Após a morte de Alexandre Magno, o imenso território que conquistou foi dividido pelos seus generais, foram formadas algumas entidades políticas autónomas como o Império Selêucida e o Egipto, controladas por descendentes desses generais – a chamada Era Helénica. Foi entre duas dessas entidades helénicas que o conjunto de conflitos conhecido como Guerras Sírias desenrolou-se, essencialmente para o controlo da região da Cele-Síria.
A primeira das seis Guerras Sírias deu-se entre 274 e 271 a. C., como resultado da ambição de Plolemeu II, governante do Egipto em estender os seus domínios à Síria e Ásia Menor. Numa fase inicial os selêucidas ganharam vantagens no conflito, mas acabariam por ceder diversos territórios na Síria e Ásia Menor ao Egipto. A informação relativa à segunda fase deste conjunto de conflitos perdeu-se na História, sabe-se que iniciou-se em 260 e terminou em 253. O monarca Antíoco II recuperou boa parte dos territórios perdidos para Plolemeu II, graças a uma aliança com o rei macedónio Antígono Gónatas. Este conflito cessou após o casamento de Antíoco com a filha de Plolemeu.
O casamento que colocou um ponto final na Segunda Guerra Síria esteve na génese do terceiro conflito. De forma a casar com a filha de Plolemeu, Berenice Sira, Antíoco teve que repudiar a sua antiga esposa Laódice. Aquando da morte de Antíoco, as duas eram mães de herdeiros masculinos, abrindo uma crise sucessória. Berenice pediu ajuda ao seu irmão Plolemeu III, quando este entrou em território Selêucida, os partidários de Laódice assassinaram Berenice e o seu filho, colocando Seleuco II filho de Laódice no poder, originando um conjunto de conflitos que durou de 246 a 241, terminado apenas com cedências territoriais por parte Selêucidas aos egípcios.
As Guerras Sírias caracterizavam-se por um constante movimente de reacção e contra-reacção, neste enquadramento Antíoco III ambicionava restituir a anterior grandeza do Império Selêucida reconquistando os territórios perdidos, após recuperar territórios na Síria, Ásia Menor e Norte da India, voltou-se para os espaços perdidos para o Egipto, aproveitando um momento de instabilidade politica no Egipto. De forma a fazer face à ameaça selêucida, Plolemeu IV recruta 30 mil nativos egípcios para as falanges gregas, esta incorporação permitiu derrotar Antíoco na Batalha de Ráfia em 217, mantendo os territórios egípcios na Cele-Síria e fim do conflito, mas levou a uma revolta da população nativa agora bem preparada, e a formação de um território nativo independente.
O Egipto vivia tempos conturbados de agitação interna e movimentos nacionalistas egípcios. Antíoco III tirou novamente partido da instabilidade e invade os territórios egípcios na Síria em 202, em 195 Plolemeu V aceitou termos de paz desfavoráveis que levaram à perda dos territórios na Cele-Síria e fim do quinto conflito.
As razões que levaram à sexta e última das Guerras Sírias, não são completamente conhecidas, talvez numa tentativa de recuperar os territórios perdidos para os selêucidas, certo é que este conflito foi incitado pelos regentes do jovem Plolemeu VI em 170. Pela primeira vez no decurso das diversas Guerras Sírias, o conflito começou a ser travado em território egípcio. Antíoco IV tirou partido da fragilidade do Egipto para invadi-lo. Mas na época começa a emergir uma superpotência no Mediterrâneo – Roma, que dependia do Egipto para o fornecimento de cereais fundamentais para a sobrevivência da grande Capital.
Em 168 a. C. o Senado Romano envia Caio Popílio Lenas, com um ultimato a Antíoco, exigindo a retirada do Egipto, após ponderar sobre a exigência, reconsidera a sua posição e retira-se do Egipto nesse mesmo ano, colocando um ponto final no ciclo de conflitos entre selêucidas e plolemeus.
As Guerras Sírias provocaram um desgaste enorme no Império Selêucida e no Reino Plolemeu, facilitando a anexação futura dos territórios destas entidades helénicas por Roma e Império Parta.
References:
MARTIN, T. R.; Breve História da Grécia Clássica. Da pré-história à época helenística, Editorial Presença, 1998.
FERREIRA, José Ribeiro; A Grécia Antiga, Edições 70, 2004