O fenómeno de coevolução ocorre quando duas ou mais espécies diferentes determinam a direcção da evolução uma da outra. Evoluem, assim, de forma interdependente.
Isto pode acontecer porque a cooperação é benéfica para ambas as espécies, como é o caso da evolução conjunta das plantas e dos seus polinizadores (animais que dispersam o seu pólen e facilitam a sua reprodução), ou pode ocorrer também porque um organismo vive em dependência do outro, como acontece na relação entre parasita e hospedeiro, só para citar alguns factores que podem determinar o desenvolvimento de relações coevolutivas.
Plantas e insectos que as polinizam
Na relação específica em que uma planta e um insecto polinizador evoluem em interdependência, é comum que as peças bucais do polinizador se vão adaptando, ao longo da evolução, às estruturas da flor que lhe permitem o acesso ao néctar de que se alimenta. Enquanto recolhe o néctar da flor, os grãos de pólen agarram-se ao corpo do insecto e viajam com ele de flor em flor. Como aquele insecto só recolhe o pólen daquela espécie, está garantido que os grãos de pólen só irão fecundar flores da mesma espécie aumentando, assim, o sucesso na dispersão dessa espécie de planta.
Em contrapartida, os insectos que se tornaram altamente especializados para aquela planta são recompensados, visto que, a sua população tem muito mais néctar ao seu dispor porque não existe nenhum outro organismo a competir pelo mesmo recurso.
Coevolução parasita-hospedeiro
Neste caso, a coevolução ocorre porque um organismo parasita vive em dependência de outro organismo, o seu hospedeiro. Os parasitas são dependentes do hospedeiro, visto que, o organismo que os aloja constitui o seu habitat, fornece-lhes alimento e protecção. Deste modo, o parasita tende a evoluir de forma a conseguir perpetuar o benefício que obtém dessa interacção.
Como se trata de uma relação de parasitismo é, por definição, uma relação onde só o organismo parasita obtém benefício. O hospedeiro, pelo contrário, sai prejudicado desta interacção.
No decurso da evolução, o hospedeiro tende a desenvolver recursos que lhe permitam neutralizar ou eliminar a acção do parasita. No entanto, os parasitas tendem também a evoluir de forma a conseguirem continuar a alojar-se e a aproveitar os recursos do organismo do hospedeiro.
Vantagens de parasitas na coevolução
Grande parte dos parasitas possui características inerentes ao seu ciclo de vida e estratégia de reprodução que lhes conferem características que fornecem algumas vantagens na corrida evolutiva com o hospedeiro.
Tomando como exemplo as bactérias, estas evoluem mais rapidamente que os seus hospedeiros, porque, sendo organismos procariotas, possuem um genoma haplóide com interacções menos complexas. O genoma procariota não se encontra envolvido por invólucro nuclear, logo, é mais susceptível à ocorrência de mutações, sendo que, parte delas pode ser vantajosa na corrida de evolução com o hospedeiro. Reproduzem-se normalmente assexuadamente por divisão binária, logo, formam uma nova geração mais rapidamente.
Alguns organismos parasitas desenvolvem adaptações específicas como redução ou regressão de todos os órgãos, com excepção do sistema digestivo e reprodutor, como é o caso das ténias que se alojam no intestino de vertebrados.
Na maioria dos casos, a evolução ocorre de maneira a que o parasita não extinga a população hospedeira. Estão, assim, favorecidos os níveis de virulência intermédios pois, em última instância, não compensa ao parasita extinguir a sua espécie hospedeira.
Referências bibliográficas
Ricklefs, Robert. (2003). A Economia da Natureza. Guanabara Koogan, 5ª Edição.