Mamede, Fernando

Fernando Mamede foi recordista europeu dos 10000 metros durante 28 anos e uma das referências do atletismo nacional numa altura em que o próprio e Carlos Lopes dividiam o protagonismo nas hostes nacionais.

Biografia de Fernando Mamede

Fernando Mamede foi um dos grandes nomes do meio fundo e fundo nacional dos anos 80, rivalizando com Carlos Lopes numa era de Ouro para o atletismo português. Alentejano, nasceu a 1 de Novembro de 1951 e teve uma carreira de altos e baixos, de luzes e sombras. Bateu recordes da Europa e do Mundo mas não conseguiu concretizar o seu talento nos grandes palcos. O que tinha em qualidade técnica faltava-lhe a nível psicológico. Apenas conseguiu uma medalha. Pouco para a valia de um atleta que um dia até derrotou uma máquina de esforço programada para os limites humanos.

Fernando Mamede começou a correr na localidade natal, Beja, e vence o campeonato distrital. Mais tarde, é recrutado pela equipa do seu coração, o Sporting, e quando atinge a maioridade, sai de Beja para se fixar em Lisboa. Em 1970, fixa um novo record nacional dos 800 metros. Sagrou-se campeão nacional de pista e de corta-mato em dois anos consecutivos, antes de se estrear nos Jogos Olímpicos na cidade de Munique em 1972. Faz parte da convocatória da estafeta 4×400 metros, 800 metros e 1500 metros. Fica em todas pela fase de qualificação. Depois dos Jogos de Munique, participa, pela primeira vez, nos Campeonatos da Europa, em 1984. As provas que ficaram reservadas para o português foram os 800 metros e os 1500 metros. Não passa das meias-finais na prova dos 800 metros e não confirma a superioridade que evidencia nas provas nacionais. Os Jogos Olímpicos em 1976 realizaram-se em Montreal e Fernando Mamede era uma das referências da comitiva portuguesa para conseguir uma medalha. Vai aos 800 metros e aos 1500 metros, mas nem sequer chega à final de ambas as provas. O melhor que conseguiu foi as meias-finais dos 1500 metros. E foi um dos últimos da série onde estava presente, não conseguindo a presença na final, o que seria obrigatório tendo em conta a sua marca pessoal. Com 25 anos e dois Jogos nas pernas com prestações aquém, Fernando Mamede fraquejava face à pressão que lhe era colocada ou que o próprio colocava a si mesmo. Em 1978, volta a participar nos Europeus, realizados em Praga e cedia mais uma vez numa grande prova internacional. Foi na prova dos 5000 metros, onde detinha, uma das melhores marcas do ano.

Em 1979, Fernando Mamede é campeão europeu nos 10000 metros e revalidou o título colectivo no corta-mato europeu. Em 1981, Mamede consegue a sua única medalha numa grande prova internacional. Terminou no último lugar do pódio no Campeonato do Mundo de Corta-mato, com a medalha de bronze, graças a uma situação sui generis. Houve alguns atletas da Etiópia que sprintaram antes do tempo, nomeadamente, dois quilómetros antes da meta real e, por isso, Mamede teve o caminho mais facilitado para atingir a medalha no final, sendo o melhor europeu. Foi o único dia decisivo que não fraquejou, embora Mamede ainda ficasse na história do atletismo mundial. Dois meses mais tarde, venceu o Torneio Internacional de Lisboa, no Estádio José Alvalade, estabelecendo um novo recorde europeu nos 10000 metros, que iria permanecer durante 28 anos. No ano de 1982, corre o Meeting de Paris e leva a melhor sobre o americano Alberto Salazar e o britânico Steve Jones, nos 10000 metros. Ficou a menos de meio segundo do recorde do mundo, ele que perdera o recorde europeu para Carlos Lopes, quinze dias antes. Em 1983, participa no Meeting de Zurique, vencendo a prova dos 5000 metros.

Em 1984, Fernando Mamede tem um ano decisivo pela frente, já que era ano de Jogos Olímpicos, no caso, de Los Angeles. Não atingiu o recorde do mundo em 83, conseguiu em 84, numa prova denominada DN Galan, que se realizou em Estocolmo. Contou com a colaboração de Carlos Lopes, que fez uma prova de grande nível, estando na frente a marcar o ritmo até ao final, sendo que até à última volta, Lopes estava destacado dos restantes. E é aí que Mamede ataca e corre num ritmo alucinante, conseguindo ultrapassar Lopes e colocando um novo recorde mundial, que só seria batido cinco anos mais tarde. O trabalho com o psicólogo Joseph Wilson dava resultado. Nos Jogos Olímpicos entrava da melhor forma na prova dos 10000 metros, vencendo a qualificação facilmente. Mas na final da prova, não correspondeu às expectativas, desistindo a meio da prova. Após esta desilusão, falou-se que Mamede pensara no suicídio, embora o próprio tenha desmentido. Venceu mais algumas provas internacionais até ao final da carreira que chegou no ano de 1989.

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