Apresentação do Eucalipto-comum
O Eucalipto-comum, também conhecido como Eucalipto da Tasmâmia (nome científico: Eucalyptos globulus Labill.) é uma espécie de eucalipto originária da Tansmânia, uma ilha a Sul da Austrália, introduzida na Europa e em Portugal na primeira metade do séc. XIX, mas que rapidamente se transformou num importante recurso económico para o país. É uma especie considerada como de rápido crescimento, sendo utilizada principalmente para a produção de pasta de papel.
A área de ocorrência natural do Eucalyptus globulus inclui a Tasmânia e o sul do Estado de Vitória (Austrália).
O Eucalyptus globulus em Portugal tem uma distribuição por todo o país, de forma não homogénea, mas predomina, principalmente no Centro Litoral, Ribatejo e Pinhal Interior Norte. Prefere regiões litorais e de baixa altitude, inferior a 700m. A expansão do Eucalipto (essencialmente da espécie Eucalyptus globulus) é relativamente recente em Portugal (meados do séc. XX) e coincide com a instalação e crescimento da indústria papeleira.
A distribuição espacial do eucalipto segue de perto as áreas com aptidão ecológica para esta espécie.
Morfologia
O Eucalyptus globulus, vulgarmente designado por eucalipto comum ou eucalipto da Tasmânia. É a espécie mais comum e economicamente importante em Portugal.
É uma espécie florestal de folha perene, e uma das árvores mais altas do mundo, apresentando grande porte (tem entre 30 a 55 m de altura podendo atingir os 90 m) e rápido crescimento, podendo viver mais de 100 anos.
O Eucalyptus globulus é a variedade de eucalipto mais difundida em Portugal e a que é utilizada pela fileira florestal para fins industriais. Introduzida por volta de 1830, esta espécie encontrou no País condições privilegiadas ao seu desenvolvimento, pelo clima e tipo de solos, tendo conquistado hoje uma expressão na floresta nacional semelhante à do sobreiro.
Árvore de tronco ereto e esguio, com ramificação apenas na parte terminal, com ritidoma cinzento-claro, liso, que se solta facilmente (longas tiras) e que ao secar enrolam-se entre si.
A madeira é esbranquiçada, muito rica em água e ao quebrar produz longas falhar aguçadas ligadas entre si por fortes fibras flexíveis.
As flores são esbranquiçadas ou cremosas, instaladas nas axilas das folhas produzindo um néctar que quando transformado em mel tem um sabor e cheiro característicos. Florescem nos meses de Setembro e Outubro.
Os frutos são cápsulas lenhosas. Cada fruto contém numerosas sementes minúsculas que são libertadas através de válvulas que se abrem aquando da maduração.
A planta regenera rapidamente a partir da toiça, quando cortada. Podendo assim, as plantações de eucalipto serem repetidamente cortadas sem necessidade de replante.
A espécie apresenta dimorfismo sexual, devido aos diferentes tipos de folhas que apresenta quando jovem e adulta. A folha, quando a árvore é jovem, apresenta uma cor azulada, são sésseis, oblolanceoladas com comprimento de 6-15 cm. Quando a árvore é adulta, a folha é estreita, falciforme, com 15-35 cm de comprimento e de cor verde acinzentado.
Características edafoclimáticas
O eucalipto comum tem uma grande adaptabilidade climática, devido a suportar tanto o clima temperado como o clima tropical.
O clima ideal é o da costa ocidental de Portugal, sem estação seca, precipitação média anual de 900 mm e temperatura mínima nunca inferior a -7ºC.
Quanto ao consumo de água, pode-se dizer que o eucalipto tem o denominado “consumo de luxo” de água. Havendo água, ele aproveitá-la-á, ainda que se dê bem em zonas secas. É uma árvore que cresce e desenvolve-se em locais bastante desfavoráveis, ou seja, nos casos em que há grande disponibilidade de água ou grande escassez eles não constituem um problema. A água não é um fator limitante e eles não têm o recurso disponível para o consumir em excesso.
Existe neste momento um grande desequilíbrio na Terra entre o carbono armazenado nos seres vivos e libertado na atmosfera. Os eucaliptos, representam um contributo para inverter este problema ainda que não tenham a mesma capacidade de armazenamento de uma floresta com espécies de crescimento lento (ex: carvalhos).
