A Leishmaniose é uma doença infecciosa causada por diversas espécies patogénicas de protozoários do género Leishmania (reino Protista). É conhecida essencialmente pela sua prevalência em canídeos e roedores, contudo, pode afectar diversas espécies animais, incluindo o Homem.
Transmissão de Leishmaniose
A Leishmaniose é transmitida por um de dois dípteros, Phlebotomus spp. ou Lutzomyia spp. (Figura 1), mas apenas pelas fêmeas de cada espécie vectora: estas, quando grávidas, necessitam de alimento para que os ovos se desenvolvam e, ao ingerirem sangue de um indivíduo infectado com Leishmania, passam elas também a estar infectadas. Os principais reservatórios de Leishmania spp. são grupos de cães e roedores ou mesmo de humanos em áreas com elevada incidência da doença.
O patogénio é adquirido pelo vector num estadio amastigótico (Figura 2), isto é, não flagelado, imóvel e intracelular, que evolui para promastigótico (Figura 3), flagelado, móvel e extracelular, num período de 4 a 25 dias; decorrido este intervalo de tempo, quando o insecto sealimenta de um novo organismo, inocula o protozoário num novo hospedeiro, onde este completará o ciclo de vida, passando de promastigótico a amastigótico, em cerca de 12-24h, no interior de macrófagos. Uma vez dentro destas células do sistema imunitário, o agente divide-se, induz a lise celular e os novos protozoários infectam novas células.
De todas as espécies de Phlebotomus e Lutzomyia existentes, apenas 10% são vectores para a leishmaniose.
Epidemiologia da Leishmaniose
É sabido que consoante a latitude e a longitude das diversas áreas do planeta, os factores que influenciam a vida nesses locais e, portanto, as condições em que esta ocorre, são diversas. Deste modo, pode justificar-se que diferentes grupos de Leishmania spp. e respectivos vectores abundem de forma discrepante em determinadas regiões. Ainda que fruto de diferentes combinações de espécies de agente patogénico e vector, actualmente, a Leishmaniose é endémica em cerca de 88 países distribuídos por todo o globo (Figura 4), com excepção do sudeste asiático e da Austrália. A sua prevalência é mais acentuada nos países pobres, principalmente nas regiões de África, América Latina, Ásia Central e do Sul, bacia do Mediterrâneo e Médio Oriente, e estima-se que cerca de 350 milhões de pessoas possam estar anualmente em risco de contrair a doença. Contudo, nesse mesmo período de tempo, apenas se registam aproximadamente 12 milhões de casos confirmados de Leishmaniose, 60 000 dos quais fatais. Mas não é só devido à pobreza que estas regiões inter-tropicais e temperadas registam uma elevada taxa de prevalência de Leishmaniose: segundo estudos levados a cabo por Sharma e Singh (2008), é, de facto, nestas regiões que Phlebotomus spp. e Lutzomyia spp. encontram o habitat ideal ao seu desenvolvimento e à sua sobrevivência, pelo que são mais abundantes, o que leva a uma maior disseminação da doença.
References:
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- Sharma U, Singh S. 2008. Insect vectors of Leishmania: distribution, physiology and their control. J Vector Borne Dis 45: 255–272.
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