outubro de 732 os exércitos muçulmanos e francos enfrentaram-se na Batalha de Poitiers, também designada de Tours, resultando numa esmagadora vitória franca, assente na mestria militar de Carlos Martel e na arrogância bélica árabe em considerar os francos uma força menor. Após esta batalha os árabes que já haviam conquistado grande parte da Península Ibérica, voltariam a tentar conquistar territórios francos, mas Carlos Martel conseguiu sempre estancar as suas intenções. Martel conseguiu impedir a fixação e expansão árabe além Pirenéus, num conjunto de batalhas que ocorreram na década de trinta do século VIII posteriores á de Tours, que algumas correntes historiográficas consideram tão importantes como a de 732.

Carlos Martel morreu a 15 de Outubro de 741, como um dos maiores generais e estrategas militares da Época Medieval, consolidando o Reino Franco como principal força da Europa Ocidental e lançando as bases da nova Dinastia Carolíngia, em que o seu filho Pepino iria ser Rei, e o neto Carlos Imperador. A sua mestria militar impediu a expansão e conquista islâmica da Europa, como segundo algumas fontes árabes da época, seria o intuito das diversas incursões árabes na Franquia. Sem a genialidade de Carlos, uma Europa fragmentada por disputas políticas e religiosas, não teria tido a capacidade de rivalizar com a superioridade militar muçulmana

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References:

BALARD, Michel (et alii); A Idade Média no Ocidente: dos Bárbaros ao Renascimento, D.Quixote, 1994

CLARAMUNT, Salvador (et alii); Historia de la Edad Media, Ariel, 1992

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