Biografia de Bela Guttmann
Bela Guttmann é um ex-jogador e treinador de futebol húngaro que treinou FC Porto e SL Benfica, clube pelo qual foi campeão europeu em duas épocas consecutivas.
Nascido em Budapeste a 27 de Janeiro de 1899, Bela Guttmann cresceu num seio familiar ligado à música e à dança mas o futebol foi o desporto que mais cativou o jovem húngaro ao contrário do que os seus pais desejariam. Começou por jogar num clube local, o Törekvés, entre 1917 e 1919, tendo-se tornado profissional num clube histórico da Hungria, o MTK, onde também apenas esteve durante duas épocas. Nessas duas temporadas, foi campeão húngaro e seguiu para uma equipa austríaca, o Hakoah Viena, onde esteve quatro épocas e por uma vez foi campeão austríaco. Chegou a ser convocado para a formação olímpica húngara, em 1924, mas o seu lado interventivo acabou por deixá-lo de parte. Isto porque Bela Guttmann criticava o elevado número de oficiais que a selecção levava tendo em conta o número de jogadores que a selecção levava, além de que as condições para os atletas eram bastante deficitárias. Deixou o futebol europeu para ter uma passagem pelos Estados Unidos, onde passou por vários clubes entre 1926 e 1932, tendo regressado novamente ao Hakoah Viena, onde se reformou como jogador em 1933 e passou a ser o treinador da equipa nesse mesmo ano mas na temporada seguinte.
Como treinador teve uma carreira longa e teve várias passagens por Portugal, tendo treinado tanto o FC Porto e o SL Benfica. No total, foram 21 equipas diferentes ao longo de mais de 40 anos como treinador de futebol e tinha um motivo. Segundo o próprio, só estaria num clube três anos no máximo porque era o tempo ideal antes que os seus jogadores perdessem a sua motivação.
A sua história em Portugal começou no FC Porto em 58/59, época em que tornou a equipa nortenha campeã nacional mas no ano seguinte, seguiria para a capital, e era recrutado pelo SL Benfica. No clube lisboeta fez história e é recordado pelos seus adeptos pelo melhor e pelo pior. O melhor de Bela Guttmann foi as suas conquistas e a descoberta de um jogador de seu nome Eusébio da Silva Ferreira. Em três épocas no clube encarnado, venceu dois campeonatos e sagrou-se vencedor da Taça dos Clubes Campeões Europeus em duas edições seguidas, quebrando a hegemonia de Real Madrid na altura. Na equipa do Benfica emergiam várias figuras mas a principal era Eusébio, jogador lançado por Bela Guttmann depois de ter sido descoberto em Moçambique.
O pior foi mesmo a sua saída e o que previu nesse mesmo momento. Em 1962, Bela Guttmann terá pedido o pagamento de um bónus relativo às duas conquistas europeias que não lhe foi concedido e terá abandonado Lisboa de forma abrupta, depois de ter afirmado numa entrevista que o Benfica precisava de 100 anos para ter outra conquista internacional. A lenda continua viva ano após ano e o Benfica não venceu mais nenhum troféu europeu desde o tempo de Bela Guttmann, ainda que tenha ido a diversas finais. Em 2014, o Benfica inaugurou uma estátua em memória de Bela Guttmann junto ao Estádio da Luz para quebrar a maldição mas sem sucesso, tendo já participado em duas finais europeias na Liga Europa, as quais perdeu. Guttmann regressou aos dois clubes portugueses mais tarde mas sem títulos. No SL Benfica esteve na época de 65/66 e no FC Porto esteve na temporada de 73/74.
Um outro episódio curioso sobre Guttmann foi quando comandava a equipa húngara do Honved, decide que um dos defesas da equipa não regressa para jogar depois do intervalo e um dos melhores jogadores da época, Ferenc Puskas, fez frente a Guttmann e convenceu o jogador a regressar ao relvado para jogar. Caiu mal a Guttmann que, nesse momento, decidiu vir embora do clube sem orientar o resto do jogo. Nos outros clubes em que esteve como treinador venceu o campeonato húngaro por duas ocasiões, 38/39 e 46/47 e a Taça Mitropa, em 39 pelo clube húngaro do Ujpest. Antes de chegar a Portugal, venceu o campeonato uruguaio pelo Peñarol, em 1953 e, mais tarde, venceu o Campeonato Paulista, em 1957, pelo clube do São Paulo.
Acabou por falecer, em Viena, a 28 de Agosto de 1981.