Um organismo exótico é aquele que não ocorre naturalmente num dado local ou região. O conceito exótico opõe-se, assim, ao conceito de nativo ou autóctone, que diz respeito a uma espécie que ocorre naturalmente num dado local.
Dentro das espécies exóticas, há aquelas que se transformam em espécies invasoras. São invasoras as espécies que, além de serem exóticas, alargam a sua distribuição no local não nativo que colonizaram e aí instalam novas populações.
As espécies invasoras são difíceis de controlar porque colonizam rapidamente o novo habitat e distribuem-se de forma ampla pelo espaço, competindo com as espécies nativas. Geralmente, as espécies nativas têm poucas hipóteses de competir com as espécies invasoras e começam a desaparecer à medida que as espécies invasoras aumentam de distribuição.
A introdução de espécies invasoras constitui, desde modo, uma ameaça não só para as espécies directamente afectadas mas também para as espécies que com elas interagem alterando, assim, o equilíbrio de todo uma comunidade biológica e de um ecossistema. As espécies invasoras podem alterar as características químicas ou físicas do ambiente em que se inserem, as cadeias tróficas, a distribuição de biomassa, etc.
As espécies invasoras possuem a grande vantagem competitiva de não terem predadores naturais nas zonas invadidas, proliferando, assim, de forma desordenada e sem mecanismos naturais de controlo ecológico. São também, espécies que, normalmente, possuem poucos requisitos ecológicos (são espécies generalistas ou pouco especializadas) e possuem elevada plasticidade fenotípica, ou seja, grande capacidade de tolerância a elevadas amplitudes nas condições ambientais.
A introdução de uma acácia australiana (Acacia longifolia) em determinadas zonas costeiras do território português, por exemplo, levou a uma alteração da química do solo nesses locais. Esta acácia aumentou a concentração de azoto no solo prejudicando, assim, as espécies nativas que se encontravam já adaptadas a solos pobres neste elemento.
Estima-se que cerca de 25% das espécies de peixes de água doce existentes em Portugal são de origem exótica. Algumas destas espécies representam uma série ameaça à biodiversidade dos sistemas aquáticos e à conservação das espécies autóctones, pela grande adaptabilidade e tolerância que apresentam face às condições ambientais.
Referências bibliográficas
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