Biografia de Vitor Gamito
Vítor Gamito é um ciclista nacional que marcou a década de 1990 e que conseguiu chegar à vitória na Volta a Portugal em 2000, depois de ter terminado como segundo classificado por quatro vezes. De carácter reservado, sempre se notabilizou pela sua capacidade de andar bem sozinho. Os insucessos e os azares fizeram-no uma pessoa mais reservada, mais introspectiva e mais talhada para vencer as adversidades e para conquistar as vitórias.
Começa por ser profissional em 1992, ano em que tem um acidente com a esposa e que deixou sequelas em ambos, sendo que começou a época mais tarde de estreia mais tarde que os colegas de equipa. Nesse ano de estreia, não teve grandes resultados, fruto das quedas e do tempo de recuperação que teve. No ano seguinte, já restabelecido, conquistava o Grande Prémio Jornal de Noticias e na Volta a Portugal de estreia vence uma etapa e acaba como 2º classificado. Apenas Joaquim Gomes foi mais forte que o então ciclista de 23 anos da Sicasal-Acral. E em 1994, termina novamente em 2º lugar na Volta a Portugal. Isto depois de já ter conquistado a Volta ao Algarve e o Grande Prémio Sport Noticias. Em 1995, chega com a ambição de novamente chegar a primeiro na Volta a Portugal. Vence os dois contra-relógios e chega à liderança da prova mas não consegue alcançar o triunfo devido a uma anemia que sofreu no decorrer da prova.
Em 1996, vai para o estrangeiro e foi contratado por uma equipa espanhola, a MX-Onda. Na Volta a Portugal volta a ficar em 2º lugar e quando corre pela primeira vez na Volta a Espanha sofre queda nas etapas iniciais e as aspirações que teria caem por terra. Em 1997, apesar de alguns bons resultados durante a época, na Volta a Portugal não consegue render a um nível esperado por estar a recuperar de uma virose e decide terminar com o périplo por terras espanholas e voltar a terras nacionais.
Em 1998, vem para a equipa da Troiamarisco com o objectivo de vencer a Volta a Portugal. Até lá, conseguiu vários pódios nas provas por etapas do calendário nacional e chegados à Volta, Vítor Gamito consegue vestir a camisola amarela mas não a consegue manter até ao fim. Em 1999, terminou, mais uma vez, em segundo classificado e foi, segundo o próprio, a Volta mais difícil de perder. E perder é mesmo o termo correto, porque Gamito estava de camisola amarela envergada na penúltima etapa depois de a ter conquistado num contra-relógio com chegada ao Marvão. A penúltima etapa era realizada em sistema de contra-relógio, disciplina onde Gamito era especialista. Assim como o seu mais directo adversário, o espanhol David Plaza. Um contra-relógio longo com chegada a Cantanhede ditou a sentença de corrida. Com um furo durante o seu percurso, David Plaza conseguiu recuperar a desvantagem que tinha para Vítor Gamito e retirava a liderança ao português. No final do contra-relógio, Vitor Gamito percebendo a perda da liderança da corrida, desmonta a bicicleta e dentro de uma tenda de um patrocinador, senta-se e começa a chorar numa imagem que marca. No ano de 2000, Gamito chegava à tão ambicionada vitória na Volta a Portugal. À 10ª etapa, com chegada ao alto da Torre, Vitor Gamito desfere um ataque de longe, praticamente desde o inicio, sendo que mais ninguém o alcançou, o que lhe permitiu vencer a etapa e chegar à amarela. Na penúltima etapa, um contra-relógio com chegada à vila de Marvão dilatou essa vantagem, face ao segundo classificado, Claus Michael Moller, chegando inclusive a ultrapassá-lo durante o percurso e na chegada, levantou os braços como vencedor da etapa e da Volta, sendo que esta última confirmou-se na chegada a Lisboa.
A partir de então, não conseguiu lutar mais pela vitória final na Volta a Portugal. Ainda assim, em 2001 termina o Grande Prémio dos Mosqueteiros no 2º posto. Em 2002, tem uma passagem fugaz pela Barbot-Torrie e em 2003, vai para uma equipa nova, o Cantanhede-Marques de Marialva. Vence uma etapa na Volta ao Alentejo e na Volta a Portugal consegue uma vitória de etapa na chegada à Gouveia, num percurso que incluía a passagem pela Torre. Foi a última vitória de etapa na Volta portuguesa por parte do ciclista natural de Lisboa. Em 2004, fica às ordens de Manuel Zeferino na Maia-Milaneza, mas não completa a época por lhe ter sido detectado um problema coronário. Em 2005, Vítor Gamito continua no ciclismo, mas agora como director desportivo de uma equipa, a Riberalves-GoldNutrition, na qual esteve por dois anos. Após vários anos dedicados ao BTT e à empresa onde trabalha, decidiu que participaria uma última vez na Volta a Portugal e fê-lo no ano de 2014, mas apenas com a ambição de emprestar a sua experiência e atitude à equipa. Dez anos depois e apenas com três meses de competição, consegue finalizar a Volta a Portugal.