A macroevolução é o processo evolutivo que conduz à formação de espécies e à radiação em diferentes linhagens, ou cladogénese. As radiações de linhagens biológicas podem ter origem em eventos diversos como: disponibilização de um novo nicho ecológico, eventos transgénicos, modificações nos processos de desenvolvimento que resultam em novos planos de organização corporal, alterações no cariótipo como a poliploidia ou politenia, alterações a nível geológico que modificam a distribuição das espécies, ou em extinções em massa seguidas de proliferações de espécies. Note-se que, o evento que levou à extinção dos dinossauros, por exemplo, permitiu a abertura de novos nichos ecológicos que tornaram possível a diversificação dos mamíferos que se seguiu.
As extinções em massa
As extinções em massa que ocorreram ao longo da história da vida na Terra moldaram a evolução de diversos grupos de organismos de uma forma imprevisível. As extinções biológicas de maiores magnitudes extirparam a maioria das formas de vida que ocorriam na Terra em cada uma dessas épocas. Durante a transição do Pérmico para o Triássico, por exemplo (aproximadamente há 250 Ma), 85% das espécies marinhas foram extintas, no entanto, desconhece-se que algum filo tenha sido completamente extinto desde o início do Câmbrico.
As extinções em massa constituem, assim, forças motrizes da macroevolução com a capacidade de extirpar num ‘breve’ período de tempo (‘breve’ à escala geológica) uma série de linhagens e de espécies.
Padrões evolutivos em taxa superiores
Contrariamente à microevolução, a macroevolução é uma mudança evolutiva que ocorre de forma rápida e não gradual e que produz alterações nos padrões evolutivos em taxa superiores ao da espécie. O registo fóssil indica que os eventos de especiação (formação de novas espécies) tendem a ser rápidos e que o número de espécies tem aumentado, provavelmente, de forma exponencial desde o final do Proterozóico. A diversificação de espécies é interrompida por episódios de extinção massiva, aos quais se seguem eventos de especiação rápida e de radiação de taxa superiores. Assim, a macroevolução altera a homeostasia dos fundos genéticos das populações, dando início a processos de especiação sem qualquer relação com a acção da selecção natural sobre a evolução dos genomas ou sobre a adaptação das populações ao meio ambiente.
Portanto, os processos de microevolução (selecção natural, por exemplo) são graduais e actuam ao nível dos indivíduos e das populações, mantendo uma continuidade no fundo genético das mesmas, enquanto a macroevolução (especiação ou extinção, por exemplo) ocorre ao nível das espécies e das linhagens e altera de forma imprevisível o seu fundo genético.
A ideia de que as espécies permanecem relativamente inalteradas, do ponto de vista fenotípico, ao longo de milhões de anos e de que estes períodos de estabilidade são intercalados por eventos de especiação que se desenrolam em apenas alguns milhares de anos, é a base de uma teoria designada por ‘Modelo do Equilíbrio Pontuado’, formulada pelo biólogo evolucionista Stephen Jay Gould e pelo paleontólogo Niles Eldredge, em 1972. De acordo com estes cientistas, uma evolução gradual das populações como a que ocorre durante o processo de microevolução não seria suficiente para justificar a evolução da vida na Terra, dado que, as espécies tendem a permanecer inalteradas ao longo do tempo. Assim, as alterações fenotípicas significativas que surgem afectando espécies ou taxa superiores, resultam de rápidos episódios de especiação, localizados e pouco frequentes.
References:
- Mark Jobling, Edward Hollox, Matthew Hurles, Toomas Kivisild, Chris Tyler-Smith. (2013) . Human Evolutionary Genetics. Garland Science.
- Brusca, Richard C. and Brusca, Gary J. (2002). Invertebrates. Sinauer Associates, 2ª Edição.
