Um ínstar é um estágio de desenvolvimento que resulta da progressão da larva ao longo do tempo até atingir a sua maturidade sexual, ou seja, é um estágio larval que ocorre entre duas mudas, desde a eclosão da larva até ao fim da última fase larvar. Este processo ocorre nos insetos holometábolos (metamorfismo completo) e hemimetábolos (metamorfismo incompleto) e o termo ínstar serve para identificar o estágio de desenvolvimento da forma larval ou ninfal destes. Nos insetos holometábolos o último ínstar é o período compreendido entre a última fase larval e a fase de pupa e nos insetos hemimetábolos até à fase de eclosão de um imago.
O número de ínstares que ocorre num inseto depende da espécie e das condições ambientais. Os fatores que podem afetar o número de ínstares são a temperatura, a humidade, o fotoperíodo, a qualidade e quantidade de comida, densidade de criação, condição física, herança e sexo são os fatores mais comuns que podem influenciar o número de ínstares. As diferenças entre ínstares podem ser verificadas através de alterações de proporção do corpo, cores, padrões ou de número de segmentos.
No caso do himenóptero parasitoide de ovos Trichogramma australicum, por exemplo, existe apenas uma fase larval, ou seja, apenas um ínstar. Enquanto as larvas da efemeróptera Leptophlebia cúpida passam por um máximo de trinta e quatro ínstares. Embora o mais comum é existirem entre três a oito ínstares, em algumas ordens filogeneticamente mais velhas (Efemeróptera, Odonata, e Plecoptera), onde as larvas foram fortemente esclerotizadas, exosqueletos não expansíveis, número de ínstar é geralmente maior que dez.
Um exemplo de desenvolvimento larval com três ínstares ocorre na Drosophila melanogaster (mosca). A diferença entre o primeiro e segundo ínstar reside no tamanho do aparelho bucal. No primeiro ínstar a entrada dos ganchos da boca são tão pequenos que parecem dois pequenos pontos pretos. No segundo instar os ganchos da boca são maiores e a sua estrutura é mais clara. A diferença entre o segundo e terceiro ínstar está nos espiráculos. No segundo ínstar o espiráculo anterior não é ramificado, enquanto no terceiro ínstar é ramificado. Os espiráculos posteriores do terceiro ínstar têm um anel escuro laranja na sua ponta, que está fracamente presente no segundo ínstar.
No caso da Eacles imperialis (traça imperial), o desenvolvimento larval ocorre em cinco ínstares. No primeiro ínstar as larvas são de cor laranja com faixas pretas transversais. As larvas têm, no segundo e terceiro segmentos torácicos, dois longos, pretos, bifurcados scoli (ramificações longas com pelos) com filamentos brancos finos nas pontas. No oitavo segmento abdominal apresentam apenas um scolus (singular de scoli). Os restantes segmentos abdominais e o primeiro segmento torácico têm scoli mais curtos. As larvas do segundo ínstar são escuras e os scoli são mais curtos em relação ao comprimento do corpo. Há também pelos finos sobre o corpo. Os scoli das larvas do terceiro ínstar são ainda mais curtos em relação ao comprimento do corpo e a pigmentação da cabeça é mais escura. Os scoli das larvas do quarto ínstar continuam a reduzir em relação ao comprimento do corpo e os pelos no corpo são muito mais longos. Neste ínstar podem aparecer larvas com diferentes cores. No quinto ínstar as larvas têm cerca de 75-100 mm de comprimento. São altamente variáveis na cor, desde o castanho-escuro, castanho claro, cor de vinho ou verde. As larvas castanho-escuras apresentam-se marcadas com manchas laranja dorsalmente em torno dos espiráculos. As larvas castanho-claras apresentam manchas brancas em torno dos espiráculos e nas larvas verdes manchas amarelas. Os scoli nas larvas verdes são amarelos. No entanto, as larvas castanhas são mais comuns que as verdes.
References:
- Esperk, T. et al. (2007) Intraspecific Variability in Number of Larval Instars in Insects. J. Econ. Entomol. 100(3): 627-645
- Hall, D. (2014) Imperial moth. Entomology and Nematology Department, University of Florida
- Sojack, B. (1995) Book of Insect Records – Chapter 13 Most Instars. Department of Entomology & Nematology University of Florida