Pragas e doenças
Nos povoamentos florestais há uma grande variedade de seres vivos que realizam ações específicas na dinâmica florestal estabelecendo, geralmente, um equilíbrio com esta. Estes organismos são considerados como prejudiciais para o povoamento florestal quando atingem efetivos populacionais elevados e cuja sua ação sobre o povoamento florestal gera perdas ecológicas e económicas. Este acontecimento anormal pode ser desencadeado por vários fatores, podendo estes estar associados com intervenções humanas erradas, com fatores climáticos, com a suscetibilidade das próprias espécies ou povoamentos, assim como, com fatores relacionados com a natureza do local ou relacionados com a poluição atmosférica, entre outros. Deste modo, os ataques generalizados de pragas e doenças a que a floresta é muitas vezes sujeita são consequência de desequilíbrios no ecossistema promovidos por estes fatores.
Assim sendo, em situações em que a ação de um ou mais agentes prejudiciais (sejam eles, pragas ou doenças) tenha implicações ecológicas ou económicas na floresta, é indispensável uma atuação humana ativa. Esta é possível através de vários tipos de tratamentos fitossanitários.
O correto diagnóstico dos organismos presentes é o elemento chave do sucesso de qualquer ação de controlo e gestão de pragas e doenças.
O Eucalyptus globulus, como qualquer outra espécie, florestal ou não, tem um conjunto de “inimigos” que o atacam, alimentando-se dele e podendo levar à sua morte.
As principais pragas são:
o Broca do Eucalipto (Phoracanta semipunctata)
o Haltica (Haltica ampelophaga)
o Portésia (Euproctis chrysorrhoea)
o Gorgulho do Eucalipto (Gonipterus scutellatus)
As principais doenças do Eucalipto são:
o Cancro do Eucalipto
o Podridão castanha do cerne (Polyporus sulphureus)
o Bolor cinzento (Botrytis unerea)
Importância sócio-económica e seus usos
O Eucaliptus globulus é uma planta preciosa, destacando-se no reino vegetal pela sua importância, tanto do ponto de vista das suas virtudes medicinais, como do ponto de vista económico.
As múltiplas e preciosas qualidades intrínsecas do E. globulus que o caracterizam e enriquecem fizeram com que de toda a parte do Mundo, fossem buscar ao seu habitat, quase somente restrito à Austrália e a Tasmânia, essas árvores aromáticas.
O E. globulus, como já foi referido, é a espécie florestal mais cultivada em Portugal, fornecendo a maior parte da matéria-prima utilizada para produção de pasta de papel, sendo considerada pelos especialistas mundiais como a árvore de fibra ideal para papéis de impressão e escrita.
A sua madeira é constituída por fibras de comprimento curto e muito homogéneo, que se caracterizam por uma grande suavidade, uma excelente rigidez, uma grande estabilidade dimensional e fortes resistências à humidade. Além das excelentes características papeleiras da fibra, esta espécie de crescimento rápido e de alto rendimento fabril permite ainda um baixo consumo de químicos nos processos de cozimento e de branqueamento.
Para além da sua utilização para produção de pasta de papel, uso em que as suas longas fibras produzem papel de grande qualidade, a sua madeira é também utilizada como elemento estrutural em construções, embora tenda a fender e retorcer com a secagem, e para lenha, produzindo um biocombustível de boa qualidade.
Quanto às suas propriedades medicinais, a parte do E. globulus utilizada são as folhas. Apesar das folhas de todos os Eucaliptos apresentarem propriedades idênticas, são as do E. globulus que apresentam mais referências para usos medicinais. São folhas ricas em tanino e óleos essências. As folhas de eucalipto são utilizadas para a confeção de infusões terapêuticas, especialmente para afeções do sistema respiratório superior.
Os óleos essenciais extraídos das suas folhas, comercializados sob a designação de cineol (cineole ou eucaliptol), são utilizados para aromatizar ambientes, em loções e em preparações farmacêuticas para uso local e interno, produzindo um efeito refrescante e dilatação dos brônquios semelhante ao mentol. O óleo tem um aroma canforado que o torna um bom repelente de insetos.