Conceito de Stepping stones (Ecologia)
Stepping stones é um termo inglês que designa um dos métodos usados para restaurar a conectividade entre habitats. O termo deve a sua origem às pedras que se encontram no meio de riachos e que permitem a passagem para a outra margem.
No contexto da ecologia, estas estruturas correspondem a uma tentativa de ligar espaços que um dia se encontraram unidos, mas que devido à construção de estradas, prédios e outras infraestruturas urbanas, perderam a conectividade entre si. Este conceito está ligado ao conceito, mais abrangente, de corredor ecológico, sendo que muitas vezes as stepping stones correspondem a corredores que foram fragmentados.
As estruturas como as stepping stones podem surgir devido a muitos fatores. Entre eles podem nomear-se:
- Construção de infraestruturas urbanas (prédios, estradas, barragens…)
- Agricultura
- Erosão do solo
- Cheias
- Incêndios
- Qualquer outro acontecimento que de alguma forma possa destruir as ligações entre os habitats
Com o aumento desta fragmentação dos habitats, devido à acção do ser humano, foi necessário encontrar formas de permitir a sobrevivência das espécies e facilitar a conectividade entre os elementos da paisagem. Uma das formas encontradas foi a criação de estruturas como as stepping stones.
Características das stepping stones:
- Estruturas verdes (preferencialmente com espécies autóctones)
- Têm que ser espaços grande o suficiente para servirem de habitat, mas ao mesmo tempo não demasiado grandes que se confundam com corredores
- Áreas que se encontram separadas no espaço
- Apesar de separadas no espaço, são áreas que se encontram a uma distância próxima o suficiente para que ocorra comunicação
- Facilitam a movimentação das espécies entre espaços desconectados
- Comportam-se como habitat e refugio para espécies com menor mobilidade (alguns insectos, por exemplo)
As stepping stones, ao contrário dos corredores ecológicos, encontram-se dispersas na matriz da paisagem, não estando fisicamente ligadas, no entanto, funcionam como pontos de ligação entre habitats que se encontram dispersos, permitindo a dispersão das espécies, favorecendo assim a dispersão das características genéticas.
Exemplos de estruturas que se enquadram no conceito:
- Jardins públicos no meio das cidades
- Parques nas cidades
- Jardins privados
- Canteiros (nas estradas ou mesmo verticais)
- Taludes no meio das estradas
- Terrenos abandonados (baldios)
Estas estruturas melhoram as condições de heterogeneidade da paisagem, o que favorece a diversidade de seres vivos ai presentes, além de permitir uma melhor qualidade de vida nas cidades. Por outro lado, estes espaços podem levar as espécies a locais que não possuem as condições necessária para a sua sobrevivência, prendendo-os nesses locais devido à falta de condições para que estes indivíduos continuem a movimentar-se no espaço.
A eficácia de uma estrutura como as stepping stones deve-se não só ao tamanho e forma estrutural da mancha, mas também do tamanho e da capacidade de dispersão dos indivíduos que o utilizam, como tal, um grupo de estruturas verdes pode servir como stepping stone para uma dada espécie e não o ser para outra.
Devido aos problemas de fragmentação que vão surgindo é de grande importância a continua pesquisa, estudo e monitorização destes espaços, de forma a torna-los cada vez mais eficientes na proteção ambiental.
References:
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