Taxonomia

Taxonomia em geral é definida como a prática e a ciência de clasificar coisas ou conceitos incluindo os principios que regem tais classificações. Em biologia, é um ramo da ciência que inclui a descrição, identificação, nomenclatura e classificação de organismos.

O termo taxonomia deriva do grego antigo táxis, que significa arranjo e nomia, que significa método. É a disciplina que define grupos de organismos tendo em vista características comuns e dá nomes a esses grupos. Os grupos criados por este processo são referidos como taxa (singular táxon) e são designados a um grupo de classificação taxonómico. Os diferentes grupos podem ser agregados de modo a formar classificações hierárquicas.

Ainda que esta disciplina seja muito antiga, considera-se que o botânico sueco Carl Linnaeus, é o pai da taxonomia moderna, visto que desenvolveu um sistema de nomenclatura binomial e de classificação científica para dar nomes às diferentes espécies. Com o avanço de diversas áreas de estudo como a filogenética, a cladística e a sistemática, o sistema de Linnaeus progrediu para um sistema de classificação biológica moderna baseada nas relações evolucionárias entre organismos, vivos e extintos. Actualmente a nomenclatura taxonomica clássica ainda se encontra em revisão, visto que cada vez mais, novos estudos definem que uma espécie ou um sinónimo de uma espécie descrito em anos previos, correspondem na realidade a outro grupo taxonomico, isto pode supor mudanças tanto a niveis hierárquicos tanto superiores como inferiores (1).

 

Diferentes tipos de taxonomia

  • Taxonomia alfa – é a descrição e a classificação básica de uma nova espécie, sub-espécie e outros táxa.
  • Taxonomia de Lineu – uma classificação original usando o esquema de Carl Linnæus
  • Taxonomia evolucionaria – é uma classificação baseada tradicionalmente numa hierarquica biológica post-Darwin.
  • Taxonomia numérica – é um método taxonómico usando algoritmos numéricos.
  • Fenetica – um sistema para ordenar espécies de acordo com similaridades fenotípicas, utilizando o máximo de características possíveis, mesmo que o processo não reflita exatamente a ancestralidade comum.
  • Filogenetica – Estudo da relação evolutiva entre grupos de organismos através do seu ADN, e basea-se em características derivadas de descendentes ancestrais comuns.

 

Conceito

Taxonomia é uma sub-disciplina da biologia e pode ser definida como um campo da ciencia, específicamente da sistemática, que engloba a identificação, descrição, nomenclatura e classificação de organismos. Normalmente os investigadores desta disciplina denominam-se de taxonomistas. O trabalho realizado por taxonomistas é crucial para a compreensão da biologia em geral. Sem uma taxonomia dos organismos numa determinada área, estimar a quantidade da diversidade presente não é realista.

Não existem regras fixas que regem a definição dos taxa, mas a nomeação e a publicação de novos taxa são regidos por um conjunto de regras. Em zoología, a nomenclatura maioritariamente utilizada é regulada pelo Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (2). Nas áreas de botânica, ficologia e micologia, a nomeação dos taxa é regido pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (3).

 

Classificação:

A classificação é muito importante e deve ser feita com a maior precisão possível, pois informa hipotéticamente quais sao os parentes do taxón. Em taxonomia, ainda que não se investigue como os taxa estão relacionados uns com os outros, comunica-se resultados. Para isso, existem diversas ordens taxonómicas: Domínio, Reino, Filo, Classe, Ordem, Família, Género e Espécie.

Existem regras claras para a publicação de novas espécies ou géneros. Para que um nome seja validamente publicado deve obedecer a todas as regras ainda que nem sempre seja aceite. O táxon deve ter um nome binomial no caso de novas espécies ou uninomial para outras patentes que seja baseado nas 26 letras do alfabeto latino, este nome deve ser único, a descrição deve basear-se em pelo menos uma espécie-tipo que deve incluir referencias e atributos que a tornem única. Outras informações que completem a descrição da especie como a distribuição geografica, a sua fisiologia ou ecologia, são muito úteis e ajudam a argumentar o porquê de uma nova espécie (4).

 

Filogenia

Dos diferentes tipos de taxonomia mencionados anteriormente, e como se disse previamente, o mais importante actualmente é a filogenia. O sistema de classificação biologica permaneceu prácticamente inalterado desde 1753 mas a maneira de como as relações entre estes táxon são investigadas mudou drásticamente nas últimas décadas. Hoje em dia, os investigadores elaboram uma classificação com base nos resultados de análises filogenéticas usando dados de sequencia de ADN. Estes resultados permitem-nos estudar a relação evolutiva entre grupos de organismos. Por exemplo, no caso das microalgas, para uma melhor classificação, junta-se a analise filogenética com analises morfologicas e toxicologicas ou fisiologicas. Na sistemática biologica como um todo, as análises filogenéticas tornaram-se essenciais na pesquisa da árvore evolucionária da vida ainda que para muitas espécies ainda se tente encontrar quais os melhores marcadores genéticos para se poder definir a relação entre espécies (5). Ainda que seja de bastante importância, e muitas vezes considerada fundamental para a moderna sistemática, as analises filogenéticas não são obrigatorias para a descrição de novos táxons e para o seu posicionamento dentro de um esquema de classificacao.

Desde seu advento que os taxonomistas têm estado empenhados em revisar as propostas de classificações pré-existentes de modo a atender à filogenia. Frequentemente relações insuspeitas entre seres ou grupos de seres são descobertas conduzindo a grandes revisões nas classificações (4). Tem sido muito útil também para esclarecer o mais correto posicionamento de espécies e gêneros cuja morfologia tornava difícil uma decisão sobre sua melhor classificação.

 

 

Bibliografia:

 

  • Kosakyan, A., Gomaa, F., Lara, E., Lahr, D.J.G. (2016) Current and future perspectives on the systematics, taxonomy and nomenclature of testate amoebae. J. Protistology 55:105-117.

 

  • Ride, W.D.L., Cogger, H.G., Dupuis, C., Kraus, O., Minelli, A., Thompson, F.C., Tubbs, P.K. (1999) International Code of Zoological Nomenclature. Cromwell, London

 

  • McNeill, J., Barrie, F.R., Buck, W.R., Demoulin, V., Greuter, W., Hawksworth, D.L., Herendeen, P.S., Knapp, S., Marhold, K., Prado, J., Prud’homme van Reine, W.F., Smith, G.F., Wiersema, J.H., Turland, N.J. (2012) International Code of Nomenclature for algae, fungi and plants (Melbourne Code) adopted by the Eigh- teenth International Botanical Congress Melbourne, Australia, July 2011. Regnum Vegetabile 154 :1–240

 

  • John, U., Litaker, R.W., Montresor, M., Murray, S., Brosnahan, M.L., Anderson, D.M. (2014) Formal revision of the Alexandrium tamarense species complex (Dinophyceae) taxonomy: The introduction of five species with emphasis on molecular-based (rDNA) classification. Protist 165: 779-804.

 

  • Litaker RW, Vandersea MW, Kibler SR, Reece KS, Stokes NA, Lutzoni FM, Yonish BA, West MA, Black MND, Tester PA (2007) Recognizing dinoflagellate species using ITS rDNA sequences. J Phycol 43 :344–355

 

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