Conceito de Visão Estratégica (Geografia)
Em qualquer domínio de atividade, o planeamento estratégico consiste basicamente em conceber o futuro desejado e em programar os meios reais para o alcançar. A visão estratégica no âmbito do ordenamento do território corresponde à definição do modelo de território que a comunidade deseja para o seu futuro.
Considerações sobre Visão Estratégica (Geografia)
A visão estratégica é a elaboração de um do futuro, isto é, no caso de um território, esta visão é a definição do modelo de desenvolvimento nos domínios físico, económico, social, territorial e ambiental que a população residente deseja para o seu futuro e a programação dos meios reais para o alcançar. Exposto isto, a visão estratégica (geografia) é a explicitação do modelo de território desejado, que deve representar um consenso e um compromisso da sociedade.
A construção da visão estratégica aproxima-se de um exercício de semântica, consistindo numa procura da(s) frase(s) apropriada(s) que melhor descrevam os aspetos chave do modelo desejado. De maneira geral, a visão estratégica (exemplo: na União Europeia) inclui dimensões distintas: desenvolver e/ou reforçar uma competitividade económica sustentável que se traduza numa melhoria dos padrões de bem-estar social em todo o território (coesão económica, coesão social e coesão territorial).
Na definição da visão estratégica é sempre necessário eleger uma entre diversas opções e, assim, apostar numa determinada linha de ação, abandonando outras. A formulação de uma visão estratégica é a seleção de um entre vários cenários de futuro que esbocem a evolução do território face a diversas opções de comportamento da envolvente (como por exemplo: em que sectores económicos se deve apostar; em que tipo de recursos se deve basear o desenvolvimento económico; que política se deve seguir em matéria de qualidade de vida; que papel deve ter a o setor público no desenvolvimento económico, territorial e social do território; quais são os riscos sociais e ambientais que estamos dispostos a correr para aumentar a competitividade; entre outros).
A visão estratégica (geografia) permite o desenvolvimento de linhas estratégicas, passo metodológico importante no planeamento estratégico. As linhas estratégicas devem: dar resposta a problemas resolúveis e não impossíveis; não ser conflituosa politicamente; ser operativa, de forma a poder traduzir-se em ações; estar expressa em termos concretos com o fim de fixar unidades de medida para avaliar a sua execução e identificar os desvios; ser seletiva a fim de tornar possível a concentração de recursos e esforços; determinar a capacidade para captar todos os recursos necessários para a sua implementação (internos e externos); ser elaborada com a participação dos atores responsáveis pela sua implementação (desenvolvimento participativo); garantir um impacte positivo no território para evitar o ceticismo, a desmoralização e consequentemente o abandono da mesma; estar coordenada e ser compatível com outras estratégias presentes no território.
As estratégias no domínio do ordenamento do território podem definir-se como cursos de ação cujo objetivo é reforçar os pontos fortes, superar os pontos fracos, explorar as oportunidades e limar as ameaças, por isso, a elaboração das linhas estratégicas deve passar por três etapas, nomeadamente, elaborar a definição de princípios, dar resposta a questões-chave, promover o debate e/ou discussão com os atores do território.
A construção de linhas estratégicas no planeamento podem resultar em metas estratégicas (declarações conceptuais sobre as condições desejadas, são abstrações de carácter qualitativo e devem ser realistas), em projetos estratégicos (definem e/ou quantificam as metas, devem incluir unidades de medida, que permitam avaliar a execução do plano) e em ações estratégicas (são atuações necessárias para levar a bom termo os projetos propostos, definem quem, quando e onde se realizam os diversos projetos e devem ser viáveis).
Conclusão
Em suma, a visão estratégica (ordenamento do território) é uma etapa metodológica importante para a elaboração de figuras de plano que constituem o sistema de gestão territorial, na medida em que a mesma permite sintetizar modelo de desenvolvimento a seguir pelo território e é a base para a formulação das linhas estratégicas dos planos.
References:
Referências Bibliográficas:
- DGOTDU (1996). Guia para elaboração de planos estratégicos de cidades médias, Lisboa.
- Gabina, J. (1998). Prospectiva y Ordenación del territorio, Barcelona, Marcombo.
- Godet, M. (1993). Manual de Prospectiva Estratégica, Lisboa, Publicações D. Quixote.
